O professor PhD em Engenharia/Tecnologia Industrial, Paulo Fleming, afirma que existe um déficit muito grande no número de engenheiros de produção.
Jock Dean
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
No fim de semana, o professor PhD em Engenharia, Paulo Victor Fleming, esteve em São Luís para dar aulas em MBAs de Engenharia de Manutenção e Engenharia de Produção para executivos locais em uma escola de negócios maranhense. Durante a visita, ele concedeu entrevista a O Estado sobre a importância deste setor para o desenvolvimento do Maranhão e advertiu que, por causa dos grandes empreendimentos em implantação, o estado necessitará de engenheiros de produção, mecânicos e eletricistas, áreas que menos formam profissionais no setor em todo o país.
Com 30 anos de experiência em Engenharia, Paulo Fleming é taxativo ao afirmar que não há como existir crescimento sem um número satisfatório desse tipo de profissional. Segundo ele, hoje o Brasil forma 32 mil engenheiros por ano. Neste universo, pelo menos 50% são engenheiros civis, mas o país precisa de 60 mil profissionais desse setor saindo dos cursos superiores todos os anos. “Nós temos uma defasagem muito grande no número desses profissionais, sobretudo no Norte e Nordeste do país”, ressaltou.
O Maranhão, que atualmente está recebendo grandes empreendimentos como a Refinaria Premium da Petrobras, a Fábrica de Papel e Celulose da Suzano, a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, ampliação do Porto do Itaqui, além de acréscimo e construção de shoppings da capital, além do engenheiro civil, necessitará de profissionais com especialização nas áreas de produção, mecânica e elétrica, segundo Fleming. “Além disso, especialistas em gestão de processos, manutenção e projetos serão muito exigidos quando estas obras estiverem concluídas e as empresas em pleno funcionamento”, observou.
Para exemplificar a importância desse profissional no desenvolvimento dos países, Paulo Fleming cita a Coreia do Sul que até aos anos 1960 formava 8 mil profissionais por ano. Nos 15 anos seguintes, 80 mil engenheiros saíram dos cursos de graduação sul-coreanos. “E foi a partir dos anos 1980, quando estes profissionais já estavam formados e com experiência no mercado que a Coréia despontou como um dos Tigres Asiáticos”, informou.
Escassez - No caso do Brasil, segundo o professor, a escassez no número de engenheiros é preocupante porque é nos países que estão em franca expansão que eles são mais necessários, sobretudo os civis, que trabalham na construção de estradas, pontes, viadutos, portos, aeroportos, fábricas e grandes edifícios que abrigam indústrias e centros comerciais.
Além do número reduzido de profissionais, Fleming assinalou que as empresas enfrentam ainda problemas na formação. Atualmente, por causa do avanço da tecnologia e das grandes indústrias, o mercado necessita de engenheiros nas áreas de gestão de projetos, produção, manutenção e mecatrônica.
“As nossas instituições de ensino superior formam profissionais muito técnicos e o mercado, além da formação especializada, precisa de um engenheiro que tenha facilidade de liderança, comunicação, gestão e empreendedorismo”, afirmou Paulo Fleming.
Para driblar a falta de profissionais, as empresas estão buscando pessoas de outros países para preencher seus quadros. Quanto à formação, grandes indústrias como a Vale e a Alumar estão investindo em cursos de especialização para os seus profissionais, chegando, inclusive, a financiar os cursos de graduação e especialização de técnicos com vasta experiência nas áreas em que necessitam de mão de obra.
Currículo
Paulo Fleming é PhD em Tecnologia Industrial, pela Universidade de Bradford (Grã-Bretanha), mestre em Engenharia Nuclear e Bacharel em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenador e professor titular do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Salvador (Unifacs) desde 1999, foi o responsável pela implantação dos cursos de Engenharia de Produção (2002) e de Engenharia Mecatrônica (2005), tendo coordenado ambos os cursos por um período de dois anos até a completa implantação do ciclo básico. Coordenador e Professor do MBA em Gestão da Manutenção da Unifacs desde a sua criação em 2003, onde leciona os módulos de Probabilidade e Estatística aplicadas à Manutenção, Confiabilidade e Manutenibilidade de Sistemas, Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC/RCM). Desde 1984 também atua como consultor em Engenharia de Confiabilidade. No Maranhão, ele presta treinamentos para a Vale e Alumar desde 1999 e atualmente é professor convidado de MBAs da Escola de Negócios Excellence (ENE).
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