Grupos folclóricos agitam o Vale Festejar na Lagoa

 

O destaque da noite de sábado foram as tradicionais brincadeiras de bumba meu boi, cujos cantadores deram mostra de força e dedicação

 

Yane Botelho
Da equipe de O Estado

 

A magia do bumba meu boi encantou o público na segunda noite do Vale Festejar na Lagoa da Jansen, em São Luís. A festa no sábado reuniu alguns dos grupos folclóricos mais tradicionais do Maranhão e com eles os cantadores, que soltaram a voz, afinados, apresentando as toadas.

O Boi de Pindaré foi uma das atrações da noite. Do grupo fez parte José Bartolomeu dos Santos, mais conhecido como Coxinho, autor da toada Urrou do Boi considerada o Hino do Folclore Maranhense. O cantador, uma das maiores vozes do bumba meu boi, morreu em 1991, mas outra geração assumiu o posto. Entre eles está Careca de João Câncio, filho de João Câncio, um dos fundadores do Boi de Pindaré.

A noite também teve o Boi de Maracanã, com seu cantador principal Humberto de Maracanã e seus filhos Humberto Filho e Ribinha. Com maracá prateado na mão e chapéu bordado, Humberto de Maracanã, considerado um dos maiores cantadores do Maranhão, agitou o batalhão que ressoava pandeirões, matracas e tambores-onça.

Para o professor Miguel Belo, 26 anos, o vozeirão dos cantadores é o que há de mais emocionante no bumba meu boi. “O timbre é bem característico. Não é algo que se aprende. É algo com que se nasce. Só dá para ser cantador se tiver esse tipo de voz”, disse.

O terreiro do Vale Festejar teve ainda outras atrações. No total, 10 grupos folclóricos participaram da festa. Além dos bois de Maracanã e Pindaré, o Boi da Floresta e o Boi Unidos Venceremos, ambos de sotaque da Baixada, integraram a programação. Convidado a subir no tablado de apresentação, o público arriscou-se a imitar o bailado de índias, cazumbas e caboclos de fita.

Os grupos folclóricos animaram a noite de arraial fora de época até por volta de 1h30. O Boi de Nina Rodrigues, o Boi de São Simão, o Boi Magia e Encanto da Ilha e o Boi Mocidade de Rosário, grupos de sotaque de orquestra, também compareceram ao terreiro.

Crianças - No período de férias, o Vale Festejar oferece muita diversão para as crianças. Além de bumba meu boi e outras atrações folclóricas, tem barraca de brinquedos, balão, bola, algodão doce, churros, pipoca, crepe, sorvete e outras opções. O arraial fora de época vai até o dia 28, sempre de sexta-feira a sábado.

Aos 3 anos, Eros Henrique Pestana é um dos mais jovens matraqueiros de bumba meu boi. Ele toca o instrumento desde os 2 anos. Bate matraca e dança com o gingado de um cazumba. A desenvoltura do menino chamou a atenção de quem participava da festa. O público observou surpreso e admirado. A mãe do garoto, a jornalista Edielck Pestana, 25 anos, afirmou que ele se prepara para acompanhar um grupo de bumba meu boi no próximo ano. “Ainda não decidimos em qual grupo vai sair. Ele adora o cazumba e também a matraca”, relatou.

Mas Eros Henrique Pestana tem Rebeca de Nazaré da Silva Costa como concorrente ao título de mais jovem matraqueiro da cidade. Aos 2 anos, ela ganhou sua primeira matraca na noite de sábado. A menina acompanhou o batuque do batalhão do Boi de Maracanã. Seu pai é o advogado e historiador Raimundo da Silva Costa, 46 anos, membro da Academia Grajauense de Letras e Arte. “Sou grande admirador do folclore maranhense. Até chorei quando entreguei a minha filha essa sua primeira matraca”, disse.