sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Teatro Arthur Azevedo





Teatro Arthur Azevedo
Estilo Neoclássico
(1815 - 1816) São Luís, MA

No início do século XIX, dois habitantes de São Luís resolveram construir um teatro.
Portugueses, ricos e empreendedores, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga escolheram o terreno e, em 1815, no Largo do Carmo, ao lado, as Ruas do Sol e da Paz, e aos fundos, a Travessa dos Sineiros, a construção foi iniciada.
Logo os dois comerciantes portugueses perceberam que, além de empreendedroes, precisariam ser, sobretudo, corajosos. É que no Largo do Carmo predominava, imponente, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e os padres carmelitas, seus proprietários, de forma alguma poderiam adimitir a vizinhança de uma casa de espetáculos profanos.

O obstáculo, crescente a cada dia, tornou-se intransponível, embargando a construção da obra tão ansiosamente esperada pelos maranhenses.
Após inúmeros debates e conseqüentes demoras, a situação cada vez mais complicada, resolveu-se que ao juízo especial caberia a última palavra.

A última palavra foi do Padre Antonio Ferreira Tezinho que condenou a obra a não abrir as portas para o Largo do Carmo. Elas foram abertas então para a Rua do Sol, estreita, pouco ventilada, e o prédio tornou-se acanhado, com acesso difícil e sem possibilidade de estacionamento próprio. Mesmo perdendo a batalha para a ordem do Carmo, os empreendedores e corajosos portugueses, não desistindo da guerra, comemoraram, no dia 1º de dezembro de 1816, a Restauração de Portugal, com um espetáculo gratuito para o povo que conheceu por dentro o Teatro ainda inacabado.

Meses depois, no dia 1º de junho de 1817, oficialmente inaugurado com o nome de Teatro União - homenagem à elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarve - um espetáculo com a Companhia Dramática de Lisboa encantava os maranhenses.
Depois de inaugurado o Teatro União viveu um período próspero, conhecendo o apogeu com seguidas apresentações de companhias européias que saciavam o interesse quase nativo da população de São Luís pela cultura e pelas artes.

Ao apogeu seguiu-se o declínio, conseqüência de má administração e de direção artística deficiente e, de 1841 a 1845, ensaiando uma resistência, o Teatro União foi alugado à Sociedade Dramática Maranhense.
Frustradas as tentativas de sobrevivência, e com um público cada vez mais escasso, a casa de espetáculos, fechada em 1848, foi reaberta quatro anos depois, com o nome de Teatro São Luís. E, na noite de 26 de abril de 1854, o primeiro Baile de Máscaras, por ser um acontecimento inédito, geraria intermináveis discussões e debates entre a população.

Ainda naquele ano, outro fato, acontecido no camarim número um, passaria para a história de São Luís. Com a ampliação do palco, mesmo recuado de seu local de origem, o camarim ainda conserva sua placa de mármore: "Neste camarim nasceu a 21-6-1854 e nele se preparou doze anos depois, a 21-6-1866, para sua estréia no papel da Ingênua ´A Cigana de Paris´, a imortal atriz Apollonia Pinto, glória que o Maranhão projetou para o teatro brasileiro, falecida no Retiro dos Artistas no Rio Janeiro, a 24-11-1937. Hoje seu busto faz parte do teatro, como uma solene homenagem a esta grande atriz.

No governo de Urbano Santos, na segunda década do século XX, o Teatro mudou outra vez de nome em homenagem ao Príncipe dos Teatrólogos Brasileiros, Arthur Azevedo, nascido em Caxias, Maranhão, em 1855, irmão de Américo e Aluísio, que também enriqueceu a literatura brasileira.
Com a chegada do cinema, o Teatro Arthur Azevedo, a exemplo de todas as outras casas do gênero, viu seu público diminuir gradativamente, até quase desaparecer. Era a busca do novo, inevitável.
Inevitável também que se transformasse em cinema, e foi o que aconteceu.

Em 1932, doado ao Município pelo governo de S. Da Mota, assim permaneceu durante anos, voltando ao Patrimônio Estadual em 1965, no governo de Newton Bello. Ainda nesse mesmo mandato, o Teatro Arthur Azevedo passou para as mãos do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura.
Nos últimos anos, o Teatro Arthur Azevedo sofreu várias transformações, algumas cuidadosas, outras nem tanto. Em 1966, a Secretaria de Viação e Obras Públicas, terminou as obras de restauração e o cenotécnico Silvio da Silva Couto encerrou o trabaho de reequipamento cênico. O Teatro foi reaberto em 1968 com a montagem de "Abraão e Sara", por artistas amadores do Maranhão.
Em 1978, a Fundação Cultural do Maranhão e o governo estadual restauraram as instalações e aparelhos de ar condicionado, repararam a pintura e realizaram serviços de limpeza geral.
E, finalmente, em 1993, depois de intensas pesquisas realizadas em estudos fotográficos do século passado, o Teatro Arthur Azevedo readquiriu grande parte de sua cada vez mais longínqua originalidade.

A partir de outubro de 1991, inicia-se uma grande reforma, com a finalidade de reconstituir fielmente todo o esplendor do traçado original do Teatro. Uma iniciativa bem sucedida, que resultou em um dos mais belos teatros do Brasil, ou, até mesmo, do mundo.

Óculos - Característicos da arquitetura neoclássica, estas aberturas ou janelas circulares ou ovais, tinham a finalidade de fornecer iluminação e ventilação para as partes internas das construções.
· Palco - Depois da reforma, foi aumentado em 50% do seu tamanho original. Seus três elevadores dão maior mobilidade à orquestra e aos efeitos cênicos.
· Platéia - Com capacidade para 800 pessoas a platéia durante a reforma foi totalmente restaurada, incorporando conceitos modernos de conforto.
· Foyer - A entrada do teatro foi reconstituída em seus mínimos detalhes, seus lustres tem uma procedência muito original, pertenceram a casa de Epitácio Pessoa, localizada em Recife.
· Salão de Dança - O maior e melhor salão de dança do país, com 250m2 equipado com espelho de 3,5m de altura.
· Camarins - Dez camarins equipados, entre eles uma relíquia, o camarim número 1, onde nasceu a atriz Apollonia Pinto, uma das maiores expressões da arte dramática no nosso país.
· Salão Nobre - Móveis e objetos de época foram restaurados para recompor ao ambiente do séc. XIX. A curiosidade é que para reconstituir o salão foram trazidos lustres de Buenos Aires, que pertenciam ao Cine Odeon, arrecadados após a sua demolição, detalhes importantíssimos que completam a decoração.

· Fachada - o teatro é um dos únicos prédios com fachada realmente em estilo neoclássico, restaurada em seus minúsculos detalhes após a reforma.

Especificações Técnicas...
Modernas tesouras em viga metálica sustentam o novo telhado - com telhas de cerâmica prensada assentadas sobre chapas termo-acústicas impermeabilizadas. Tudo produzido sob rigoroso controle de qualidade.
O prédio, localizado em estreita esquina, ganhou ambiência com a ampliação das calçadas em pedras portuguesas e com o novo calçamento em paralelepípedos da Rua Godofredo Viana.



A iluminação interior e da monumental fachada e do telhado valoriza adequadamente a arquitetura e incorpora o teatro à paisagem noturna da cidade. Além disso, é de se destacar a brilhante solução de iluminação extema criada por Peter Gasper para os lampiões antigos do entorno do prédio.


A fachada ganhou novas e belas cores, que valorizam detalhes decorativos como o fascinante gradil rendilhado das sacadas do salão nobre. Expositores de cartazes de espetáculos e rampas de acesso para deficientes fisicos foram incorporados.

A nova fachada do anexo, em vidro espelhado, proporciona uma resposta contemporânea que enriquece o diálogo arquitetônico.


O foyer, restaurado em seus menores detalhes, ganhou novo piso - de belo desenho - em pedras nobres, ricos lustres de época e incorporou-se ao condicionamento central de ar. Janelas e portas intemas em blindex transformaram o espaço em "vitrine" do Arthur Azevedo.


Uma loja de souvenirs, livros, obras de arte e artigos relacionados a música foi instalada, com entrada independente, à esquerda do foyer. Seu modemo, prático e eficiente mobiliário foi criado pela equipe de arquitetos da Parente Construtora.


A bilheteria, totalmente informatizada, incorporou recursos revolucionários, como a possibilidade de acompanhar, em um monitor, a visão do palco a partir da poltrona escolhida. A bilheteria também tem entrada independente, à direita do foyer.


O salão nobre foi totalmente reconstruído a partir de fotos antigas com o resgate, inclusive de antigos óculos arquitetônicos*. Os móveis e objetos existentes foram restaurados e receberam a companhia de outros móveis de época. Ricas cortinas e raros tapetes completam sua decoração.


O Teatro Arthur Azevedo ganhou um amplo e bem equipado salão versátil, sobre o salão nobre. Paredes espelhadas, barras de apoio, elevação do pé direito, piso em madeira de lei instalado com todo o rigor técnico e tratamento acústico adequado permitem sua utilização para pequenas audições, aulas, ensaios, justificando a nova denominação "versátil" desse espaço.


A platéia, em clássico formato de ferradura, foi totalmente redimensionada. E ganhou detalhes que compõem um deslumbramento.


As poltronas foram restauradas, aproveitando sua estrutura original e incorporando conceitos modemos de conforto obedecer a concepção original do teatro.
· Lustre - Na década de 60, quando o Governo do Estado devolveu ao teatro a sua original finalidade, Marly Sarney o presenteou com um belíssimo lustre, que anos depois recebeu mobilidade, dando aos espectadores dos camarotes mais altos uma ampla visão do espetáculo.

O lustre monumental ganhou mobilidade comandada por equipamentos eletrônicos.


4 canhões a laser, 8 canhões varilight, 240 projetores e nova iluminação de ribalta, tudo controlado por moderníssimos computadores, compõem o melhor sistema de iluminação teatral do Brasil.


Caixas acústicas de alta potência e excelente performance, compactas, ocultas na arquitetura, possibilitam a adaptação para os espetáculos de música popular.
Além disso, a adoção de avançada tecnologia oferece padrões ideais de acústica.

Todos os espaços do Teatro Arthur Azevedo à exceção da cozinha e do refeitório - foram climatizados. Isso significa aproximadamente 15.000m3 de área refrigerada por um sistema a água gelada, uma das tecnologias de refrigeração mais avançadas que existe.
Novos elevadores permitiram a mobilidade de áreas do palco e criaram o necessário - e até então inexistente - fosso de orquestra. Isso exigiu escavações que ampliassem o espaço sob o tablado do palco e a elevação da altura do urdimento.
Um modemo sistema eletrônico de controle de varas de cenário e cidorama proporcionaram uma caixa cênica de mobilidade e agilidade únicas.
A instalação e os equipamentos do estúdio de gravação, em 24 canais obedeceram os padrões mais exigentes de acústica e mais modernos de tecnologia e permitem gravações com avançada qualidade digital.
Equipamento de vídeo de última geração composto de câmeras, ilha de edição com variados e inéditos efeitos e monitores de reprodução com, inclusive, gravação em CD-ROM Digital permitem o funcionamento de um complexo e completo sistema de acompanhamento de espetáculo por todos os envolvidos em sua realização - a partir, inclusive, dos camarins - e o controle rigoroso de qualidade e timing.
A ampliação da carpintaria e da adereçaria, com a construção de urdimento para montagem de cenário e a criação de acesso direto ao palco agilizaram e eficientizaram sua ação.
O novo bar, no anexo, adotou soluções arquitetônicas avançadas e sofisticado acabamento e foi equipado com um monitor gigante que reproduz a ação do palco.
Uma das melhores salas de dança do mundo, com 250 m2, foi equipada com espelhos de 3,6 metros de altura, iluminação especial para aulas e ensaios, circuito interno de vídeo para análise de auto-desempenho pelos bailarinos e cabine de controle para coreógrafo.
Doze camarins foram equipados de acordo com suas destinações, de forma a suprir todas as necessidades de seus ocupantes.
Nova cozinha e novo refeitório foram construídos e equipados para atender à demanda de funcionários e artistas.
Novas e bem planejadas escadas de segurança e moderno sistema de prevenção e combate a incêndios, além de um potente gerador de eletricidade de acionamento automático foram instalados.
O Teatro Arthur Azevedo sempre foi uma das jóias mais raras da arquitetura teatral brasileira.

Antigo Teatro Arthur Azevedo na década de 20 Em pleno ciclo do algodão maranhense, no ano de 1815, dois comerciantes portugueses desejosos de assistirem espetáculos de arte dramática e música lírica de qualidade e em condições adequadas, aqui mesmo em São Luís, a exemplo do que assistiam em Lisboa, decidiram edificar um grande teatro do mesmo porte das casas de óperas da Europa e trazer de lá e do sul do Brasil as grandes companhias. Eram eles Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevão Gonçalves Braga. A planta original do que seria esta grande Casa de Espetáculos, previa uma fachada para a Rua da Paz e a principal para o Largo do Carmo. A igreja reagiu e, com o pretexto de ser anti-religiosa a construção de um teatro ao lado de uma igreja, afrontando seus valores, pediu o embargo da construção. Com uma sentença favorável aos padres carmelitas, o Teatro começou a ser construído em 1816 com sua fachada principal voltada para a rua do sol, com todas as condições negativas que se conhece: o prédio ficou espremido entre outras construções, sendo as ruas da frente e da lateral, de alta circulação automotiva com os barulhos conseqüentes e perturbadores, além das dificuldades para estacionamento. Este teatro não seria o primeiro e sim o quarto a ser construído na cidade de São Luís, entre 1780 e 1816. Todos de pequeno porte e sem os espaços e conforto adequados. E assim, em apenas um ano de construção, entre 1816 e 1817, dois empreendedores privados constroem um prédio de tamanha monumentalidade para a época. Isto há 187 anos e até o presente momento, nenhum outro foi construído pelo poder público igual ou maior e a cidade não tinha nem um quinto da população atual. Edificado em estilo arquitetônico neoclássico, constitui-se no único exemplar verdadeiro desse estilo em São Luís. No Brasil, o neoclássico foi difundido com a chegada da missão artística francesa, trazida por D.João VI em 1816. No Rio de Janeiro, a primeira edificação no estilo neoclássico só ocorreu em 1819. Nascia assim o Teatro União, inaugurado em 1º de junho de 1817, dois anos após a inclusão do Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves, fato que originou o nome do prédio. O projeto era grandioso. Na época, São Luis era a quarta maior cidade do Brasil e os 800 lugares do teatro representavam 5% da população local. Em 1852, o Teatro União passaria a se chamar Teatro São Luiz e, em 1854, serviria de berço para Apolônia Pinto[+], filha de uma atriz portuguesa que entrou em trabalho de parto em pleno teatro. No camarim número 1, nascia uma das grandes atrizes do teatro brasileiro, que já aos doze anos encantava platéias com a peça "A Cigana de Paris". Este mesmo ano é marcado pelo primeiro baile de máscaras de São Luís, à época um evento de grande repercussão. Os restos mortais de Apolônia Pinto estão guardados no próprio Teatro, no piso térreo, em um nicho dá acesso à platéia. Lá, a atriz foi homenageada, ainda, com um busto em bronze e uma placa alusiva à sua brilhante trajetória cultural, localizada no próprio camarim nº 1. O nome Teatro Arthur Azevedo[+], viria na década de 20 em homenagem a um importante teatrólogo maranhense. Desde então, o lugar enfrentou momentos de crise e chegou a funcionar como cinema, além de sofrer restaurações que acabaram por descaracterizar alguns de seus elementos. Na década de 60, o governo do estado pôs fim ao contrato com a empresa cinematográfica que o havia arrendado.

Um comentário:

solteira sim, sozinha nunca disse...

adorei a história do teatro arthr azevedo muito interessante adorei os efeitos que programa usaram?