sábado, 4 de setembro de 2010

Luiza Possi - Uma intensa ventania no Teatro Arthur Azevedo

Luiza Possi

Poliana Ribeiro
Especial para o Alternativo

Nada de brisa leve. Quem esteve no Teatro Arthur Azevedo na noite de quinta-feira (2) para conferir um show intimista teve uma grata surpresa. Os bons ventos de Luiza Possi não passaram incólumes por São Luís. Tal qual um tufão, Luiza Possi se apresentou pela primeira vez na capital maranhense mostrando não apenas talento, mas muito carisma.

Antes de a cantora entrar no palco do TAA, o público teve a oportunidade de conferir o talento da maranhense Natália Coelho. No melhor estilo voz e violão, a cantora selecionou músicas do seu primeiro CD “Regionalíssima”, lançado no ano passado, e canções já consagradas como Aconchego, de Nando Cordel, - famosa na voz de Elba Ramalho -, E o mundo não se acabou, de Assis Valente, além de Terra de Noel¸ do maranhense Josias Sobrinho.

Com um repertório baseado no seu quinto CD “Bons ventos sempre chegam” e em seus trabalhos anteriores, Luiza Possi entrou no palco deixando claro que tinha abandonado definitivamente sua imagem mais pop. Ainda assim, a cantora não soa hermética nem aposta no jeito mais blasé adotado por algumas musas da MPB. Nada contra esse estilo, mas Luiza Possi é efusiva demais para conter seus gestos. Isso ficou evidente no figurino da cantora. Apesar de estar no palco do Teatro Arthur Azevedo, um dos mais tradicionais do país, Luiza optou por esbanjar sensualidade.

Elogios - Sempre conectada ao público, a cantora não poupou elogios à cidade e ao teatro e retribuiu a bela acolhida que teve em São Luís com um show intenso e cheio de vontade. Cantou com a alma músicas autorais como Eu espero, Paisagem, Tudo Certo e Minha mãe - uma singela homenagem à mãe Zizi Possi - e canções de outros compositores como Ao meu redor, de Samuel Rosa e Chico Amaral, e Vou adiante, versão de Chico César para a música do africano Lokua Kanza, incluídas no seu novo trabalho.

Mas foi em suas releituras para músicas famosas que Luiza Possi se agigantou. A interpretação de Cantar, de Godofredo Guedes, incluída no seu quinto CD, foi cheia de emoção em tom quase de samba. Os pontos altos do show foram Tango de Nancy e Folhetim, de Chico Buarque, quando Luiza deu vazão a toda a sua sensualidade, embora mesmo nesses momentos não deixasse de lado o seu bom humor.
O show teve ainda uma inspirada interpretação de Maneiras, de Zeca Pagodinho, cantada quase como um recado certeiro a quem adora reclamar de tudo e se meter na vida alheia. Para os que pensaram que Luiza Possi renegaria os seus hits que viraram temas de novela da Rede Globo, entoou de corpo e alma Tudo o que há de bom e levantou o público ao som de Dias iguais, sua saideira, já com os pés no chão.

“O show foi muito, muito, muito bom! E o Maranhão é incrível... Pé na areia, mar e lua”, escreveu Luiza Possi em seu twitter, poucos minutos após se despedir do público maranhense. Quem deixou preconceitos de lado e prestigiou os bons ventos de Luiza certamente espera que eles não tardem a retornar.
* Poliana Ribeiro é jornalista, especialista em Jornalismo Cultural e mantém o blog

http://roteiroaberto.wordpress.com/

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