sábado, 12 de julho de 2014

Holanda liquida os restos do Brasil


Van Persie marca o primeiro gol da Holanda. / ROBERT GHEMENT (EFE)
Muda agora Brasil
 
10 X 01 em 180 min
 
A Holanda goleou o Brasil por 3 x 0 e ficou em terceiro lugar na Copa do Mundo 2014. A vitória veio com gols de Van Persie, de pênalti, e Blind, ambos no primeiro tempo, e de Wijnaldum, no segundo. Com o resultado, o time de Luiz Felipe Scolari fica marcado como a pior defesa brasileira em todas as Copas, com 14 gols sofridos em sete partidas, a metade dos tentos levados na semifinal contra a Alemanha. A segunda derrota seguida por goleada acabou com o público do estádio Mané Garrincha, em Brasília, vaiando o time.
Para tentar reverter a humilhação pela qual passou na terça-feira, Scolari mexeu drasticamente na equipe. Fez cinco mudanças para povoar o meio campo, saindo do esquema 4-3-3 para o 4-5-1. A linha de frente foi toda alterada, saíram os atacantes Fred, Hulk e Bernard e entraram o centro-avante Jô, o volante Ramires e o meia Willian. As outras mudanças foram na lateral esquerda, com a entrada de Maxwell no lugar de Marcelo, e no meio saindo Fernandinho e entrando Paulinho. Mesmo lesionado, com uma fratura na vértebra, o principal jogador brasileiro, Neymar, reforçou o time, do banco de reservas. A Holanda, por sua vez, teve um desfalque de última hora. O meia Snjeider sentiu uma lesão na coxa durante o aquecimento a menos de 20 minutos para o início da partida. Ele foi substituído por De Guzman.
A derrota brasileira começou com uma falha do juiz logo no início da partida. O capitão Thiago Silva perdeu na corrida para Robben durante um contra-ataque holandês e o derrubou fora da área. O árbitro argelino Djamel Haimoudi, equivocadamente, anotou pênalti. O atacante Van Persie bateu no ângulo esquerdo de Júlio César. Indefensável, Holanda 1 a 0 aos três minutos de jogo.
O Brasil tentou marcar pressão, mas deixava várias espaços, todos aproveitados pela Holanda. Menos de 15 minutos após o primeiro gol, a Holanda voltou a marcar. O lateral Blind aproveitou o rebote de um cruzamento, dominou a bola sem nenhuma marcação dentro da área, ajeitou com o pé esquerdo e fuzilou para o gol com o direito.
O pesadelo dos 7 a 1 parecia estar recomeçando. A equipe brasileira estava toda espalhada pelo campo, quando o ideal era estar mais compactado, como a Holanda fazia. O primeiro chute brasileiro aconteceu aos 21 minutos, quando Oscar driblou dois jogadores e bateu rasteiro no canto direito do goleiro, a bola foi facilmente defendida por Cilessen.
Aos 29 minutos a Holanda mostrou que ainda estava viva. Robben fez sua jogada clássica, caiu pela lateral direita, dominou com o pé esquerdo e cortou o defensor brasileiro. Cruzou para De Guzman, que bateu para fora. O Brasil voltou a apelar aos chutões. A bola dificilmente chegava ao ataque passando pelo meio de campo, o que facilitava a vida da defesa holandesa.
Além de deixar poucos espaços para a equipe brasileira, a Holanda parava os avanços brasileiros com falta. Foram três faltas sobre Oscar na lateral direita. Nas cobranças, bola alta para área ou acertando a barreira, nenhuma levou perigo ao gol de Cilessen.
O time anfitrião não estava perdido apenas dentro de campo, errando várias saídas de bola em sua defesa. Fora dele, jogadores como Neymar, Marcelo e Hulk sempre que podiam davam instruções aos colegas que estavam jogando. A Holanda dominou o primeiro tempo, contando com bons avanços de Blind e Kuyt, ancorados sempre em Robben.


O atacante Neymar Jr., em Brasília. / DOMINIC EBENBICHLER (REUTERS)

Para tentar reverter a desvantagem, Scolari mudou mais uma vez o time. No intervalo sacou Luiz Gustavo e colocou Fernandinho. Os primeiros minutos foram incisivos, mas a Holanda não se entregou e marcou os brasileiros em seu campo de ataque. A primeira chance de gol na segunda etapa foi de Robben, após uma rápida cobrança de falta que virou uma tabela com Blind.
O Brasil tentava reagir, mas, quando não faltava talento, faltava jogador. Paulinho arrancou após uma boa jogada de Oscar e, quando foi passar para a lateral direita, ninguém o acompanhava. Os holandeses, ao invés de atacar, optaram por segurar o time no meio de campo. Tocavam a bola para seu campo de defesa atraindo o Brasil, que não sabia aproveitar as oportunidades.
Felipão botou Hernanes no lugar de Paulinho na tentativa de melhorar a saída de bola. A chance brasileira voltou a aparecer aos 18, quando David Luiz bateu uma cobrança de falta nas mãos de Cilessen. Nesse momento do jogo, o Brasil tinha 58% da posse de bola e havia chutado mais do que a Holanda, 9 x 6. Esses números, porém, não resultaram em gols.
Na metade do segundo tempo, o autor do segundo tento holandês, Blind, precisou ser substituído após um duro choque dentro da área com Oscar. Os brasileiros pediram pênalti, mas o árbitro argelino entendeu que o meia simulou a jogada e, por isso, mostrou o cartão amarelo para ele. Com a retração holandesa, o atacante Hulk entrou no lugar de Ramires. Não adiantou nada.
A defesa holandesa com Vlaar, De Vrij e Martins Indi não dava espaço para os atacantes brasileiros. Sempre que uma bola era recuperada, os holandeses a trabalhavam no meio de campo Clasie, Wijnaldum e De Guzman tocavam de lado até achar Robben, que só avança quando estava bastante seguro. Aos 36 minuto, o atacante do Bayern se jogou na área e pediu pênalti. Dessa vez, o árbitro não deu.


Jogadores brasileiros lamentam a derrota. / VANDERLEI ALMEIDA (AFP)

A Holanda voltou a levar perigo aos 41 minutos, quando Kuyt cabeceou para o gol uma cobrança de escanteio. A bola foi para fora. Daí para frente, o estádio era só vaias e gritos de olé para a Holanda. Era o combustível que faltava para Robben fazer mais uma boa jogada de linha de fundo e cruzar para Wijnaldum finalizar. Era a pá de cal no túmulo brasileiro.
Com o jogo já definido, a transmissão da FIFA mirou para o banco de reservas brasileiro. Nele estavam desolados quatro jogadores que eram titulares absolutos de Scolari: Marcelo, Fred, Daniel Alves e Neymar, o único que saiu do time por lesão, não por opção do treinador. Todos pareciam não acreditar que a Copa das Copas terminaria com outra goleada.

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