terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

China decide manter proibição à atracação de cargueiros Valemax

Navios são carregados em Ponta da Madeira (MA) e em Tubarão (ES) com minério de ferro extraído de Carajás (PA). 


SÃO PAULO - A China irá permitir que apenas navios com capacidade até 250 mil toneladas de peso morto atraquem em seus portos a partir de 1º de julho, disse o Ministério do Transporte, banindo de vez os cargueiros gigantes da mineradora brasileira Vale, que já estavam proibidos de entrar nos portos do país desde janeiro de 2012.
De acordo com a agência de notícias Reuters, este será o mais recente revés para a maior produtora de minério de ferro no mundo, que esperava que a China, seu principal comprador, retirasse a proibição colocada em prática para proteger os armadores nacionais.
A Vale investiu mais de US$ 2 bilhões para construir diversos navios de carga com 400 mil toneladas de peso bruto, os chamados Valemax, para reduzir o custo de transporte para a China.
Os principais rivais da Vale, Rio Tinto e BHP Billiton, operam na Austrália e têm mais vantagem no custo do frete marítimo, que é mais curto.
A expansão dos portos chineses tem sido "irracional" e eles precisam reduzir a capacidade para atender a uma série de requerimentos, incluindo o limite de capacidade máxima de 250 mil toneladas para os navios atracados, disse o Ministério do Transporte em uma declaração publicada em seu website em 10 de fevereiro.
As novas regras vão entrar em vigor em 1º de julho, disse a nota, acrescentando que "cada autoridade portuária deverá orientar as empresas a reestruturarem os terminais de acordo com as regras de desenvolvimento de transporte marítimo de grande porte".
Apesar de a proibição chinesa elevar os custos de frete da Vale, o uso dos cargueiros gigantes não é um problema porque eles podem atracar em outros portos, disse o diretor da consultoria de transporte marítimo Drewry Maritime Advisors, Jayendu Krishna.
"No esquema geral das coisas considerando a distribuição global de minério de ferro, as implicações em custo provavelmente não serão muito grandes", disse.
Há atualmente 30 navios do tipo Valemax em operação, alguns de propriedade da Vale. A empresa afirmou no passado que perdia de US$ 2,00 a US$ 3,00 por tonelada em custos de frete devido à proibição chinesa.
Devido à proibição, a mineradora criou um terminal de transbordo nas Filipinas, em 2012, onde os Valemax transferem o minério para navios menores, que seguem rumo à China.

Único – De acordo com pesquisa feita por O Estado, em abril de 2013, um navio Valemax aportou pela primeira e única vez em um porto da China. O Vale Malaysia (atualmente renomeado para Shandong da Ren) entrou no porto de Lianyungang, na província de Jiangsu. Desde o primeiro Valemax, o Vale Brasil, lançado em maio de 2011, a mineradora tenta atingir o mercado chinês de minério de ferro.
O primeiro carregamento do Vale Brasil, no Terminal de Ponta da Madeira, em São Luís Maranhão, tinha como destino a China, mas acabou desviado para a Europa, por causa do bloqueio aos Valemax.
Assim como o Vale Brasil, o Shandong da Ren também carregou minério em Ponta da Madeira. No Brasil, navios desse porte são abastecidos de minério de ferro vindo de Carajás nos portos de São Luís e de Tubarão, no Espírito Santo.
Os navios da classe Valemax são os maiores mineraleiros do mundo, com peso bruto de 400 mil toneladas e capacidade de carga de até 390 mil toneladas.
Além de Ponta da Madeira e Tubarão, os navios atracam regularmente nos portos de Taranto (Itália), Roterdã (Holanda), Sohar (Omã), Oita e Kimitsu (Japão) e Mindanao (Filipinas), e nas duas estações de transferência de minério da Vale em Subic Bay, nas Filipinas.

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