Alcione faz parte de um time de cantoras brasileiras que, por um motivo ou outro, perde boas oportunidades de mostrar o que sabe bem fazer. Dona de um belíssimo timbre de voz, ela já mostrou que pode fazer o que quiser com este dom. Pra quem tem dúvidas, é só ouvir o disco ao vivo Nos bares da vida, lançado há dez anos. No entanto, o caminho escolhido foi o do samba e ela deu show desde seu primeiro disco, A voz do samba, lançado em 1975. Com o tempo a imagem da sambista brejeira foi sendo trocado pelo da cantora popular adepta da melhor dor de cotovelo. Agora, justiça seja feita: ela sabe dar classe e elegância às dores de amores, mas não só a elas. Isso pode ser mostrado no disco Sabiá marrom – O samba raro de Alcione (Universal). A coletânea, organizada por Rodrigo Faour, junta 20 canções até então inéditas, sobras de estúdio, versões e participações, e dá um prato cheio de excelentes sambas que apontam para várias direções e reafirmam que ótima intérprete a Marrom sabe ser. Logo de início, uma lírica homenagem de Paul Mauriat à maranhense, intitulada Sabiá marrom. “Ei, sabiá marrom, não canta nesse tom. Pode alguém gostar do teu cantar, aí vão de engaiolar”. Esta é uma das três inéditas, que inclui também a hilária Não suje o meu caixão. Também estão presentes as quatro canções lançadas em compacto antes de Alcione estrear em disco: O sonho acabou, Figa de guiné, Tem dendê e Pinta de sabido. Tem até uma composição de Raul Seixas e Paulo Coelho, Planos de papel, trilha do novela O rebu. Leci Brandão divide a excelente Fim de festa, assim como João Nogueira (1941 – 2000) faz um belo dueto em De babado, do mestre Noel Rosa. Terceiro e último convidado do disco, Chico Buarque comparece com O casamento dos pequenos burgueses, pinçada da trilha sonora da Ópera do Malandro. Seja na tristeza de Pôr do sol (sobra de E vamos à luta – 1980), seja no desabafo masculino em Desafio (1973), Sabiá marrom acaba sendo uma excelente apresentação para o público que quer conhecer a cantora além do repertório ralo que tem apresentado ultimamente.
domingo, 29 de dezembro de 2013
Os primeiros cantos da Marrom
Alcione faz parte de um time de cantoras brasileiras que, por um motivo ou outro, perde boas oportunidades de mostrar o que sabe bem fazer. Dona de um belíssimo timbre de voz, ela já mostrou que pode fazer o que quiser com este dom. Pra quem tem dúvidas, é só ouvir o disco ao vivo Nos bares da vida, lançado há dez anos. No entanto, o caminho escolhido foi o do samba e ela deu show desde seu primeiro disco, A voz do samba, lançado em 1975. Com o tempo a imagem da sambista brejeira foi sendo trocado pelo da cantora popular adepta da melhor dor de cotovelo. Agora, justiça seja feita: ela sabe dar classe e elegância às dores de amores, mas não só a elas. Isso pode ser mostrado no disco Sabiá marrom – O samba raro de Alcione (Universal). A coletânea, organizada por Rodrigo Faour, junta 20 canções até então inéditas, sobras de estúdio, versões e participações, e dá um prato cheio de excelentes sambas que apontam para várias direções e reafirmam que ótima intérprete a Marrom sabe ser. Logo de início, uma lírica homenagem de Paul Mauriat à maranhense, intitulada Sabiá marrom. “Ei, sabiá marrom, não canta nesse tom. Pode alguém gostar do teu cantar, aí vão de engaiolar”. Esta é uma das três inéditas, que inclui também a hilária Não suje o meu caixão. Também estão presentes as quatro canções lançadas em compacto antes de Alcione estrear em disco: O sonho acabou, Figa de guiné, Tem dendê e Pinta de sabido. Tem até uma composição de Raul Seixas e Paulo Coelho, Planos de papel, trilha do novela O rebu. Leci Brandão divide a excelente Fim de festa, assim como João Nogueira (1941 – 2000) faz um belo dueto em De babado, do mestre Noel Rosa. Terceiro e último convidado do disco, Chico Buarque comparece com O casamento dos pequenos burgueses, pinçada da trilha sonora da Ópera do Malandro. Seja na tristeza de Pôr do sol (sobra de E vamos à luta – 1980), seja no desabafo masculino em Desafio (1973), Sabiá marrom acaba sendo uma excelente apresentação para o público que quer conhecer a cantora além do repertório ralo que tem apresentado ultimamente.
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