domingo, 17 de novembro de 2013

Em 20 anos, área verde ocupada da Ilha de São Luís aumentou 55%

 
Área de solo ocupado passou de 250 km quadrados em 1988 para 350 km quadrados em 2008.
 
André Lisboa
Da equipe de O Estado
 
A área ocupada no município de São Luís aumentou aproximadamente 55% de 1988 a 2008. O dado expõe que o homem expandiu rapidamente o espaço de sua ocupação diante da área verde na capital em um período de 20 anos, segundo constatou o levantamento mais recente do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), órgão ligado ao Governo do Estado, que reuniu um estudo extenso sobre o território da capital e dos municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, na publicação Situação Ambiental da Ilha do Maranhão.
Em toda a Ilha, que tem 900 quilômetros quadrados, em 1988, a ocupação da área era de 250 quilômetros quadrados, sendo a área de vegetação formada por 600 quilômetros quadrados, com 50 quilômetros quadrados de água superficiais. Até 2008, a área ocupada passou a ser de 350 quilômetros quadrados, o que equivale a 38,9% de sua extensão total. A perda da vegetação no território foi de 25%.
O aumento da área ocupada decorreu do intenso processo de urbanização por que passou e passa a capital maranhense, resultante primordialmente do crescimento de grandes projetos econômicos, como a instalação de projetos industriais da então Companhia Vale do Rio Doce (hoje Vale) e do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar).
O programa industrial transformou a capital em um atrativo para mão de obra e causou a explosão demográfica na Região Metropolitana da Ilha, acelerando o processo de ocupação desordenada e a expansão imobiliária. Outro fator responsável pelo aumento da área de solo exposto foi a exploração mineral e vegetal.

Imagens de satélite - Para a pesquisa de monitoramento da expansão urbana da região, a equipe responsável pelo estudo utilizou imagens digitais do satélite Landsat 5TM, no período de 1988 e 2008. Eles compararam mapas que descrevem as áreas de dunas, águas superficiais, área com vegetação e área ocupada/solo exposto.
Foram usadas duas camadas de leitura para permitir identificar a área com vegetação e a outra, para apontar o espaço de ocupação e solo exposto, definida pela região usada pelo ser humano no processo de urbanização. Com base nesses pontos, foram calculados os números apresentados pela pesquisa, com uma margem de erro de 5%.
A delimitação entre os municípios foi a mesma adotada pelo IBGE para a recontagem do Censo de 2010, preparada pelo Imesc, com acompanhamento dos líderes das quatro prefeituras, mas que ainda não são as demarcações legais.

Expansão - Apesar de dobrar de tamanho em 20 anos, o município de São Luís foi o que menos cresceu em ocupação de terra em relação a São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar. Segundo o consultor ambiental do Imesc, o geógrafo José de Ribamar Carvalho dos Santos, um dos técnicos que trabalharam no estudo, o crescimento da área ocupada pode ser considerado extremamente elevado. "Em 20 anos, ter uma perda de 100 quilômetros quadrados de vegetação é algo espantoso", disse ele.
O estudo do Imesc constatou que a Ilha de São Luís passou por um intenso crescimento populacional, que acarretou transformações e alteração da dinâmica local. A mudança no panorama da ocupação de solo na região foi causada pela instalação de novos bairros como Cidade Operária, Cidade Olímpica, Vila Sarney, Sacavém, Tibiri, Anjo da Guarda, Vila Nova, Sá Viana, Maiobão, Cohatrac, Cohama, Matinha e Tirirical. Foram espaços ocupados por vilas, conjuntos habitacionais, novos espaços de moradia e instalações de centros comerciais.
Ainda foi percebida a expansão do Araçagi, que acompanha o crescimento ao longo da Avenida Hilton Rodrigues e da MA-203 (Estrada da Raposa), com o surgimento de bairros mais recentes, decorrente de novos empreendimentos e levantamento de condomínios imobiliários, de loteamentos, como a Morada do Sol, ou de invasões, como a Vila Bob Kennedy. A expansão do solo acompanhou ainda o traço das rodovias estaduais MA-201 e MA-204, que perpassam e interligam todos os municípios da Ilha.

Verticalização causa menor expansão de ocupação em SL


A ocupação de solo se expandiu menos em São Luís porque boa parte do território do município já havia sido ocupada ao longo de seus quatro séculos de existência, e também por causa da verticalização dos imóveis, iniciada no fim da década de 1980.
A grande ocupação histórica das terras no município de São Luís e a confusa delimitação e urbanização da capital nos últimos anos, levaram os municípios periféricos - São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa - a crescerem intensamente. São Luís é a cidade da Ilha com maior densidade demográfica - relação entre população e superfície de território. De acordo com o último censo, há 1.014.837 habitantes na capital, enquanto em São José de Ribamar há 163.045; em Paço do Lumiar, 105.121, e em Raposa, 26.327.
A falta de espaço na cidade de São Luís levou Paço do Lumiar a aumentar em 380% sua área de ocupação e solo exposto de 1988 a 2008. Em São José de Ribamar, o crescimento foi de 160%, enquanto em Raposa, a área ocupada expandiu-se em 60%.
Ocorreu que a demanda populacional de São Luís estendeu-se desordenadamente para as áreas mais próximas. "Em São Luís, o município já estava ocupado. A perda acaba sendo menor por causa disso. Em Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar, que eram áreas ainda com muito verde, houve esse grande aumento, que pode estar intimamente ligado com o avanço imobiliário para esses outros municípios e certamente decorre do avanço do uso do solo pelos nossos moradores", disse o geógrafo José de Ribamar Carvalho dos Santos.

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