Fiema debate Lei dos Portos com empresários do estado
13º Encontro com Empresários realizado ontem na sede da Fiema, em São Luís, trouxe especialista no setor portuário.
Cezar Scanssette
Editor de Portos
Editor de Portos
Sob o tema A nova lei dos portos e os impactos na logística
maranhense, foi realizado ontem o 13º Encontro com Empresários, no Salão Nobre
da Casa da Indústria Albano Franco, sede da Federação das Indústrias do Estado
do Maranhão (Fiema), na Cohama. Para o evento, foram convidados o consultor em
projetos de investimento e logística João Emílio Freire Filho, da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), e o engenheiro naval Nelson Luiz Carlini,
presidente do Conselho de Administração da LogZ Logística Brasil S.A.
O encontro foi aberto pelo primeiro vice-presidente da entidade,
Francisco de Sales Alencar, representando o presidente da Fiema, Edilson Baldez.
Em seu discurso, Sales Alencar enfatizou a importância do setor portuário
maranhense no cenário logístico nacional, devido a sua proximidade com o Canal
do Panamá, o que se traduz em vantagem competitiva em relação a outros portos do
país, principalmente do Sudeste e Sul.
“Acreditamos que investimento em portos pode dar mais
competitividade à economia do estado e a Fiema trabalha para ampliar essa
característica na indústria maranhense”, comentou Sales Alencar.
De acordo com dados da Fiema, atualmente a pauta de exportação
do Maranhão tem 43 produtos e dos US$ 3 bilhões em commodities exportadas por
empresas que atuam no estado, cerca de US$ 1,53 bilhão são de produtos que
sofreram algum tipo de industrialização. No caso das importações, a análise da
pauta indica que há mais de 100 produtos sendo desembarcados nos portos
maranhenses. Este mercado movimenta mais de US$ 7 bilhões em mercadorias
estrangeiras, dos quais US$ 6,89 bilhões são de produtos industrializados.
Especialista – De acordo com Nélson Carlini, a atual Lei dos
Portos representa a abertura de oportunidades para a iniciativa privada em todo
o país e, no caso do Maranhão, a possibilidade de o setor produtivo investir no
setor portuário e aumentar a pauta de exportação do estado.
“O Maranhão é privilegiado geograficamente, mas ainda há muito a
ser investido em logística. Por isso, é o momento de o empresariado pensar em
investir em terminais privados e movimentar a economia, pois a nova Lei dos
Portos abriu espaço para este tipo de empreendimento”, comentou Carlini.
Nélson Carlini ressaltou que, atualmente, o sistema portuário
maranhense movimenta mais de 95% de cargas vindas de outros estados, no caso das
exportações, referindo-se ao minério de ferro extraído de Carajás (PA), que é a
principal commodity da pauta portuária local, com certa de 95 milhões de
toneladas por ano. Em sua análise, o empresariado e as indústrias instaladas no
estado têm, com a nova Lei dos Portos, a possibilidade de aumentar a produção
local e investir em infraestrutura logística para elevar o volume de
exportações.
“É preciso planejar para desenvolver novas cargas e ter
estratégia para atrair cargas já existentes para os portos do Maranhão. Qualquer
projeto novo no estado tem potencial, mas é preciso ter disposição e
planejamento para começar a transformar um projeto em realidade”, disse
Carlini.
Cabotagem – Para o consultor João Emílio Freire Filho, a
navegação de cabotagem pode ser uma saída para desenvolver o segmento portuário
no estado. “A cabotagem é uma boa solução, porém ainda é preciso criar algumas
desonerações para tornar os custos competitivos”, ressaltou.
A proximidade com o Canal do Panamá, que está sendo ampliado,
abre boas possibilidades para transformar os portos maranhenses em hubports.
“Outra possibilidade é a transformação do Itaqui em um hubport,
ou seja, transformar a região em uma área de prestação de serviços portuários
concentradora de cargas para importação e exportação. Esta fórmula deu certo em
Hong Kong”, comentou.
Críticas – Em relação aos problemas enfrentados pelo setor
produtivo na área de logística, os dois especialistas convidados para o evento
na Fiema concordaram em vários pontos, como a necessidade de quebrar o monopólio
da mão de obra portuária e dos serviços de praticagem, como forma de diminuir os
custos. Entretanto, os palestrantes alertaram para o fato de que essa quebra de
monopólio depende de um amplo e difícil processo de negociação com o Governo
Federal e com entidades de classe.
No caso dos trabalhadores portuários, segundo os especialistas,
empresas como a Vale e a Alumar investiram na formação de mão de obra, uma
alternativa para a contratação de operários avulsos, caso do serviço oferecido
pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). Segundo os consultores, o ganho para as
grandes companhias é em qualidade do serviço, uma vez que o empregado será
capacitado a operar maquinários e também tecnologia desenvolvida pela empresa em
que trabalha.
Para Carlini, outra vantagem dessa prática para o empresariado é
poder negociar as causas trabalhistas com entidades sindicais centralizadas, de
preferência uma só entidade, em vez do elevado número de sindicatos existentes
atualmente, cada um relativo a uma função do operário no porto, como o
carregador, o arrumador, o conferencista, etc.
Praticagem - Em relação à praticagem (profissionais contratados
para manobrar os navios da área de fundeio até o porto, e vice-versa), segue-se
um raciocínio semelhante ao caso da mão de obra portuária, dizem os
especialistas convidados à palestra na Fiema.
Segundo Freire Filho e Carlini, cada um em determinado momento
de suas palestras, os custos logísticos seriam reduzidos se houvesse o
investimento das grandes empresas na formação de profissionais para realizar o
trabalho que atualmente é exclusivo do prático, uma vez que a profissão de
prático é muito cara para o contratante, dizem os empresários do setor.
Entretanto, os consultores ressaltam que a atividade do prático é regulamentada
por lei e que uma mudança na legislação dependeria de esforços (reivindicações,
negociações) das entidades empresariais e industriais sobre o Executivo e o
Legislativo no âmbito federal.
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