segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Porto do Itaqui pode ser transformado em hubport

Fiema debate Lei dos Portos com empresários do estado

13º Encontro com Empresários realizado ontem na sede da Fiema, em São Luís, trouxe especialista no setor portuário.

Cezar Scanssette
Editor de Portos
 
Sob o tema A nova lei dos portos e os impactos na logística maranhense, foi realizado ontem o 13º Encontro com Empresários, no Salão Nobre da Casa da Indústria Albano Franco, sede da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), na Cohama. Para o evento, foram convidados o consultor em projetos de investimento e logística João Emílio Freire Filho, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e o engenheiro naval Nelson Luiz Carlini, presidente do Conselho de Administração da LogZ Logística Brasil S.A.
O encontro foi aberto pelo primeiro vice-presidente da entidade, Francisco de Sales Alencar, representando o presidente da Fiema, Edilson Baldez. Em seu discurso, Sales Alencar enfatizou a importância do setor portuário maranhense no cenário logístico nacional, devido a sua proximidade com o Canal do Panamá, o que se traduz em vantagem competitiva em relação a outros portos do país, principalmente do Sudeste e Sul.
“Acreditamos que investimento em portos pode dar mais competitividade à economia do estado e a Fiema trabalha para ampliar essa característica na indústria maranhense”, comentou Sales Alencar.
De acordo com dados da Fiema, atualmente a pauta de exportação do Maranhão tem 43 produtos e dos US$ 3 bilhões em commodities exportadas por empresas que atuam no estado, cerca de US$ 1,53 bilhão são de produtos que sofreram algum tipo de industrialização. No caso das importações, a análise da pauta indica que há mais de 100 produtos sendo desembarcados nos portos maranhenses. Este mercado movimenta mais de US$ 7 bilhões em mercadorias estrangeiras, dos quais US$ 6,89 bilhões são de produtos industrializados.

Especialista – De acordo com Nélson Carlini, a atual Lei dos Portos representa a abertura de oportunidades para a iniciativa privada em todo o país e, no caso do Maranhão, a possibilidade de o setor produtivo investir no setor portuário e aumentar a pauta de exportação do estado.
“O Maranhão é privilegiado geograficamente, mas ainda há muito a ser investido em logística. Por isso, é o momento de o empresariado pensar em investir em terminais privados e movimentar a economia, pois a nova Lei dos Portos abriu espaço para este tipo de empreendimento”, comentou Carlini.
Nélson Carlini ressaltou que, atualmente, o sistema portuário maranhense movimenta mais de 95% de cargas vindas de outros estados, no caso das exportações, referindo-se ao minério de ferro extraído de Carajás (PA), que é a principal commodity da pauta portuária local, com certa de 95 milhões de toneladas por ano. Em sua análise, o empresariado e as indústrias instaladas no estado têm, com a nova Lei dos Portos, a possibilidade de aumentar a produção local e investir em infraestrutura logística para elevar o volume de exportações.
“É preciso planejar para desenvolver novas cargas e ter estratégia para atrair cargas já existentes para os portos do Maranhão. Qualquer projeto novo no estado tem potencial, mas é preciso ter disposição e planejamento para começar a transformar um projeto em realidade”, disse Carlini.

Cabotagem – Para o consultor João Emílio Freire Filho, a navegação de cabotagem pode ser uma saída para desenvolver o segmento portuário no estado. “A cabotagem é uma boa solução, porém ainda é preciso criar algumas desonerações para tornar os custos competitivos”, ressaltou.
A proximidade com o Canal do Panamá, que está sendo ampliado, abre boas possibilidades para transformar os portos maranhenses em hubports.
“Outra possibilidade é a transformação do Itaqui em um hubport, ou seja, transformar a região em uma área de prestação de serviços portuários concentradora de cargas para importação e exportação. Esta fórmula deu certo em Hong Kong”, comentou.

Críticas – Em relação aos problemas enfrentados pelo setor produtivo na área de logística, os dois especialistas convidados para o evento na Fiema concordaram em vários pontos, como a necessidade de quebrar o monopólio da mão de obra portuária e dos serviços de praticagem, como forma de diminuir os custos. Entretanto, os palestrantes alertaram para o fato de que essa quebra de monopólio depende de um amplo e difícil processo de negociação com o Governo Federal e com entidades de classe.
No caso dos trabalhadores portuários, segundo os especialistas, empresas como a Vale e a Alumar investiram na formação de mão de obra, uma alternativa para a contratação de operários avulsos, caso do serviço oferecido pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). Segundo os consultores, o ganho para as grandes companhias é em qualidade do serviço, uma vez que o empregado será capacitado a operar maquinários e também tecnologia desenvolvida pela empresa em que trabalha.
Para Carlini, outra vantagem dessa prática para o empresariado é poder negociar as causas trabalhistas com entidades sindicais centralizadas, de preferência uma só entidade, em vez do elevado número de sindicatos existentes atualmente, cada um relativo a uma função do operário no porto, como o carregador, o arrumador, o conferencista, etc.

Praticagem - Em relação à praticagem (profissionais contratados para manobrar os navios da área de fundeio até o porto, e vice-versa), segue-se um raciocínio semelhante ao caso da mão de obra portuária, dizem os especialistas convidados à palestra na Fiema.
Segundo Freire Filho e Carlini, cada um em determinado momento de suas palestras, os custos logísticos seriam reduzidos se houvesse o investimento das grandes empresas na formação de profissionais para realizar o trabalho que atualmente é exclusivo do prático, uma vez que a profissão de prático é muito cara para o contratante, dizem os empresários do setor. Entretanto, os consultores ressaltam que a atividade do prático é regulamentada por lei e que uma mudança na legislação dependeria de esforços (reivindicações, negociações) das entidades empresariais e industriais sobre o Executivo e o Legislativo no âmbito federal.

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