quarta-feira, 24 de julho de 2013

Walcyr Carrasco escreve peça para o ator maranhense Dionísio Neto que é sucesso de público e crítica



D E S A M O R , d e  W a l c y r   C a r r a s c o | 

DESAMOR” é um texto inédito de Walcyr Carrasco escrito especialmente para o ator Dionisio Neto, com quem ele já trabalhou na novela “Morde e Assopra” (Rede Globo) e no espetáculo SEIOS. O texto surgiu de um fato real que aconteceu com o autor ao tomar um taxi com um motorista que fazia michê com seus clientes. O texto surgiu com a necessidade de se falar da complexidade e intensidade das relações humanas. O autor quis retomar o prazer de se contar uma história com começo, meio e fim, com personagens humanos, realistas e que questione e coloque em cena tabus sociais com a temática LGBT. Tendo a metrópole de São Paulo que possibilita o encontro da cidade, o pano de fundo escolhido para o desenrolar do espetáculo foi um bar popular de São Paulo.


O protagonista é um taxista machista, homofóbico, que rejeita a ex-mulher e o filho. Ele está semi-bêbado e conversa com o cliente imaginário, em profunda solidão, relembrando o encontro que acaba de suceder entre os dois.
Durante o transcorrer da ação, vários temas relevantes e contemporâneos são colocados em cena: homossexualismo, amor, preconceitos, homofobia, religiosidade, paixão, condicionamentos sociais, gêneros sexuais, família, entre outros.
Valores sociais são elegantemente discutidos pelo autor, colocando em xeque certezas sobre antigas formas de relacionamentos e tabus sociais com relação as escolhas sexuais dos personagens e de como eles convivem com elas. O autor fez um texto longe de todos os maniqueísmos possíveis. Não existe o bem, nem o mal, apenas o humano.
Cultura erudita e cultura popular fundem-se o tempo todo, sem medo, de forma acessível, nos diálogos dos personagens, bem como a conexão com a dramaturgia contemporânea internacional em sua forma e conteúdo, contribuindo para a modernização da produção teatral, em fusão com a tradição da teatralidade popular, aqui presentes no universo dos personagens e na direção que mistura tom cômico e dramático.
A direção do espetáculo potencializa as situações  sugeridas pelo autor, as diferenças dos personagens, seus conflitos interiores e exteriores, levando ao público poesia, emoção, questionamento social e entretenimento, com graça e inúmeras possibilidades de reflexão sobre a vida e a realidade das metrópoles que nos cercam, em uma direta identificação contemporânea com o público com foco na temática LGBT.
Qualquer maneira de amor vale a pena? Há limites ou regra para o amor? Qual a base para uma família: regras sociais ou sentimentos? Até que ponto um homofóbico é um homossexual enrustido que não se aceita como tal? Nos tempos atuais o amor é o novo tabu, o sexo não.
DESAMOR apresenta uma nova fase do autor Walcyr Carrasco, que namora o universo underground, na contramão de suas famosas novelas, e adentra no obscuro do imaginário sexual de seus personagens, fazendo com que eles exponham tabus sociais e os lancem em contraponto com a moral cristã. Neste emocionante e engraçado monólogo divisor de águas em sua dramaturgia, o autor, em escrita contemporânea seca, visceral e poética, como jamais visto em sua obra, coloca em uma mesa de bar um taxista (Dionisio Neto) que monologa com a memória de um cliente diferente de todos os que tivera até então. 
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O taxista costuma fazer michê com seus passageiros homossexuais para comprar seus bens, sobreviver e pagar suas contas.
A ação passa-se em um boteco sujo, popular, na cidade de São Paulo, onde o personagem, em meio a um solilóquio de pofunda solidão, come pastéis gelados e bebe cerveja quente, lá ele é atendido por uma garçonete que apesar do bom humor, não escapa das patadas do ogro.
Um sujeito machista, com hábitos nojentos, que rejeita o filho que quer aprender a tocar violino, e não gosta de viver, questiona, pela primeira vez, seu modo de vida a partir de uma atitude inusitada de um de seus clientes. Sem abrir mão do humor que é característico ao autor, DESAMOR atinge a catarse ao humanizar o personagem que busca sua redenção, sem temer a emoção, levando o público do riso às lágrimas. Em uma montagem realista que privilegia a direção de ator e a construção detalhista das personagens, por se tratar de um monólogo em sua grande parte, a direção de Lucia Segall utiliza-se de recursos cênicos minimalistas em contraposição com o barroquismo poético, seco e cortante da dramaturgia de Walcyr Carrasco.
Concepção de figurinos, cenografia, iluminação e trilha sonora.
Os figurinos, também realistas, são inspirados em vestimentas de habitantes do bairro paulistano do Brás. Ele usa branco em roupas justas, com pochete, anéis, correntes e crucifixo, ela usa roupas coloridas, e mal ajustadas propositalmente. 
A trilha sonora é composta por música erudita (Bach e Debussy) e popular (Mato Grosso e Matias, Psy e Criolo).
A cenografia ambienta um boteco sujo, com seus azulejos velhos e coloridos, pisos sujos, paredes infiltradas, mesas e cadeiras baratas e uma grande cruz dourada no centro de tudo, evocando o realismo proposto pelo texto.
A iluminação privilegiará a ambientação e os atores, buscando cores comuns nestes botecos, como o verde e a luz fria.
SINOPSE - Em um boteco sujo de um bairro popular na cidade de São  Paulo, taxista machista (Dionisio Neto) que não consegue amar ninguém e faz michê com seus clientes tenta entender a atitude de um dos seus passageiros. Em meio a cervejas e pastéis frios, ele trava um diálogo solitário com a lembrança deste homem nobre que, através de um gesto de generosidade, o faz repensar toda sua trajetória de vida e levá-lo à redenção de seus valores religiosos, sexuais, morais e éticos. Durante o tempo em que passa ali, ele é atendido por uma garçonete (Érica Ribeiro). Sua sofrida história de vida, o filho que rejeita e que quer estudar violino, a ex-mulher que tira-lhe dinheiro, e sua filosofia barata de vida são questionados e seus valores repensados em um texto realista com tom contemporâneo carregado de poesia e emoção, que expões tabus sexuais e religiosos, transformando-os em totem.
D E S A M O R , d e W a lc yr C a r r a s c o

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