domingo, 28 de julho de 2013

Levanta Boi e vai...

Maranhão Vale Festejar se encerra com animação na Lagoa da Jansen

Levanta Boi e vai que é o pro amo ver que Boi também chora, chora de saudades dessa ilha mas promete voltar no ano que vem


No último fim de semana, houve apresentação de quadrilhas, danças e grupos de bumba meu boi.

André Lisboa
Da equipe de O Estado


Os ritmos juninos da cultura maranhense abrilhantaram o último fim de semana do projeto Maranhão Vale Festejar, realizado na Lagoa da Jansen durante todas as sextas-feiras, sábados e domingos deste mês. Foram quatro fins de semana, que levaram aproximadamente 40 mil pessoas ao terreiro, instalado na arena de futebol de areia, no cartão-postal da cidade.
De sexta-feira, dia 26, a ontem, 30 atrações se apresentaram no tablado disposto no centro da estrutura. O projeto é uma realização da Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês, com patrocínio do Governo do Maranhão, da Vale e ainda apoio do Guaraná Jesus e do Sistema Mirante. A diversidade de ritmos e sotaques da cultura junina maranhense passou pelo espaço durante 12 dias de festas. O público pôde conhecer de perto, dos encantos dos personagens mais tradicionais, às inovações trazidas por grupos novos.
O grupo Folia Junina, a Quadrilha Rosa Amarela e o Baile de Caixa abriram a noite do sábado, a noite mais movimentada do fim de semana. Os toques do instrumento percussivo, as modas de violão foram acompanhadas atentas pelos turistas e amantes nativos das brincadeiras juninas maranhenses, que compareceram ao espaço.
Para a maranhense Josélia Silva, a identificação com a animação das brincadeiras e a diversidade são as características que a levaram a comparecer a quase todas as noites do projeto Maranhão Vale Festejar. Por motivo de viagem, ela se manteve fora durante quase todo o período junino oficial, realizado de 14 a 30 de junho, e agradeceu por poder aproveitar um pouco da alegria dos festejos com o Maranhão Vale Festejar. “Como estive em viagem a trabalho boa parte do mês de junho, mal pude ver as brincadeiras de São João. O que salvou foi o Maranhão Vale Festejar. Do contrário, não teria visto nada”, disse a representante comercial.
Se os grupos menores encantaram o público, quando o maior representante do São João do estado – o bumba meu boi - entrou em cena, o público aumentou a intensidade das palmas. As primeiras toadas ouvidas com voz forte e intensa foram do Boi União da Baixada, que mostrou a excentricidade e a tradição do sotaque de zabumba. Criado desde 1999, no Monte Castelo, com uma promessa feita pelo amo Raimundo Miguel Ferreira, o mestre Raimundinho, o grupo mostrou no tablado os encantamentos representados pelos personagens e narrados pelas toadas.
Homenagens aos santos – São João Batista, São Pedro e São Marçal, principalmente –, críticas políticas, belezas naturais, relacionamentos amorosos e dificuldades da vida foram os temas das toadas interpretadas por Mestre Raimundo e seu coro de cantadores. Ao lado de músicos conhecidos e do coral que levanta o boi, ele é o responsável pelas composições do grupo. “Gostamos de lembrar a população em nossas músicas acerca da força que devemos ter para mudar o mundo em que vivemos. Somos responsáveis pela animação do público e gostamos de levar isso para todos”, disse Rosenilde Ferriera, produtora e diretora do grupo.
Nostalgia - Com cadeiras disponíveis para garantir o conforto e ainda com acompanhamento de brigada do Corpo de Bombeiros e pelotão da Polícia Militar para dar segurança, o público aproveitou o “bis” das festas juninas. Participaram da festa senhoras idosas levadas por cuidadores, crianças conduzidas pelas mães em carrinhos de bebês e famílias que saboreavam comidas típicas, doces e outras guloseimas, como arroz de cuxá, torta de camarão, vatapá, carne de sol e algodão-doce.
As crianças maiores aproveitavam para correr de um lado para o outro, soltando bombinhas no espaço bem equipado com piso próprio, para evitar escorregões. O cheiro de pólvora subia ao ar e levava nostalgia aos mais antigos, que mantinham mais atenção no palco. “Estou muito satisfeita com o projeto. É uma oportunidade para apresentar aos turistas que vêm a São Luís nas férias um pouco da riqueza cultural do estado. Agora que vai acabar, ficará só a saudade e a vontade de vir no próximo ano”, disse Margarida Ribeiro, 64 anos, que mora no Monte Castelo.

Bumba-bois de sotaques variados animaram a festa


A diversidade dos sotaques dos grupos de bumba meu boi pôde ser conhecida ainda por meio da apresentação do Boizinho Encantado, formado por moradores do São Francisco, sob a orientação do amo Maurílio Júnior. Os sotaques da baixada, de matraca e da Ilha foram apresentados pelo grupo que cantou toadas ritmadas tanto com o bumbar dos pandeiros quanto com a vibração das cordas da viola. As canções enfocavam principalmente o amor do grupo aos santos da fé católica, principalmente a São Sebastião.
Ao subir ao palco, Maurílio Júnior disse que a única homenagem que fazem é aos santos, porque eles merecem. Arregimentados para isso estavam Catirina, Pai Francisco, burrinhas, vaqueiros campeadores, índias, caboclos de pena. “Não somos um boi de temas. Somos um boi de homenagens, de dedicação e fé. Por isso, há 21 anos estamos aqui, nos apresentando em todos os arraiais da capital”, afirmou ao microfone o diretor do grupo, que já tem sete discos lançados.
Em seguida, subiram ao palco os bois Brilho da Amizade, de Upaon-Açu e o do Bairro de Fátima - todos de sotaque de orquestra. Com os vibrantes metais e maracás, os grupos levantaram o público com composições próprias.
Um dos maiores representantes dos grupos de orquestra de São Luís, o Boi de Morros foi a penúltima atração da noite. Ele conduziu um espetáculo que buscava resgatar lendas da criação do universo, unindo-as ao mundo folclórico do bumba meu boi. As índias sensuais e os índios musculosos são a principal atração do grupo, que já rodou o mundo fazendo apresentações.
Se os pandeirões, maracás e orquestras tiveram sua vez, as matracas ficaram para o grande final, com o grupo do Boi da Maioba. Conduzido pelo cantador Chagas, o batalhão pesado foi a última atração da noite de sábado no Vale Festejar.

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