Júnior Santos
Atraso em obras prejudica quem inaugurou parques eólicos, mas não consegue fornecer energia por falhas no sistema de transmissão
Atraso em obras prejudica quem inaugurou parques eólicos, mas não consegue fornecer energia por falhas no sistema de transmissão
RN se mobiliza para salvar eólicas
Andrielle Mendes - repórter
A notícia de que a Bioenergy, uma das quatro maiores geradoras de energia eólica no país e uma das primeiras a inaugurar parques eólicos no Rio Grande do Norte, transferiria os parques em instalação no estado para o Maranhão devido a problemas no sistema de transmissão de energia, divulgada no último sábado, levou o governo do estado a agendar uma reunião de última hora com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). A companhia, responsável por instalar três das quatro linhas previstas para o estado, não tem conseguido cumprir o cronograma de obras.
A notícia de que a Bioenergy, uma das quatro maiores geradoras de energia eólica no país e uma das primeiras a inaugurar parques eólicos no Rio Grande do Norte, transferiria os parques em instalação no estado para o Maranhão devido a problemas no sistema de transmissão de energia, divulgada no último sábado, levou o governo do estado a agendar uma reunião de última hora com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). A companhia, responsável por instalar três das quatro linhas previstas para o estado, não tem conseguido cumprir o cronograma de obras.
Para tentar resolver o problema e evitar a fuga de investidores, o secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Rogério Marinho, recebe hoje em seu gabinete três técnicos da Chesf ligados as áreas de logística e meio ambiente. O atraso nas obras tem causado prejuízos a quem inaugurou parques eólicos, mas não conseguiu ou gerar ou fornecer energia ininterruptamente por falhas no sistema de transmissão.
A ideia, segundo o secretário, é saber o que está atrasando a instalação das linhas e subestações e tentar agilizar este processo. Diretores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema) também participam da reunião. Em entrevista exibida no último domingo pelo Fantástico (Globo), o diretor de Engenharia da Chesf, José Aílton de Lima, creditou os atrasos à problemas de licenciamento - por isso os diretores do Idema foram convidados.
Embora tenha atribuído o atraso aos órgãos licenciadores, José Aílton reconheceu que a Chesf teria dado um 'passo maior que a perna' participando de tantos leilões. Segundo a reportagem do Fantástico, das 58 linhas de transmissão atrasadas no Brasil, 21 são de responsabilidade direta da Chesf.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última sexta-feira, o presidente da Bioenergy, Sérgio Marques, chegou a afirmar que o grupo transferiria não apenas um, mas os quatro parques em instalação no RN, caso os problemas envolvendo o sistema de transmissão no RN não fossem resolvidos. Com a transferência, o RN perderia de uma só vez R$ 440 milhões - cada parque está orçado em R$ 110 milhões. "Temos apoio do governo estadual, mas não temos retorno do governo federal (que concede as linhas de transmissão e acompanha a instalação). Estamos pedindo (a Agência Nacional de Energia Elétrica) a transferência de uma usina eólica. Caso o atraso persista, levaremos as outras três", afirmou o executivo na última sexta.
Preocupado com o impacto da transferência, o diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) e ex-secretário estadual de Energia, Jean Paul Prates, entrou em contato com o presidente da Bioenergy e conversou a respeito da decisão. O empresário confirmou a possibilidade de transferir os quatro parques, mas aceitou vir ao Rio Grande do Norte encontrar-se com o governo para discutir a situação da empresa nos próximos 15 dias.
Segundo Sérgio, as duas usinas da Bioenergy no RN deixaram de fornecer energia para o sistema nacional 36 vezes em 2012 devido a sobrecarga numa das subestações, o que daria uma média de três interrupções por mês. A interrupção forçada do fornecimento, que somou 68 horas e 14 minutos, lhe rendeu um prejuízo estimado em R$ 227,6 mil. Valor que poderia ser bem maior, caso os outros quatro parques já estivessem em operação. "Não podemos arcar com este tipo de prejuízo", afirmou na última sexta-feira.
Prazo para concluir linhas termina em 2014
O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Alves esteve ontem no Ministério de Minas e Energia (MME) e conversou com o secretário executivo do Ministério, Márcio Zimmermann, sobre os problemas no sistema de transmissão de energia no Rio Grande do Norte e a possibilidade do estado perder os investimentos em energia eólica. Segundo o deputado, Zimmermann ficou 'bastante surpreso' com as informações e apresentou o cronograma de obras da Chesf, responsável por instalar três das quatro linhas de transmissão previstas para o estado. "Segundo o relatório apresentado pelo secretário, as linhas ficam prontas em março de 2014", afirmou o deputado. O Ministério, assim como a Agência Nacional de Emergia Elétrica (Aneel), procurada na última sexta-feira, não informaram o tempo de atraso.
De acordo com Jean Paul Prates, diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) e ex-secretário estadual de Energia, a Bioenergy não é a única prejudicada com as falhas no sistema de transmissão de energia, no Rio Grande do Norte. "O caso da Bioenergy serviu de alerta, mas não pode ser o foco. Existem outras empresas mais quietas, em situação até pior. Empresas que já construíram os parques e estão com as torres paradas por falta de linha de transmissão, como a CPFL", ressalta Prates.
Fonte AQUI
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