Foto: Liliane Cutrim/Imirante
Greenpeace denuncia trabalho escravo ao MPF
Bloqueio de navio cargueiro dura mais de 50 horas. Irregularidades foram denunciadas ao MPF.
SÃO LUÍS - O Greenpeace entregou, na tarde desta
quarta-feira, uma denúncia ao Ministério Público Federal do Maranhão sobre as
ilegalidades encontradas na cadeia de produção do ferro gusa no Estado.
Estavam presentes o padre Dário Bossi, coordenador da rede
Justiça nos Trilhos e Rosana Diniz, do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e
Edmilson Pinheiro, do Fórum Carajás. A denúncia também será encaminhada ao MMA
(Ministério de Meio Ambiente), MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), além da
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos
Deputados.
A partir de uma pesquisa de dois anos, o Greenpeace
identificou uma série de irregularidades e desrespeito à legislação na cadeia
produtiva do ferro gusa no Brasil, como trabalhadores em situação análoga à
escravidão e extração de madeira dentro de Terras Indígenas e Unidades de
Conservação. Estas denúncias foram compiladas no relatório “Carvoaria Amazônia”,
publicado nesta semana pela organização.
“Algumas empresas da região onde se concentram as denúncias já
respondem a uma ação civil pública, porque o carvão que utilizam não têm
certificado de origem”, disse o procurador da República Alexandre Soares, nesta
tarde. “Esse trabalho (do Greenpeace) permite aprofundar a investigação, em que
teremos de responder qual é a origem do carvão e o nome das pessoas
envolvidas.”
Principal matéria-prima do aço, o minério de ferro se transforma
em ferro gusa dentro de fornos alimentados por carvão vegetal. Parte deste
carvão é proveniente do desmatamento ilegal da floresta. O ferro gusa brasileiro
é exportado, principalmente, para a indústria automobilística dos Estados
Unidos.
“O ferro gusa está deixando um rastro de destruição e violência
na Amazônia. Desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e invasão de
territórios indígenas estão na ponta da cadeia desta matéria-prima”, disse
Tatiana de Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Nas vésperas da
votação da PEC do trabalho escravo em Brasília, é preciso que o governo volte
seus olhos a estes rincões do país.”
Protesto
Desde segunda-feira, ativistas do Greenpeace bloqueiam, na baía
de São Marcos, a 20 quilômetros da costa de São Luís, o navio Clipper Hope. O
cargueiro se preparava para atracar no porto de Itaqui e receber mais de 30 mil
toneladas de ferro gusa.
Contratado pela Siderúrgica Viena, apontada no relatório do
Greenpeace como uma das empresas envolvidas nas irregularidades da cadeia da
matéria-prima do aço, o Clipper Hope levaria o carregamento para os Estados
Unidos.
Em esquema de revezamento constante, os ativistas escalam a
âncora do cargueiro para evitar que o navio manobre até porto. Na manhã de hoje,
foi o diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, quem esteve a
seis metros da água, pendurado na corrente. Em março, Paulo Adario foi nomeado
como herói das florestas pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Os ativistas do Greenpeace estão a bordo do navio Rainbow
Warrior, em expedição pelo Brasil para a campanha do Desmatamento Zero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário