Ronaldo Rocha
Da equipe de O Estado
Ensurdecedora. Assim transcorreu toda a homenagem dos motoqueiros a São José de Ribamar, na 26ª edição da Romaria dos Motoqueiros, realizada na noite de sábado, na Região Metropolitana de São Luís. O ritual foi marcado pelo barulho excessivo das motocicletas (por causa da modificação mecânica nas descargas dos veículos), consumo de bebida alcoólica, a falta de capacetes, imprudência e acidentes ao longo do trecho percorrido pelos romeiros. A Polícia Militar estimou a participação de mais de 10 mil motocicletas.
A concentração dos romeiros começou às 20h, na Praça do Rodão, situada em frente à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Cohab. Por causa do evento, um grande congestionamento foi formado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, nos dois sentidos da pista, no trecho que compreende da Forquilha ao elevado da Cohab, que intercede a via com a Avenida São Luís Rei de França. Apesar dos transtornos, não havia agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) para organizar o tráfego de veículos. O fluxo de veículos voltou à normalidade apenas depois das 22h, horário de início da manifestação.
Batedores - A romaria teve apoio de batedores da Polícia Militar, que atuam no Esquadrão Águia, e foi assistida por milhares de pessoas que se posicionaram nas proximidades da Jerônimo de Albuquerque e ao longo da MA-201 (Estrada de Ribamar). Além dos motoqueiros, muitos fiéis aproveitaram a noite para pagar promessas, e seguiam a pé até a cidade balneária. Velas de variados tamanhos, faixas com nomes do santo, camisas com mensagens de fé e miniaturas do padroeiro foram carregadas até o Santuário de São José de Ribamar, uma forma de devoção.
Agradecer por uma graça alcançada foi a motivação de Wendel Diniz Silva, que pela quarta vez participou da romaria. Acompanhado de amigos que integram o Clube de Motociclistas do Maranhão (com sede no Anil) e de sua noiva, ele fez parte do pelotão de frente do ritual. "Em 2008 eu fiz a promessa de que se conseguisse comprar minha motocicleta e me mantivesse com saúde, começaria a participar anualmente da romaria. Promessa é dívida, e no momento que você pede algo para o santo, deve manter sua palavra e cumpri-la", disse.
Karla Martins, de 28 anos, que participou pela primeira vez da romaria, disse que não havia promessa a ser paga. "Como muitos outros, acredito, estou participando mais pela grandeza da romaria, pelo ato religioso. Respeito muito São José de Ribamar, mas sou devota de outro santo", comentou.
Participaram da romaria grupos de motociclistas de vários municípios do Maranhão e de cidades de outros estados do país, a exemplo de Belém, Fortaleza e Teresina. Motociclistas de Balsas, Caxias, Bacabal, Santa Rita, Anajatuba, Itapecuru-Mirim, Pinheiro, Imperatriz, entre outras cidades, também participaram da romaria. "A participação de clubes de motoqueiros de outras cidades mostra a grandiosidade da romaria e sua importância na vida de muitos", afirmou Alan Moraes, idealizador e organizador do evento.
Abusos - Apesar das orientações repassadas pela comissão que organiza a romaria dos motoqueiros, não foi possível evitar os abusos. Houve consumo de bebida alcoólica desde a concentração até a cidade balneária e várias infrações de trânsito, como trafegar na contramão, o que resultou em dois acidentes na Estrada de Ribamar. No primeiro, nas proximidades de Laranjal, um motociclista colidiu de frente com um automóvel. Já no segundo, próximo à entrada de São José de Ribamar, outro motoqueiro, que levava a sua namorada na garupa, bateu lateralmente em outra motocicleta e caiu na pista. A mulher sofreu graves lesões nas pernas e teve de esperar por socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Excesso de velocidade, muito barulho e piruetas foram comuns. A falta de uso de capacete, excesso de passageiros nas motocicletas (algumas motos carregavam três pessoas) e o transporte de crianças chamaram a atenção de quem assistia ao evento. "Acho bonito, mas muito perigoso", comentou a enfermeira Clarimar Santana. "Nós proibimos o uso de bebida alcoólica e a alteração das descargas das motos por causa do barulho, mas muitos não respeitam", justificou Alan Moraes.
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