Wilton Júnior/AE
Fonte: O Imparcial
São Luís – com sua história, suas lendas, suas artes – servirá de tema ao enredo da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, em 2012, ano do quarto centenário da cidade. A escola carioca, campeã do desfile do Rio de Janeiro neste ano, lançará oficialmente o enredo nesta quarta-feira (1), com a presença dos secretários de Estado da Cultura, do Turismo e de Comunicação do Maranhão. Os grupos folclóricos locais Boi Barrica e Boi Unidos de Santa Fé farão, respectivamente, a abertura e o encerramento do evento na quadra da Beija-Flor.
De acordo com Sérgio Macedo, titular da pasta de Comunicação do Estado do Maranhão, a aproximação entre a escola de samba e o secretariado maranhense se deu por intermédio de amigos da governadora Roseana Sarney, os quais, sendo próximos da diretoria da Beija-Flor, lhe transmitiram a informação de que a escola cogitava três possíveis temas para o próximo ano: Angola (país africano de língua portuguesa), Ceará e Maranhão. A conveniência publicitária, turística e cultural dos 400 anos de São Luís levaram a governadora a buscar aproximação com os carnavalescos, o que se deu por meio de Macedo, tendo contato direto com Luis Fernando do Carmo, o Laíla, diretor de carnaval da escola.
Em entrevista a O Imparcial, Laíla contou que seu interesse por São Luís vem de décadas atrás. “Em 1974, no Salgueiro, eu e Joãosinho Trinta havíamos feito um enredo que tinha São Luís como tema”, conta o carnavalesco, referindo-se a Rei de França na Ilha da Assombração, enredo campeão do carnaval carioca naquele ano. “Fiquei impressionado com a riqueza da cultura maranhense, que é algo desconhecido no resto do Brasil. Já era hora de fazermos esse enredo”, afirma.
Laíla esteve em São Luís duas vezes este ano: em março, para ter conversas preliminares com Sérgio Macedo, e neste mês, quando, acompanhado do carnavalesco Fran Sérgio e da pesquisadora Bianca Behrendes, reuniu-se com artistas, estudiosos e representantes de grupos folclóricos do Maranhão. A reunião se deu no Palácio dos Leões e durou cerca de uma hora. Ao longo dos quatro dias em que permaneceu aqui, a equipe percorreu pontos históricos da cidade, tendo como guia, na maior parte das vezes, o estilista Chico Coimbra.
‘Sem estímulo financeiro’, diz Macedo
O secretário de Estado de Comunicação, Sérgio Macedo, afirma que o governo não irá patrocinar o enredo da Beija-Flor. “Mesmo se fôssemos dar algum auxílio, seria um valor muito acima desses R$ 8 milhões”, afirma, contrariando a versão não oficial de que teria sido esse o valor pago à Beija-Flor. No entanto, a princípio a doação não fora descartada: ocorreu, apenas, que os orçamentos das secretarias de Cultura, Turismo e Comunicação já estavam fechados e, assim, não poderiam cobrir esse item. Em seguida, cogitou-se patrocínio por meio de convênio com parceiros do governo estadual, como o São Luís Convention Bureau, mas tal possibilidade mostrou-se igualmente inviável.
“Em termos do que o Maranhão ganha em divulgação de sua cultura, seria até justo pagar algo. Serão, de junho a fevereiro do próximo ano, nove meses de superexposição do nosso estado. Imagine o que será o turismo daqui no São João de 2012”, comenta o secretário. O diretor de carnaval da Beija-Flor, Laíla, também nega o auxílio. “Nós não temos patrocínio nenhum do estado do Maranhão e conseguiremos apoio de empresas privadas”, diz. Tais empresas seriam aquelas que, investindo no Maranhão, têm interesse na divulgação de sua imagem. O governo do Maranhão auxiliaria na mobilização do empresariado.
A São Luís da Beija-Flor
Três coroas lutam pelo desconhecido
De acordo com a sinopse do enredo apresentada ao governo do Maranhão, a Beija-Flor de Nilópolis irá enfatizar o processo inicial de colonização de São Luís, por um lado, e, por outro, a presença do negro na cultura maranhense, refazendo-lhe a história desde os navios negreiros. A escola descreve São Luís nos termos de algo “desconhecido disputado por três coroas”, em referência às nações portuguesa, francesa e espanhola. Essa mescla é que a escola pretende pôr na avenida, mas, segundo seus carnavalescos, sem “carnavalizar” a cultura maranhense, buscando mostrá-la íntegra, e não diluída em samba.
Homenageados
Como de praxe, a Beija-Flor irá homenagear personagens culturais que, expressivas, relacionem-se com o enredo. Assim, pelo menos sete maranhense já foram cogitados, sendo que dois deles seriam levados para a avenida: a cantora Alcione e o carnavalesco Joãosinho Trinta. Entre os falecidos, pensa-se recordar as obras do romancista Josué Montello e do compositor João do Vale. Haveria ainda reverências ao poeta Ferreira Gullar, ao músico e compositor Zeca Baleiro e a Mestre Apolônio, do Boi de Floresta. Embora ainda sem confirmação, é provável que o Boi Unidos de Santa Fé esteja entre os homenageados.
Uma ala para o boi
Inevitavelmente, o bumba meu boi receberá destaque no desfile da Beija-Flor. Dado o compromisso de ser fiel às tradições maranhenses, a escola não pretende desenvolver coreografias com base na dança junina, mas, sim, levar um grupo de bumba meu boi maranhense para dentro da avenida. A ideia inicial é a de que uma ala da escola seja inteiramente composta por um batalhão original de brincantes. A isso, soma-se a iniciativa de instalar dois barracões da escola em São Luís, possivelmente no Bairro de Fátima, para que neles sejam produzidas fantasias com acompanhamento direto de bordadeiras, estilistas e folcloristas locais.
De acordo com Sérgio Macedo, titular da pasta de Comunicação do Estado do Maranhão, a aproximação entre a escola de samba e o secretariado maranhense se deu por intermédio de amigos da governadora Roseana Sarney, os quais, sendo próximos da diretoria da Beija-Flor, lhe transmitiram a informação de que a escola cogitava três possíveis temas para o próximo ano: Angola (país africano de língua portuguesa), Ceará e Maranhão. A conveniência publicitária, turística e cultural dos 400 anos de São Luís levaram a governadora a buscar aproximação com os carnavalescos, o que se deu por meio de Macedo, tendo contato direto com Luis Fernando do Carmo, o Laíla, diretor de carnaval da escola.
Em entrevista a O Imparcial, Laíla contou que seu interesse por São Luís vem de décadas atrás. “Em 1974, no Salgueiro, eu e Joãosinho Trinta havíamos feito um enredo que tinha São Luís como tema”, conta o carnavalesco, referindo-se a Rei de França na Ilha da Assombração, enredo campeão do carnaval carioca naquele ano. “Fiquei impressionado com a riqueza da cultura maranhense, que é algo desconhecido no resto do Brasil. Já era hora de fazermos esse enredo”, afirma.
Laíla esteve em São Luís duas vezes este ano: em março, para ter conversas preliminares com Sérgio Macedo, e neste mês, quando, acompanhado do carnavalesco Fran Sérgio e da pesquisadora Bianca Behrendes, reuniu-se com artistas, estudiosos e representantes de grupos folclóricos do Maranhão. A reunião se deu no Palácio dos Leões e durou cerca de uma hora. Ao longo dos quatro dias em que permaneceu aqui, a equipe percorreu pontos históricos da cidade, tendo como guia, na maior parte das vezes, o estilista Chico Coimbra.
‘Sem estímulo financeiro’, diz Macedo
O secretário de Estado de Comunicação, Sérgio Macedo, afirma que o governo não irá patrocinar o enredo da Beija-Flor. “Mesmo se fôssemos dar algum auxílio, seria um valor muito acima desses R$ 8 milhões”, afirma, contrariando a versão não oficial de que teria sido esse o valor pago à Beija-Flor. No entanto, a princípio a doação não fora descartada: ocorreu, apenas, que os orçamentos das secretarias de Cultura, Turismo e Comunicação já estavam fechados e, assim, não poderiam cobrir esse item. Em seguida, cogitou-se patrocínio por meio de convênio com parceiros do governo estadual, como o São Luís Convention Bureau, mas tal possibilidade mostrou-se igualmente inviável.
“Em termos do que o Maranhão ganha em divulgação de sua cultura, seria até justo pagar algo. Serão, de junho a fevereiro do próximo ano, nove meses de superexposição do nosso estado. Imagine o que será o turismo daqui no São João de 2012”, comenta o secretário. O diretor de carnaval da Beija-Flor, Laíla, também nega o auxílio. “Nós não temos patrocínio nenhum do estado do Maranhão e conseguiremos apoio de empresas privadas”, diz. Tais empresas seriam aquelas que, investindo no Maranhão, têm interesse na divulgação de sua imagem. O governo do Maranhão auxiliaria na mobilização do empresariado.
A São Luís da Beija-Flor
Três coroas lutam pelo desconhecido
De acordo com a sinopse do enredo apresentada ao governo do Maranhão, a Beija-Flor de Nilópolis irá enfatizar o processo inicial de colonização de São Luís, por um lado, e, por outro, a presença do negro na cultura maranhense, refazendo-lhe a história desde os navios negreiros. A escola descreve São Luís nos termos de algo “desconhecido disputado por três coroas”, em referência às nações portuguesa, francesa e espanhola. Essa mescla é que a escola pretende pôr na avenida, mas, segundo seus carnavalescos, sem “carnavalizar” a cultura maranhense, buscando mostrá-la íntegra, e não diluída em samba.
Homenageados
Como de praxe, a Beija-Flor irá homenagear personagens culturais que, expressivas, relacionem-se com o enredo. Assim, pelo menos sete maranhense já foram cogitados, sendo que dois deles seriam levados para a avenida: a cantora Alcione e o carnavalesco Joãosinho Trinta. Entre os falecidos, pensa-se recordar as obras do romancista Josué Montello e do compositor João do Vale. Haveria ainda reverências ao poeta Ferreira Gullar, ao músico e compositor Zeca Baleiro e a Mestre Apolônio, do Boi de Floresta. Embora ainda sem confirmação, é provável que o Boi Unidos de Santa Fé esteja entre os homenageados.
Uma ala para o boi
Inevitavelmente, o bumba meu boi receberá destaque no desfile da Beija-Flor. Dado o compromisso de ser fiel às tradições maranhenses, a escola não pretende desenvolver coreografias com base na dança junina, mas, sim, levar um grupo de bumba meu boi maranhense para dentro da avenida. A ideia inicial é a de que uma ala da escola seja inteiramente composta por um batalhão original de brincantes. A isso, soma-se a iniciativa de instalar dois barracões da escola em São Luís, possivelmente no Bairro de Fátima, para que neles sejam produzidas fantasias com acompanhamento direto de bordadeiras, estilistas e folcloristas locais.
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