Jock Dean
Da equipe de O Estado
Alguns dos nomes mais marcantes da cultura popular maranhense foram homenageados domingo (1º) durante o encerramento da edição 2010 do Maranhão Vale Festejar. A última noite de festa foi marcada também pela alegria e descontração do público, que, apesar do clima de despedida, mais uma vez lotou o arraial montado na Lagoa da Jansen.
Com 85 crianças, a Banda do Bom Menino foi a primeira atração da noite. Misturando música clássica e popular, a orquestra encantou a todos que conferiram a apresentação. “É um trabalho belíssimo e a garantia que nossa cultura será sempre renovada”, considerou a professora Maria do Carmo Sampaio.
Em seguida, os principais cantadores de bumba-meu-boi da Ilha subiram ao palco e mostraram por que o sotaque de matraca é o mais popular no São João. Mané Onça, Valdemar, Zé Torrão, Paulo, Gilmar, Nelson, Zé Raimundo e Humberto de Maracanã cantaram a principal toada de despedida dos seus batalhões sob os aplausos do público, que soube valorizar os baluartes da cultura popular maranhense.
Ao fim das apresentações, todos em coro pediram a Humberto que cantasse “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”. “Eu peço desculpa a todos, pois em estou com a voz abalada em razão da temporada junina e da minha velhice, mas estamos aqui por causa de vocês”, disse o cantador antes de atender ao pedido e cantar sua toada mais famosa com a ajuda de milhares de pessoas que estavam no terreiro.
O sotaque de zabumba, um dos mais antigos do bumba-meu-boi maranhense, foi a atração seguinte, representado pelo Boi de Leonardo. Pessoas da região da Baixada, onde o ritmo se originou, ficaram empolgadas. “Esse é o meu sotaque preferido, tanto que carrego minha zabumba para onde vou, apesar do trabalho que é fazer isso”, afirmou o comerciante Antônio Pereira.
Mas uma figura roubou do Boi de Leonardo toda a atenção do público. Era o pequeno João Guilherme, de 3 anos. Com um chapéu de bumba-boi, ele deu mostras de que tem talento para ser miolo de boi. “A fantasia dele, na verdade, foi feita como decoração do prédio onde moramos, mas quando ele a viu quis para si, e depois que descobriu que podia brincar de miolo com ela não quis mais sair do palco”, disse David Silva, pai da criança.
A próxima atração da noite foi o Boi da Floresta, um dos maiores representantes do sotaque da Baixada. Antes disso, o Vale Festejar homenageou Apolônio Melônio, fundador do grupo, que aos 92 anos é dos nomes mais representativos da cultura maranhense. “Eu espero poder viver mais uns dias para continuar com meu trabalho. Fico muito agradecido pelo carinho de todos. É por vocês que todos os anos fazemos essa festança com o Boi da Floresta”, disse ao receber das mãos de Zé Pereira Godão uma placa de honra ao mérito.
Homenagem - Leila Naiva representou seu pai, Francisco Naiva, fundador do Boi de Axixá, que também foi homenageado na noite de domingo. José Carlos Silveira, que desde a primeira edição do Vale Festejar comparecia a todas as noites de apresentações, recebeu uma homenagem em nome de todo o público. Encerrando as homenagens, o regente da orquestra da Banda do Bom Menino, Ribamar Vieira, foi agraciado pelo trabalho de formação de novos músicos no estado.
Passadas as homenagens e as zabumbas do Boi da Floresta, foi a vez do sotaque mais faceiro e brincalhão tomar conta do terreiro junino da Lagoa. O Boi Meu Tamarineiro, sotaque de orquestra, deu prosseguimento à festa com o lirismo de suas canções, que falavam de amor, da natureza, do luar e das estrelas.
Inegavelmente a atração mais aclamada da noitem o Boizinho Barrica fez um passeio pelas diversas nuances da cultura popular do Maranhão. “Tambor de crioula, ode à Festa do Divino, homenagens aos sotaques de matraca, zabumba, orquestra, dança do coco, cacuriá e quadrilha. Tem de tudo na busca do nosso boizinho pela sua estrela encantada”, disse mestre Pinheiro.
Mostrando que não é apenas o cacuriá que garante toda a sensualidade do São João no estado, o Boi de Morros subiu ao palco já nos primeiros minutos de ontem. Índias e índios deixaram maranhenses e visitantes boquiabertos e foram motivo de muita tietagem ao fim da apresentação. “Vou fazer uma foto com todos os índios para deixar meu marido enciumado, pois ele não quis me acompanhar ao Maranhão”, brincou a catarinense Kátia Veloso.
Encerrando a última noite do Vale Festejar, o Boi de Nina Rodrigues mostrou toda a beleza das suas fantasias e coreografias.
Números
108 Atrações
84 Horas de apresentação
12 Dias de festa
4 Fins de semana de diversão
10 Manifestações folclóricas diferentes
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