Carla Melo
Do Alternativo
O cenário político e econômico do Maranhão do século XIX permeado pela crise econômica na qual o estado mergulhou depois da segunda metade do século XVIII foi o terreno no qual surgiu o chamado “Grupo Maranhense”. Composto por intelectuais que se coadunaram muito mais pelo período temporal do que propriamente por convergências de idéias, o grupo é o alvo da série “Literatura Maranhense em Movimentos”.
Historicamente, o Grupo Maranhense engloba o período de 1832 a 1868. De inspiração neoclássica e romântica, os intelectuais que compuseram este grupo – Odorico Mendes, Sotero dos Reis, João Francisco Lisboa e Gonçalves Dias e outros - não podem ser abrigados sob um mesmo pensamento estético e/ou literário. “Esclareça-se que a denominação Grupo Maranhense, consagrada aos que se movimentaram na cena literária do período, diz respeito muito mais à contemporaneidade, do que a qualquer outro fator de coesão ou convergência estética”, destaca o escritor e pesquisador Jomar Moraes.
O professor e historiador Henrique Borralho, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), estudioso do tema, esclarece que esta idéia de grupo tal qual como se conhece surgiu posteriormente. “O afloramento desses intelectuais surge como uma resposta cultural e social ao caos que se instalou na província com o fim da Balaiada. A necessidade era, então, criar uma idéia de ‘identidade’ maranhense”, destaca Borralho.
E foi a partir dessa busca por uma identidade local - com referências distantes dos portugueses por força da independência, contudo sem romper com os laços europeus - que, nas palavras de Borralho, “uma elite intelectual de São Luís inventa a idéia de uma ‘Atenas Brasileira’”. “A emergência do epíteto de uma Atenas Brasileira pode ser entendida como uma forma de ingresso do Maranhão à nova configuração política e sócio-cultural pela qual passava o Brasil. Tal ideal se esmerava na crença de que a cidade de São Luís, a partir de um número significativo de intelectuais nas mais diversas áreas, teria sido um espaço exemplar de efervescência científica, literária, política, jornalística, educacional em meio à invenção da nação”, explica Borralho.
Já para Jomar Moraes, a expressiva qualidade literária que os escritores do Grupo Maranhense mostraram ao Brasil foi a explicação para o reconhecimento. “No Maranhão, os conterrâneos de Gonçalves Dias (...) dariam ao Brasil, como expressão regional de vida literária, tão eloqüente testemunho de cultura e talento, que logo justificariam, para nosso raciocínio, afeito a comparações com valores do mundo greco-romano, o cognome de Atenas Brasileira”, escreveu o imortal da Academia Maranhense de Letras em seu livro “Apontamentos de Literatura Maranhense”.
O nascimento dessa intelectualidade é possível, nas palavras da professora e historiadora Regina Faria, graças à ida dos filhos de fazendeiros e comerciantes da época para países da Europa, em especial para Portugal. “No Brasil de então, só havia cursos superiores destinados a membros da igreja, por isto muitos iam estudar fora e voltavam com uma bagagem cultural muito grande não só no que diz respeito à literatura, mas também a outros campos do conhecimento”, observa Regina Faria.
3 comentários:
POR ESSA TODA RIQUEZA CULTURAL É QUE NÃO E NEM ACEITA QUE TROQUE ATENAS BRASILEIRA POR JAIMAICA BRASILEIRA.
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Ana paula
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