Canal do Panamá
SANTOS - A ampliação do Canal do Panamá provocará mudanças na logística brasileira de exportação de grãos. A construção de novas eclusas no corredor transoceânico, com previsão de término em 2014, reduzirá em até dois dias o transporte de cargas entre os portos do Norte e do Nordeste e o Leste asiático. As informações são do jornal A Tribuna, de Santos (SP).
A rota pelo Panamá encurtaria o caminho dos grandes navios que partem do Norte do Brasil em dois dias, segundo o consultor de Logística Portuária da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Luiz Antonio Fayet. O especialista afirma que as exportações de grãos mudarão de rota assim que houver portos adequados no Norte e no Nordeste. "Santos, Paranaguá [PR] e São Francisco do Sul [SC] exportaram 21 mi-lhões de toneladas de soja na última temporada", disse. Entretanto, Para Fayet, complexos como os de Itaqui (MA) e Santarém (PA) têm calado e estrutura para grandes navios.
As exportações agrícolas do Brasil devem continuar aumentando nos próximos anos graças ao crescente aumento do poder de compra dos chineses. A tendência é de que eles adquiram cada vez mais alimentos do Brasil especialmente soja, utilizada para consumo próprio e engorda das criações de frango. No contexto das exportações para a China, os portos do Norte e do Nordeste ganham competitividade frente aos demais devido à localização privilegiada em relação ao Canal do Panamá.
Os grandes navios graneleiros que hoje cumprem rotas entre essas regiões e a Ásia precisam, necessariamente, contornar o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança. Uma viagem entre estas regiões e a China, atualmente, demora cerca de 35 dias.
Partindo de Santos e seguindo na mesma velocidade, o navio chega em aproximadamente 30 dias. As eclusas panamenhas em funcionamento hoje limitam o comprimento das embarcações a 294 metros, a boca (largura) a 32 metros e o calado (distância do fundo do casco à linha d'água) a 12 metros. Pelo novo acesso, poderão passar pelo Panamá navios com até 366 metros de comprimento, 49 metros de boca e 15 metros de calado. O maior navio a aportar em Santos, o MSC Laura, possui 301 metros de comprimento e 40 metros de largura.
Contêineres - Com a abertura de uma nova rota pelo Panamá, o segmento de cargas a granel deve atrair de imediato ao Brasil embarcações maiores, mas o mesmo não deve ocorrer com contêineres.
Para o especialista em Logística Leo Tadeu Robles, somente as commodities deverão atrair cargueiros pós-Panamax (que passarão pela obra no Panamá), pois o tamanho dos navios está atrelado ao volume de negociações. "Não haveria tanta mudança nos tamanhos dos porta-contêineres. Não adianta ter navios de 10 mil teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) se ele vai movimentar somente 2 mil teus", disse Robles.
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