Seleção abre as duas mãos para mostrar os nove títulos conquistados na Liga Mundial
(Foto: Reuters)
Brasil vence a Rússia e vira o maior campeão da história da Liga Mundial
Com a ajuda de Dante, maior pontuador da equipe, seleção volta ao pódio e supera a Itália com a conquista do nono título da competição, em Córdoba
Por Carol Oliveira
Direto de Córdoba, Argentina
Houve quem dissesse que o Brasil de 2010 não era o mesmo do de 2009. As palavras que saíram da boca do técnico cubano Orlando Samuels nunca tiveram tanta força. A seleção realmente mostrou mudanças em relação ao último ano. A ausência do líbero Serginho, que operou a coluna, e a permanência de Giba no banco de reservas deram lugar a rostos novos no time titular. Porém, a força do elenco montado por Bernardinho mostrou que, mesmo diferente, a equipe ainda é a melhor do mundo. Com a vitória sobre a Rússia por 3 sets a 1 (25/22, 25/22, 16/25 e 25/23), a bandeira verde-amarela subiu no alto do pódio da Liga Mundial pela nona vez e a seleção ultrapassou o número de títulos da Itália para entrar para a história como a maior campeã da competição.
Seleção abre as duas mãos para mostrar os nove títulos conquistados na Liga Mundial (Foto: Reuters)- A gente sabia que ia ser um jogo truncado. Eles entraram com saque muito forte, mas o time demonstrou paciência. Nossa vitória foi suada como sempre. A essência do grupo continua. Temos 14, 16 jogadores que podem entrar em quadra e mudar um jogo a qualquer momento - disse Dante, que foi o maior pontuador do time, com 18 acertos, dois a menos que Mikhaylov.
A campanha na fase final começou com uma vitória tensa sobre a Argentina. Os donos da casa, que terminaram a participação no campeonato apenas com derrotas, deram trabalho para a seleção, levando o jogo ao tie-break. Na sequência, a reedição da final da última Liga contra a Sérvia mostrou o equilíbrio entre as equipes e foi vencida também no set decisivo. Já na semifinal, o time de Bernardinho superou a marra do técnico Orlando Samuels e bateu Cuba por 3 sets a 1.
Daqui a exatos 60 dias, o Brasil volta à quadra para iniciar seu caminho rumo ao terceiro título consecutivo do Campeonato Mundial. A seleção está no Grupo B e enfrentará Cuba, Espanha e Tunísia, seu adversário de estreia, na primeira fase, em Verona (Itália), a partir de 24 de setembro.
Brasil força o saque e assusta os russos
Dante passa pelo bloqueio russo (Foto: EFE)
As cerca de trinta pessoas que torceram para o Brasil nos primeiros jogos se multiplicaram nas arquibancadas do Orfeo Superdomo neste domingo. Quase três mil torcedores gritaram pela seleção no início do jogo e incentivaram o time que teve duas mudanças na equipe titular, com Théo e Marlon, substituindo Vissotto, machucado, e Bruninho.
Para responder ao apoio da torcida, o Brasil entrou em quadra vibrando com cada ponto. Com saque forçado, a seleção ignorou os gigantes russos e subiu no bloqueio para parar o ataque adversário, que só pontuava com Mikhaylov. A recepção também na mão de Marlon facilitou o trabalho de Théo e Dante, que aproveitou sua experiência no vôlei do país rival para discutir, no idioma deles, sobre bolas polêmicas, situação que se repetiu algumas vezes no primeiro set.
No forte saque de Murilo, a recepção russa explodiu e Dante cravou de xeque duas vezes consecutivas. Bernardinho subiu a rede com a entrada de João Paulo e Bruninho no saque. As entradas não surtiram o efeito desejado, já que Volkov conseguiu um ace e mais um ponto de contra-ataque para a Rússia. Marlon voltou e tentou uma bola de segunda, mas foi pelas mãos de Théo que a parcial terminou em 25 a 22.
- Cada título tem um sabor. Esse foi um dos mais sofridos, pelas dificuldades que tivemos e que conseguimos superar. Isso mostra como é importante a força do grupo. Brinquei com o Théo que jogar uma final era roubada e ele foi sensacional - disse Murilo.
Incentivo de Giba inspira o novato Théo
Théo voa na rede (Foto: Ramiro Pereyra / VIPCOMM)
No retorno ao jogo, Giba gritou com os companheiros: “Vamos, moçada. A gente tem que começar bem”. Em sua primeira partida como titular com o uniforme verde-amarelo, Théo ouviu o pedido do capitão e voltou a pontuar no jogo, com direito a ace na parcial. O oposto virou a maioria das bolas que recebeu na saída, e a seleção contou com a ajuda do baixinho Marlon de 1,88m no bloqueio – com um simples até no gigante Makarov, de 2,10m – para ampliar o placar. Do outro lado, Mikhaylov continuou voando na rede, mas a Rússia parava nos constantes erros de saque.
Bernardinho voltou a chamar João Paulo e Bruninho para o jogo e o levantador parou no saque. Com a ajuda de seus bons serviços, o Brasil conseguiu mais um bloqueio simples, com Rodrigão, e Dante acelerou a mão para marcar no ataque . No bloqueio de João Paulo, a seleção ficou a um set do título, fechando em 25 a 22.
No entanto, a equipe verde-amarela parou em quadra na terceira parcial. Nem mesmo a entrada de Giba, que levantou a torcida brasileira no ginásio, iluminou o apagão que tomou conta do time. Com uma defesa desatenta, a bola não chegava perfeita na mão de Marlon e os atacantes sofriam para acertar as jogadas.
Enquanto isso, o bloqueio russo, com destaque para Makarov, cresceu com a ajuda de Muserskiy no saque. Sidão também entrou no jogo, mas nada funcionou para a seleção brasileira. O set foi dos europeus, que fecharam em 25 a 16.
Seleção acorda no fim do quarto set
Peixinho final (Foto: Ramiro Pereyra / VIPCOMM)
A defesa verde-amarela continuou desconcentrada na quarta parcial. Makarov e Volkov até esqueceram a tradicional frieza russa e chegaram a sorrir com muita vibração com a quantidade de ataques e bloqueios que caíram na quadra brasileira.
Porém, uma voz do banco de reservas mudou o clima da seleção. Giba gritou: “Vamos. Sem perder a paciência. Vamos jogar”. O bloqueio começou a entrar com um triplo e Théo, aproveitando o bom saque de Murilo. No placar, empate em 21 pontos. Mais dois pontos de Dante e o erro de serviço de Krasikov abriram a contagem até nove para o peixinho tradicional dos eneacampeões.
- Acho que foram muitas dificuldades e nesse momento o grupo cresce. É na tormenta que o time tira forças de vários lugares. Perdemos jogadores importantes, Bruno não fez uma boa reta final, mas quando chamados, todos deram sua contribuição. Fico muito orgulhoso de fazer parte desse grupo - concluiu Bernardinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário