Incluída em programa do governo federal, São Luís terá R$ 300 milhões para recuperar prédios históricos e área central da cidade
CAROLINA MELLO
A professora Iete Maria de Jesus Silva Pinheiro, 49 anos, cresceu na Rua Cândido Ribeiro, antiga Rua das Crioulas. Não viu a Fábrica Santa Amélia funcionar, mas se lembra de quando a fachada do prédio era toda coberta de azulejos. “Ia ser bom se aí funcionasse uma escola ou uma faculdade.
Além de melhorar o aspecto da rua, ia ocupar os jovens que moram por aqui”, disse Iete. Mãe de três filhos adolescentes, ela se preocupa com a violência urbana, fruto do abandono, que se instala no bairro. Problemas como esse poderão ser atacados através do Plano de Ação para a Área Central da Cidade de São Luís, previsto para ser executado dos anos de 2010 a 2013.
O plano prevê a realização de 63 metas voltadas para a proteção dos bens culturais e a melhoria da qualidade de vida no Centro. A estratégia envolve os governos estadual e municipal, e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão, que assinarão o acordo de Preservação do Patrimônio Cultural na manhã do próximo dia 1º de julho, na sede da prefeitura.
Com um orçamento estimado em R$ 300 milhões, o plano será financiado com recursos do PAC Cidades Históricas, lançado pelo governo federal em outubro no ano passado.
Segundo a superintendente do Iphan no estado, Kátia Bogéa, a execução de um dos projetos mais importantes do Plano de Ação está prevista para este ano. Trata-se do Plano Diretor de Mobilidade e Acessibilidade Urbana da Área Central de São Luís.
O projeto, cujo convênio entre Iphan e município já foi firmado, visa adequar a malha viária do Centro, de forma a proteger o Patrimônio arquitetônico e a melhorar o trânsito da área. Algumas alterações na rota dos carros, além de restrições da circulação deles em algumas ruas, transformadas em calçadões, já haviam sido tomadas. Entretanto, nunca o governo municipal havia se comprometido a resolver o problema por inteiro, que começou na década de 80 e só aumentou.
Uma das consequências negativas do trânsito desordenado do Centro foi a demoliçãoem cadeia de prédios históricos nos últimos anos, para dar lugar a estacionamentos, lembrou Kátia.
Com o Plano Diretor, a mobilidade reduzida nas calçadas estreitas tomadas por ostes de iluminação pública e placas de trânsito, por exemplo, também será reorganizada. “Estamos diante de um marco histórico”, disse a superintendente do Iphan.
Imóveis Outros convênios firmados com a prefeitura a serem executados em 2010 são a restauração do antigo Cine Roxy para abrigar o Cine Teatro Municipal, e a transformação do prédio 445 da rua do Giz em moradia de interesse social.
A revitalização dos imóveis deverá responder a vocação de cada área do Centro. O casarão 445 da rua do Giz, por exemplo, se encontra no Desterro, área de vocação
habitacional, segundo o diagnóstico do Iphan e demais órgãos envolvidos.
Outros seis casarões serão requalificados para dar lugar a apartamentos, segundo previsto no Plano de Ação. Os inquilinos deverão ser selecionados pela Prefeitura de São Luís. Outros espaços serão transformados em sedes institucionais ligadasàs áreas de Turismo, Educação e Cultura.
A já citada Fábrica Santa Amélia, obra a ser executada ainda em 2010, dará espaço a Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A readequação de quatro prédios em moradias universitárias, além das reformas dosPalácios Cristo Rei e das Lágrimas, Fórum Universitário da UFMA, e Palacete Gentil Braga – previsto para ficar pronto ainda este ano – fazem parte das obras executadas em convênio com a Universidade Federal.
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