segunda-feira, 31 de maio de 2010

Poeta maranhense Ferreira Gullar ganha o Prêmio Camões 2010

Ferreira Gullar maior poeta brasileiro da atualidade

É para um grande homem da lusofonia que o Prêmio Camões rende homenagem", declarou em uma coletiva à imprensa a ministra portuguesa de Cultura.

France Presse

Ferreira Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas em 1949. "Dentro da noite veloz" e "Poema sujo".

O Prêmio Camões, a mais importante premiação literária de língua portuguesa, foi concedido neste ano ao poeta brasileiro Ferreira Gullar, anunciou nesta segunda-feira (31/05) o Ministério da Cultura de Portugal.

"É para um grande homem da lusofonia que o Prêmio Camões rende homenagem", declarou em uma coletiva à imprensa a ministra portuguesa de Cultura, Gabriela Canavilhas.

Nascido no dia 10 de setembro de 1930 em São Luís do Maranhão, José Ribamar Ferreira, conhecido como Ferreira Gullar, é "poeta, dramaturgo, cronista e tradutor, considerado entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes na atualidade", disse Canavilhas.

A ministra falou ainda da importância de "sua atividade cívica e política como cidadão e autor".

Ferreira Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas em 1949. "Dentro da noite veloz" e "Poema sujo", da década de 1970, figuram entre suas obras mais famosas.

O Prêmio Camões, de 100 mil euros, foi criado em 1988 por Portugal e Brasil para homenagear autores lusófonos que tenham contribuído para enriquecer o patrimônio cultural e literário de língua portuguesa.
O prêmio foi outorgado antes aos portugueses Antonio Lobo Antunes (2007) e José Saramago (1995), ao brasileiro Jorge Amado (1994) e ao angolano Pepetela (1997).

O Prêmio Camões é o mais importante da língua portuguesa

O anúncio foi feito ontem, em Lisboa, Portugal, pela ministra da Cultura daquele país, Gabriela Canavilhas. Além de poeta, Gullar, que faz 80 anos em setembro, também é conhecido pela crítica de arte e dramaturgia. Ele ainda escreveu ensaios, crônicas, memórias e até ficções curtas. Sua obra “Poema sujo”, escrito no exílio em 1975 e publicado apenas em 1976, mistura lembranças da sua infância no Maranhão com questões políticas.

Em 2007, foi vencedor do Prêmio Jabuti. É também ganhador, pelo conjunto de sua obra, do Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras.

O poeta Ferreira Gullar almoçava em um sugestivo local, chamado Sítio do Pica Pau Amarelo, na cidade de Monteiro Lobato, quando foi comunicado, no domingo, de que vencera o Prêmio Camões, o mais prestigioso da literatura em língua portuguesa. "Estava justamente comentando sobre a magia dessa região, onde Lobato nasceu, quando recebi um telefonema", contou o escritor.

Do outro lado da linha, Antônio Carlos Secchin, escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou-lhe a boa notícia - Gullar vai ganhar a quantia de 100 mil euros. Em seguida, ele conversou com a ministra portuguesa de Cultura, Gabriela Canavilhas. "Jamais esperei ganhar algum prêmio, especialmente esse", comentou o poeta, que completa 80 anos no dia 10 de setembro.

Em 2002, Secchin liderou a inscrição de Gullar para o Prêmio Nobel de Literatura. A contragosto, o poeta aceitou o processo, que é conduzido por terceiros e não pelo indicado. "Será a segunda vez em minha vida que participo de um concurso: a primeira foi em 1950, quando ainda vivia em São Luís e inscrevi um poema (“O Galo”) na disputa de um prêmio do Jornal de Letras, do Rio de Janeiro", disse ele, na época.

Questionado se agora, com o Camões, ele considera que o caminho para o Nobel está facilitado, Gullar desconversou. "Sou como o periquito da Rua da Alegria, não ganho nada", brincou ele, que se prepara para lançar um livro inédito de poemas, Em “Alguma Parte Alguma”.

"É a poesia que estava em alguma parte da vida", disse ele no último domingo, quando foi a estrela do 3º Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, onde foi ovacionado, especialmente por frases como "A arte existe porque a vida, por si só, não basta".

Desde o último domingo, Ferreira Gullar participa da Viagem Literária, programa da Secretaria Estadual da Cultura que leva escritores para diversas cidades do interior paulista. No domingo, ele passou pela biblioteca de Monteiro Lobato. Nesta segunda-feira, foi a vez de São Bento do Sapucaí e, amanhã, 1º, será a de Pindamonhangaba e Guaratinguetá. "Agora, a assistência deverá ser maior", brincou o escritor.

Prêmio - No ano passado, Arménio Vieira, poeta de Cabo Verde, tinha levado o prêmio. Em 2008, tinha sido a vez do brasileiro João Ubaldo Ribeiro e, em 2007, do português Lobo Antunes.

Os brasileiros Lygia Fagundes Telles (2005), Rubem Fonseca (2003), Autran Dourado (2000), António Cândido de Mello e Sousa (1998), Jorge Amado (1995), Rachel de Queiroz (1993) e João Cabral de Melo Neto (1990) já tinham levado o prêmio também.

O júri deste ano era constituído por Helena Buescu (professora da Universidade de Lisboa), José Carlos Seabra Pereira (professor da Universidade de Coimbra), Inocência Mata (escritora santomense), Luís Carlos Patraquim (escritor moçambicano), António Carlos Secchin (escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Edla van Steen (a escritora brasileira).

O Prêmio Camões, instituído em 1989 pelos governos de Portugal e do Brasil, tem como objetivo principal destacar anualmente um escritor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural em português.

A premiação tem ainda como finalidade estreitar e desenvolver os laços culturais entre toda a comunidade lusófona.

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