Uma equipe de internacional de cientistas
encontrou no Piauí e no Maranhão duas espécies de anfíbios extintas e
restos do réptil mais antigo da América do Sul.
Os dois anfíbios, similares às modernas
salamandras, viveram há 278 milhões de anos e seus fósseis estão
descritos em um estudo publicado nesta quinta-feira (5) pela revista
"Nature Communications".
Os fósseis, que se encontram agora preservados na
Universidade Federal do Piauí, em Teresina, foram analisados por uma
equipe de especialistas que incluiu o Museu Field, de Chicago, e o Museu
de História Natural de Londres.
A descoberta, segundo comunicado dos pesquisadores
"preenche uma importante lacuna geográfica em nossa compreensão sobre a
evolução e adaptação dos anfíbios". A espécie Timonya annae era um
animal de 40 centímetros que "parecia um cruzamento entre uma salamandra
mexicana moderna e uma enguia".
A outra espécie descoberta é a Procuhy nazariensis,
próxima à Timonya, e de um porte similar. Até agora, o conhecimento
sobre o vertebrados quadrúpedes desse período pré-histórico se limitava à
América do Norte e Europa Ocidental, sem informações sobre os animais
que viviam no sul do Trópico.
"Agora que sabemos que seus parentes distantes
habitavam um vasto sistema de lagos na região tropical do
supercontinente da Pangeia, em zonas que hoje correspondem ao nordeste
do Brasil, podemos saber mais sobre sua abundância, paleobiologia e
sobre a amplitude de sua distribuição longe do equador", explicou Martha
Richter, do museu londrino.
Os pesquisadores também descobriram a mandíbula de
um réptil similar ao Captorhinus aguti, um lagarto que se encontra na
América do Norte, que é o fóssil de réptil mais antigo achado na América
do Sul, com cerca de 280 milhões de anos.
"Mais de 90% de todas as espécies da Terra se
extinguiram no final do período Permiano, o último da era Paleozoica,
porque as condições se tornaram muito inóspitas", explicou Richter,
explicando que aquela foi a pior extinção em massa até hoje.
"Entender a composição de faunas extintas como
estas encontradas no nordeste brasileiro e saber como elas mudam com o
tempo pode nos ajudar a predizer melhor hoje em dia como evoluíram os
sistemas de lagos e suas complexas comunidades de animais em resposta às
amplas mudanças do meio ambiente", disse.
G1
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