China quer investir na área de logística da região Mapitoba
Fronteiras agrícolas do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia e projetos portuários e ferroviários estão no alvo dos chineses.
Foto: Divulgação
Xi Jinping, presidente da China
BRASÍLIA - A China vai selar em Brasília, no dia 17, compromissos políticos de investir na melhoria da logística brasileira de escoamento de soja e de minérios ao exterior e de enviar uma parcela de seus fundos soberanos para engrossar a presença de suas empresas no país. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, Pequim quer mais empresas e negócios no Brasil. Ambos os temas estarão no comunicado final do encontro reservado entre os presidentes Xi Jinping e Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
O interesse da China tem clara motivação: o país precisa de alimentos e minérios mais baratos, em especial neste momento de esforço para elevar a participação do consumo interno no crescimento. A produção da zona hoje conhecida como Mapitoba - as fronteiras agrícolas do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia - e as reservas de minério de ferro do Norte brasileiro são os alvos preferenciais.
Os projetos ferroviários e portuários, que têm como expoentes a Ferrovia Norte Sul e o Complexo Portuário de São Luís (que integra o porto do Itaqui e os terminais Ponta da Madeira e Alumar), abrirão à China as oportunidades adicionais de exportar bens e serviços de alta tecnologia ao Brasil.
O governo chinês quer garantir a participação de suas companhias em projetos portuários e ferroviários que serão licitados pelo governo. Em especial, naqueles que fazem parte do projeto de integração física sul-americana e que permitirão o escoamento de minérios e de produtos agrícolas aos portos do Norte (mais próximos do Canal do Panamá) e dos países vizinhos banhados pelo Oceano Pacífico. O Peru será o alvo inicial, segundo o embaixador Francisco Mauro Brasil de Holanda, diretor do Departamento de Ásia e Oceania do Itamaraty.
Agenda - O presidente Xi Jinping fará a visita de estado ao Brasil nos dias 17 e 18. Mas ele chegará ao país antes disso, no dia 13, quando deverá assistir à final da Copa, no Rio, ao lado de Dilma.
Nos dias seguintes, participará da reunião de Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza, e do encontro desse fórum com os países da União Sul-Americana de Nações (Unasul).
Na manhã de 17, vai se reunir com os líderes do quarteto da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) - Costa Rica, Cuba, Equador e Antíguas e Barbuda - mais México e Brasil.
A primeira vinda de Xi ao Brasil está em negociação desde sua posse, em novembro. "Essa visita terá uma simbologia própria porque se dará nos 40 anos da abertura de relação diplomática entre Brasil e China", afirmou o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário-geral de Assuntos Políticos 2 do Itamaraty.
Agora a mesma material divulgada no Valor Econômico
Os governos do Brasil e da China devem assinar um memorando de cooperação na área de ferrovias para auxiliar empresas de ambos os países a firmarem parcerias para disputar concessões no país. O objetivo é permitir que companhias chinesas, com capital, investimento e conhecimento tecnológico no setor, possam se juntar a empresas brasileiras, que estão acostumadas a atuar em regime de concessão.
O acordo deve ser assinado durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, na semana que vem. Ele estará em Fortaleza para participar da reunião do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), entre os dias 15 e 16. Em seguida, Jinping terá encontro com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.
A China Railway Construction Corporation (CRCC) deve procurar parceiras brasileiras para disputa da concessão do trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO). Já a China Railway Engineering Corporation (Crec) tem interesse em atuar no projeto de uma ferrovia do Maranhão até o Peru. As duas companhias vão aproveitar a visita de Jinping para fortalecer os contatos com empresas brasileiras que podem ser sócias nesses empreendimentos.
Ao todo, a China tem mais de 100 mil km de ferrovias, dos quais 11 mil km são de trens de al ta velocidade. A grande dificuldade para a realização de investimentos nesse setor no Brasil é que as companhias chinesas estão acostumadas com projetos de construção das ferrovias, enquanto o modelo brasileiro envolve também a exploração da concessão dos serviços. Daí a necessidade da formação de consórcios com empresas brasileiras.
Mais de cem empresários chineses devem acompanhar Jinping ao Brasil, o que deve fortalecer os contatos para a criação de consórcios capazes de disputar leilões outras áreas além das ferrovias, como petróleo e energia elétrica.
"O Brasil se converteu no maior sócio comercial da China na América Latina. É o primeiro destino de nossos investimentos na região", disse Xu Ying Zhen, diretora-geral do Ministério do Comércio para a América Latina e Oceania. Segundo ela, integrantes da delegação chinesa que vai ao Brasil estão "muito interessados" em fazer investimentos no Brasil nos setores de energia elétrica, automobilístico, ferrovias, estradas e portos.
A delegação terá empresas de tecnologia e internet, setor que recebe incentivos do governo dentro de um projeto de diversificação dos investimentos chineses no exterior. "Enquanto consolidamos a cooperação em setores tradicionais, podemos ampliar em outros segmentos da economia, como aviação e tecnologia", disse Zhen.
A Baidu, empresa de sites de busca e tecnologia, considerada o Google chinês, vai desenvolver uma página em português dentro da estratégia de aproximação e ingresso no mercado brasileiro. A empresa escolheu o português, antes mesmo do espanhol, pois acredita no potencial para crescer no Brasil.
Atualmente, a Baidu conta com 500 milhões de usuários. Ao todo, o país, de 1,3 bilhão de habitantes, tem 600 milhões de usuários de internet. A empresa tem, portanto, mais de 83% do mercado. Como o Google resolveu se retirar da China por discordar da censura a alguns temas de busca, como, por exemplo, o massacre da praça da Paz Celestial, a Baidu, que já era líder do mercado anteriormente, com 70% contra 30% do sistema de buscas americano, consolidou a posição.
Com a visita de Jinping, a empresa chinesa Sany deve anunciar um investimento grande na área de máquinas e equipamentos. A Sany já adquiriu um terreno em Jacareí, interior de São Paulo, para iniciar a sua produção.
O Brasil será o país mais importante da visita de Jinping à América Latina, que incluirá Argentina, Venezuela e México. A região é considerada estratégica para o governo chinês que, tradicionalmente, atua por meio de acordos bilaterais, nos quais a sua posição para fechar os negócios sempre é maior - dado o tamanho da economia chinesa - que a do seu parceiro.
"Seguramente, as visitas vão assegurar os interesses de ambas as partes", afirmou Li Baorong, vice-diretor-geral do Departamento de Assuntos Latino-Americanos do Ministério das Relações Exteriores da China. Segundo ele, a visita à região é importante para acelerar o crescimento da China.
De acordo com dados do Departamento Comercial do governo chinês, em 2013 o comércio entre aquele país e a região atingiu US$ 261 bilhões. As exportações da China chegaram a US$ 134 bilhões, enquanto as importações foram a US$ 127 bilhões.
"O intercâmbio com o Brasil ocupa mais de um terço das trocas comerciais com a região", disse Baorong. "A China é o primeiro sócio comercial do Brasil e o principal mercado para as exportações brasileiras. Mesmo com as dificuldades na situação econômica mundial, nos últimos anos, tivemos êxito nessa relação."
O repórter viajou a convite do governo da China
Agora a mesma material divulgada no Valor Econômico
Leilões de ferrovias poderão ter parcerias entre Brasil e China
Os governos do Brasil e da China devem assinar um memorando de cooperação na área de ferrovias para auxiliar empresas de ambos os países a firmarem parcerias para disputar concessões no país. O objetivo é permitir que companhias chinesas, com capital, investimento e conhecimento tecnológico no setor, possam se juntar a empresas brasileiras, que estão acostumadas a atuar em regime de concessão.
O acordo deve ser assinado durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, na semana que vem. Ele estará em Fortaleza para participar da reunião do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), entre os dias 15 e 16. Em seguida, Jinping terá encontro com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.
A China Railway Construction Corporation (CRCC) deve procurar parceiras brasileiras para disputa da concessão do trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO). Já a China Railway Engineering Corporation (Crec) tem interesse em atuar no projeto de uma ferrovia do Maranhão até o Peru. As duas companhias vão aproveitar a visita de Jinping para fortalecer os contatos com empresas brasileiras que podem ser sócias nesses empreendimentos.
Ao todo, a China tem mais de 100 mil km de ferrovias, dos quais 11 mil km são de trens de al ta velocidade. A grande dificuldade para a realização de investimentos nesse setor no Brasil é que as companhias chinesas estão acostumadas com projetos de construção das ferrovias, enquanto o modelo brasileiro envolve também a exploração da concessão dos serviços. Daí a necessidade da formação de consórcios com empresas brasileiras.
Mais de cem empresários chineses devem acompanhar Jinping ao Brasil, o que deve fortalecer os contatos para a criação de consórcios capazes de disputar leilões outras áreas além das ferrovias, como petróleo e energia elétrica.
"O Brasil se converteu no maior sócio comercial da China na América Latina. É o primeiro destino de nossos investimentos na região", disse Xu Ying Zhen, diretora-geral do Ministério do Comércio para a América Latina e Oceania. Segundo ela, integrantes da delegação chinesa que vai ao Brasil estão "muito interessados" em fazer investimentos no Brasil nos setores de energia elétrica, automobilístico, ferrovias, estradas e portos.
A delegação terá empresas de tecnologia e internet, setor que recebe incentivos do governo dentro de um projeto de diversificação dos investimentos chineses no exterior. "Enquanto consolidamos a cooperação em setores tradicionais, podemos ampliar em outros segmentos da economia, como aviação e tecnologia", disse Zhen.
A Baidu, empresa de sites de busca e tecnologia, considerada o Google chinês, vai desenvolver uma página em português dentro da estratégia de aproximação e ingresso no mercado brasileiro. A empresa escolheu o português, antes mesmo do espanhol, pois acredita no potencial para crescer no Brasil.
Atualmente, a Baidu conta com 500 milhões de usuários. Ao todo, o país, de 1,3 bilhão de habitantes, tem 600 milhões de usuários de internet. A empresa tem, portanto, mais de 83% do mercado. Como o Google resolveu se retirar da China por discordar da censura a alguns temas de busca, como, por exemplo, o massacre da praça da Paz Celestial, a Baidu, que já era líder do mercado anteriormente, com 70% contra 30% do sistema de buscas americano, consolidou a posição.
Com a visita de Jinping, a empresa chinesa Sany deve anunciar um investimento grande na área de máquinas e equipamentos. A Sany já adquiriu um terreno em Jacareí, interior de São Paulo, para iniciar a sua produção.
O Brasil será o país mais importante da visita de Jinping à América Latina, que incluirá Argentina, Venezuela e México. A região é considerada estratégica para o governo chinês que, tradicionalmente, atua por meio de acordos bilaterais, nos quais a sua posição para fechar os negócios sempre é maior - dado o tamanho da economia chinesa - que a do seu parceiro.
"Seguramente, as visitas vão assegurar os interesses de ambas as partes", afirmou Li Baorong, vice-diretor-geral do Departamento de Assuntos Latino-Americanos do Ministério das Relações Exteriores da China. Segundo ele, a visita à região é importante para acelerar o crescimento da China.
De acordo com dados do Departamento Comercial do governo chinês, em 2013 o comércio entre aquele país e a região atingiu US$ 261 bilhões. As exportações da China chegaram a US$ 134 bilhões, enquanto as importações foram a US$ 127 bilhões.
"O intercâmbio com o Brasil ocupa mais de um terço das trocas comerciais com a região", disse Baorong. "A China é o primeiro sócio comercial do Brasil e o principal mercado para as exportações brasileiras. Mesmo com as dificuldades na situação econômica mundial, nos últimos anos, tivemos êxito nessa relação."
O repórter viajou a convite do governo da China
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