quarta-feira, 19 de março de 2014

Revisão da legislação urbanística de São Luís é discutida em audiência

 
Anteprojeto será encaminhado à Câmara de Vereadores até o fim de junho.


Foto: Flora Dolores

Até o fim do primeiro semestre deste ano, a Prefeitura de São Luís, por meio do Instituto da Cidade (Incid), deve encaminhar à Câmara de Vereadores de São Luís um anteprojeto que trata da revisão da legislação urbanística da capital maranhense. Esse trabalho fará um detalhamento completo em todos os itens que propõem alterações substanciais em boa parte do Plano Diretor do Município, em especial o macrozoneamento ambiental.
Na manhã de ontem, durante audiência pública na Câmara Municipal, proposta pela vereadora Rose Sales (PcdoB), o presidente do Incid, Marcelo do Espírito Santo, destacou que o material que está sendo elaborado ficará aberto para consulta pública a partir do mês de abril. Segundo ele, nesse momento a administração municipal está iniciando uma ampla discussão com a sociedade civil organizada sobre o assunto.
Ele ressaltou a necessidade de algumas alterações no Plano Diretor de São Luís, que incidem diretamente no sistema de macrozoneamento ambiental. O presidente do Incid informou que hoje o Município dispõe de um conjunto de fotos aéreas que podem visualizar a cidade com maior precisão. "Podemos observar que temos limites de preservação ambiental destruídos e isso pode trazer sérios problemas para a cidade, principalmente na parte de drenagem em áreas que são ocupadas irregularmente", destacou Marcelo do Espírito Santo.

Importância - Segundo o presidente do Incid, algumas áreas da capital têm importância considerável para o lençol freático, o que garante a permanência dos aquíferos. "Por isso estamos propondo alterações no Plano Diretor da cidade, no âmbito do macrozoneamento ambiental, e já estamos trabalhando a melhoria desse texto", frisou. Ele ressaltou também a necessidade da criação de uma nova Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo Urbano, cuja redação é de 1992. "Nesse aspecto, estamos tentando elaborar uma nova legislação que olhe para o desenvolvimento da cidade", enfatizou.
Marcelo do Espírito Santo informou que na terça-feira, dia 18, houve uma reunião do Conselho Municipal da Cidade (Concid) para apresentação do anteprojeto aos conselheiros. Segundo ele, esse trabalho mostrou um diagnóstico, com plantas e um edital sobre a revisão urbanística. "Esse edital ficará disponível durante 30 dias a título de consulta pública na sede do Incid e das secretarias municipais de Planejamento, Meio Ambiente, Urbanismo e Habitação e também no Portal da Prefeitura [www.saoluis.ma.gov.br)]", afirmou.
Ele frisou que o principal objetivo do prefeito Edivaldo Holanda Júnior é tornar a legislação urbanística mais objetiva e clara, a fim de que fique bem esclarecido para a população o que pode ou não ser feito em áreas urbana e rural.

Questão fundiária - Para o secretário municipal de Urbanismo e Habitação, Diogo Lima, que também preside o Conselho das Cidades, uma das questões fundamentais nesse processo de revisão é a questão fundiária. Ele disse que isso já está sendo priorizado pela Prefeitura de São Luís. "Atualmente, temos grandes problemas com a legislação urbanística da cidade. Existe um descompasso com a realidade, pois no momento dispomos de uma legislação que foi pensada para uma época, mas hoje a cidade cresceu demais. Para se ter uma ideia, ela cresceu 10 vezes mais ao longo de um século", comentou.
O presidente da Associação Comercial do Maranhão (ACM), o empresário Sérgio Sombra, considerou salutar o debate sobre a revisão da legislação urbanística de São Luís. "Entendemos que a cidade cresceu, se desenvolveu e que hoje existe um espírito empreendedor nas pessoas. Com isso, há um crescimento comercial que se instala no município e que precisa produzir, mas tendo como norteamento leis mais modernas. Quero dizer que a Associação Comercial está à disposição para levar esse debate à sociedade e paralelamente apresentar sugestões", declarou.

Mudanças no gabarito das edificações


A discussão sobre a revisão urbanística também passa por readequações no gabarito das edificações da cidade, que permitirão a construção de novos prédios, em área como a do bairro do Olho d'Água, que poderão dispor de até 30 pavimentos (andares), o que revolucionará a paisagem urbana da capital maranhense. Esse trabalho deve ser encaminhado em breve para apreciação e votação na Câmara de Vereadores de São Luís.
Segundo o presidente do Incid, Marcelo do Espírito Santo, o atual Plano Diretor da cidade, que teve sua última revisão em 2006, na gestão do ex-prefeito Tadeu Palácio, acaba tendo um conflito com a Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, que é de 1992.
Para que ocorram as devidas alterações na legislação urbanística estão sendo utilizadas sofisticadas técnicas que abrangem serviços cartográficos aéreo, que possibilita ter uma visão macro de toda área territorial do município. Uma das preocupações do presidente do Incid é com os espaços vazios da cidade, ou seja, aqueles onde ainda podem ser permitidas construções ordenadas e que são alvo constante de ocupações irregulares.
"Ainda temos áreas livres em São Luís, ou seja, aquelas que ainda não têm edificações. Atualmente, esse percentual de áreas livres chega a 20% da área urbana de terrenos não edificados", informou.

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