segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Maranhão está melhor

Interpretada com ironia e deboche por medalhões da imprensa paulista, que insistem em mostrar o Maranhão como o pior dos mundos, a afirmação da governadora Roseana Sarney (PMDB) de que o estado que comanda está mais rico chamou a atenção de alguns analistas mais sensatos. O colunista Marco Prates, da revista Exame, analisou os números mais recentes e, sem demonstrar qualquer simpatia política, fez algumas observações equilibradas. Reconheceu que "a maior conquista recente do estado nas estatísticas econômicas e sociais foi deixar de ser o último colocado dentre todas as unidades da federação em PIB per capita, hoje em R$ 7.852". Disse que a Roseana não mente quando afirma que o Maranhão é mesmo a 16ª maior economia do Brasil. E observou que o estado tem a 10ª população do país (6,7 milhões de habitantes), o que faz com que sua posição caia para a 26ª posição, a penúltima, em PIB per capita. E indagou: Mas, afinal, está mais rico ou não? Assinala que o número que o governo maranhense não cansa de repetir é que o estado vive hoje uma onda de investimentos públicos e privados que totalizam R$ 120 bilhões, em setores como siderurgia, petróleo e gás, mineração e energia - faltou incluir celulose, cimento e produção de grãos. E deu o devido crédito, por serem verdadeiros, a um número para muitos fundamental: em 2011, o crescimento do PIB do Maranhão foi de 10,3%, enquanto o do Brasil foi de apenas 2,7%. E fechou suas observações com uma afirmação conclusiva e com uma ponderação absolutamente coerente: "Pior que antes, é fato, o Maranhão não está, em termos econômicos. Trata-se de decidir se isso é suficiente". É esse o senso de equilíbrio que falta nos "donos da verdade" que tentam, de longe, emitir juízo sobre o Maranhão.

Veja na íntegra a matéria de um jornalista sério e imparcial

Roseana não mente quando diz que Maranhão está mais rico

A governadora relacionou a violência ao fato do Maranhão estar "mais rico”. Pode até ser, mas o maior orgulho recente do estado foi deixar de ter o menor PIB per capita do país

   

Divulgação / Governo do Estado do Maranhão
Roseana Sarney em inauguração de programa do governo do Maranhão
Roseana Sarney, governadora do Maranhão: “o Estado está indo muito bem”, diz ela, refutando qualquer possibilidade de intervenção federal

São Paulo – Creditar à maior riqueza a crise carcerária e a sensação de insegurança no Maranhão pode soar como inusitado, mas a governadora Roseana Sarney, ao fazê-lo, não mente - ao menos não no que se refere ao fato de que o Maranhão tem mesmo mais dinheiro hoje que no passado. A questão é se estar “mais rico” significa não ser pobre.

A maior conquista recente do estado nas estatísticas econômicas e sociais foi deixar de ser o último colocado dentre todas as unidades da federação em PIB per capita, hoje em R$ 7.852.
Agora, o governo maranhense se orgulha de não estar mais na lanterna do ranking, atualmente ocupada pelo Piauí (R$ 7.835), como mostrou o IBGE há pouco mais de um mês (veja lista completa dos PIBs estaduais no site do instituto).
De qualquer modo, o PIB per capita de Maranhão e Piauí ainda é quase um terço do brasileiro. No país, chega-se a R$ 21.535 quando se divide a riqueza nacional pelo tamanho da população.
“Não acredito em intervenção porque estou cumprindo com o meu dever, como sempre fiz. Hoje o Maranhão, por exemplo, possui o 16º PIB do país, está se industrializando e investindo fortemente em infraestrutura”, disse a governadora sobre a possibilidade da Procuradoria Geral da República pedir a intervenção ao Supremo Tribunal Federal, como vem ameaçando.
Roseana não mente: o Maranhão é mesmo a 16ª maior economia do Brasil.
O problema é que, diante de seus 6,7 milhões de habitantes (o 10º estado mais populoso do país), cai para a 26ª posição – a penúltima, como visto - em PIB per capita, uma maneira mais justa de avaliar riqueza ou pobreza.
A renda maranhense coloca o estado no mesmo patamar de Cabo Verde, em cerca de 4,2 mil dólares anuais, segundo levantamento do blog Achados Econômicos. A do Brasil, em torno de 11,8 mil dólares, se equipara ao de Costa Rica.
Mas afinal, está mais rico ou não?
O número que o governo maranhense não cansa de repetir é que o estado vive hoje uma onda de investimentos públicos e privados que totalizam R$ 120 bilhões, em setores como siderurgia, petróleo e gás, mineração e energia.
Roseana Sarney, que assumiu seu quarto mandato como governadora em 2011 - mas a família, sabe-se, vem se revezando no comando há bem mais tempo que isso - alega que o salto no PIB do Maranhão é resultado desse esforço.
Em 2011, o crescimento foi de 10,3%, enquanto o PIB nacional, na mesma época, subiu 2,7%.
“Isso só mostra que estamos no caminho certo ao implementarmos uma forte política de atração de investimentos, que iniciamos em 2009 e que hoje estamos vendo o resultado”, afirmou ela ao jornal O Imparcial, após divulgação do IBGE no fim de 2013.
Hoje, mesmo diante das horríveis cenas filmadas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o discurso de otimismo é o mesmo. “O Estado está indo muito bem”, foi o que disse em resposta a repórteres nesta quinta-feira.
Pior que antes, é fato, o Maranhão não está, em termos econômicos. Trata-se de decidir se isso é suficiente.

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