quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Especialista em logística destaca o Itaqui como o eixo do futuro






                                                                            O Maranhão tem potencial para ser um dos melhores eixos logísticos do país, principalmente por causa da boa acessibilidade da Baía de São Marcos e da ampliação do Porto do Itaqui, com o início das atividades do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), previsto para abril de 2014.
A avaliação é de Rui Carlos Botter, coordenador do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip) e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) na área de Transportes e Logística, que esteve ontem em São Luís, a convite da Vale, para uma roda de conversa sobre Logística e infraestrutura no Brasil.
O especialista afirmou que a tendência é que o Tegram - cujas obras tiveram início em novembro de 2012 - seja um sucesso.
"Essa é uma saída excelente, por causa da ferrovia próxima ao Porto do Itaqui. Daqui a pouco todo mundo vai querer sair por ali", afirmou Rui Botter. Para ele, diferentemente do que ocorre em Santos, onde o porto quase não tem mais áreas para se expandir, o terminal maranhense ainda não teve todo o seu potencial explorado.
"Talvez um dos melhores locais para acesso aquaviário do Brasil seja a Baía de São Marcos. Mas é preciso que se faça um planejamento para que se ofereça infraestrutura sem trazer tantos impactos para a cidade. Tudo o que vier de expansão precisa de área, e isso o Itaqui tem, mais até do que Santos. E quando a iniciativa privada percebe que tem investimento e infraestrutura, ela mesma se instala. Mas esse precisa ser um planejamento a longo prazo", avaliou.
Rui Botter afirma que o Maranhão deve crescer no transporte de contêiners, nos próximos anos. De acordo com informações recentes da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), a movimentação de contêineres, apesar de ter sido iniciada recentemente, vem crescendo nos últimos anos.
Em 2011, foram movimentados 1.182 Teus (unidade padrão de medida de contêiner), enquanto em 2012 foram movimentadas 10.841 Teus. De janeiro a novembro deste ano, o volume movimentado foi de aproximadamente 9.500 Teus.
Planejamento - Coordenador do Cilip - que atua nas áreas de pesquisa, educação continuada e projetos aplicados, voltados para a organização e o planejamento de sistemas de transportes marítimo, fluvial, offshore e de cabotagem, além do planejamento e gestão portuária e da análise de sistemas logísticos -, Rui Carlos Botter afirma que o Brasil ainda padece com a falta de planejamento e integração de multimodais (rodovias, portos, ferrovias, etc).
Segundo o especialista, a logística não tem acompanhado a produção cada vez mais crescente, o que tem sido evidenciado em situações como as recentes filas de caminhões no Porto de Santos. "Para crescer, é preciso que haja transporte e planejamento. Mas o Brasil ainda tem muitos desafios pela frente e um dos maiores é a integração entre modais", afirmou.
Botter destacou que o ideal para o Brasil seria concentrar o escoamento da produção mineral e agrícola nas ferrovias, hidrovias e pela cabotagem para diminuir o fluxo de caminhões nas rodovias. Para ele, a cabotagem precisa ser desenvolvida no Brasil.
"Isso pode ser feito com terminais simples, sem pompa, apenas uma maneira de evitar que os caminhões precisem utilizar as rodovias, entrar na cidade. Isso é feito com muito sucesso na Itália, por exemplo", disse o especialista, para quem o desenvolvimento do transporte hidroviário no Brasil é mais complexo por causa dos impactos ambientais que acarreta.
Sobre a Lei de Portos, Rui Carlos Botter acredita que a medida pode ajudar, mas é preciso cautela do governo em relação à concessão de terminais privados, pois novamente o setor pode esbarrar na questão logística. "A preocupação é que isso saia de controle, pois não existe uma infraestrutura adequada”, disse.
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O Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária da Universidade de São Paulo (Cilip-USP) é formado por professores e pesquisadores do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP.
É coordenado pelo professor doutor Rui Carlos Botter, titular da Área de Logística e Transportes da USP, com mais de 25 anos de experiência em projetos marítimos e portuários. O Cilip conta também com diversos mestres e doutores na área de logística, transporte e infraestrutura portuária e ambiental.
 
* O Estado do Maranhão

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