Entrevista com o presidente da Bioenergy
concedida ao Portal potiguar "Tribuna do Norte".
"A burocracia criou impeditivos no RN"
A Bioenergy, uma das empresas pioneiras em energias renováveis no Brasil, não vai mais investir em energia eólica e solar no Rio Grande do Norte. Os quatro parques eólicos em construção no estado já foram transferidos para o Maranhão, onde a empresa constrói uma linha de transmissão de energia, e os projetos de energia solar foram direcionados para a Bahia. Sérgio Marques, presidente da empresa, cita a dificuldade para escoar energia elétrica no RN e diz que, no momento, não prevê nenhum investimento para o estado. Recursos, no entanto, não faltam à Bioenergy. A empresa, que havia investido R$ 120 milhões na construção de dois parques eólicos no RN, investirá dez vezes mais na construção de 13 parques no Maranhão. Os projetos disputarão o próximo leilão de energia, previsto para novembro. “No Maranhão, pelo menos a gente tem conexão assegurada”, diz ele.
O Ministério de Minas e Energia realizou um leilão exclusivo para energia eólica na última sexta-feira. Por que a Bioenergy não participou?
A gente entendeu que as regras desse leilão não eram interessantes para a empresa, no que se refere ao preço-teto, exigências de conexão e data de conclusão. Os parques contratados no leilão de sexta precisam ser concluídos até setembro de 2015 e nós já temos um volume grande para entregar neste período. Por isso, decidimos nos concentrar no leilão A-3, que será realizado em novembro. O ambiente de contratação e as cláusulas contratuais são melhores. O leilão A-3, por exemplo, permite que possamos comercializar energia por um preço maior no mercado livre se conseguirmos antecipar a conclusão dos parques.
Como você avalia o leilão de reserva realizado na última sexta?
A tarifa-média ficou dentro do esperado. Com as novas exigências do governo federal (em termos de garantia de conexão), a receita das empresas que contrataram parques ficou mais ou menos 15% inferior a do leilão do ano passado.
A Bioenergy foi uma das primeiras empresas do país a apostar no segmento das energias renováveis. Quais as vantagens e desvantagens de se investir nesse segmento no Brasil?
A principal vantagem é estar em um negócio bom para o país e para o planeta, já que a energia limpa é o caminho para o desenvolvimento sustentável. A desvantagem é verificar que muitas autoridades ainda não entendem esse papel e, além de não criar incentivos, acabam criando impeditivos para o desenvolvimento dessas novas matrizes do sistema energético.
Quanto a Bioenergy espera investir em energias renováveis no país nos próximos anos?
A Bioenergy vai investir R$ 1,3 bilhão em 13 parques eólicos já contratados no estado do Maranhão. Esperamos investir também R$ 20 milhões em projetos de energia solar na Bahia.
Quais os Estados mais promissores e que despertam maior interesse da empresa no Brasil?
A Bioenergy conta com dois parques eólicos em operação no Rio Grande do Norte: Miassaba 2 e Aratuá 1. Agora, a empresa concentra investimentos em uma nova fronteira de ventos no Brasil: o estado do Maranhão.
A Bioenergy conta com quantos parques eólicos construídos no país? Todos estão gerando energia ou há parques ociosos, por falta de conexão?
Os dois parques eólicos da Bioenergy no Rio Grande do Norte estão em operação há mais de um ano e contam com conexão. Não temos nenhum parque sem conexão. Aliás, estamos construindo uma linha de transmissão no Maranhão para assegurar a conexão dos 13 parques eólicos da Bioenergy em desenvolvimento no estado. Os 13 parques eólicos em construção da Bioenergy no Maranhão têm conexão assegurada. Devem ficar prontos daqui a um ano.
Quanto a empresa investiu no Rio Grande do Norte? Há novos investimentos a caminho?
A empresa investiu R$ 120 milhões no Rio Grande do Norte. Não há novos investimentos a caminho.
A empresa cadastrou na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 20 projetos de energia eólica e solar para o próximo Leilão A-3. Os parques eólicos serão todos construídos no Maranhão. Por que a empresa escolheu este Estado?
Há mais de cinco anos a Bioenergy faz medições de vento no estado do Maranhão e conseguiu viabilizar empreendimentos com grande potencial de produtividade no local.
A falta de condições de escoamento levou a empresa a repensar sua política de investimentos? A Bioenergy desistiu de investir em eólica no RN?
A Bioenergy realmente teve alguns problemas com a Cosern, os quais estão sendo tratados com a empresa. Esses problemas realmente desestimularam a Bioenergy a desenvolver os parques planejados no Rio Grande do Norte.
Em entrevista concedida há um ano à Tribuna do Norte, a Bioenergy anunciou que transferiria quatro parques do RN para o Maranhão. Os parques foram todos transferidos? O canteiro de obras foi desmobilizado?
Os parques foram todos transferidos, conforme aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Ministério de Minas e Energia. Chegamos a instalar o canteiro de obras e fazer bem-feitorias na área, mas paralisamos em função da falta de conexão elétrica. Fizemos sim investimentos, mas eles não foram tão substanciais como início da obra ou fundação. Acredito que tenhamos perdido R$ 5 milhões.
E as terras onde os parques seriam instalados? Elas serão devolvidas aos proprietários ou continuarão arrendadas pela Bioenergy?
Estamos em fase de negociação com os empresários. Ainda vamos decidir se devolveremos ou se continuaremos com as terras.
A empresa poderá instalar novos parques eólicos nessas terras, visto que o vento no local já foi medido?
Eu não descarto essa possibilidade. Preciso ressaltar, no entanto, que o nosso foco é o Maranhão.
Por que a empresa resolveu transferir os parques que já estavam sendo construídos no RN?
Além dos problemas verificados com a Cosern, a empresa considerou que as condições nos parques maranhenses eram mais favoráveis.
Construir parques eólicos no Rio Grande do Norte deixou de ser rentável, como chegou a afirmar a Força Eólica do Brasil – outra empresa do ramo?
Não diria que deixou de ser rentável, mas as complicações burocráticas e dos serviços da Cosern realmente criaram impeditivos.
O que o Estado deveria fazer para se tornar mais competitivo nessa área?
A questão principal é a falta de linhas de transmissão suficientes e a capacidade de escoamento, que é bastante deficitária no estado, por falta de investimentos do governo federal.
Para tentar evitar que parques eólicos fiquem ociosos por falta de linhas de transmissão, o Governo Federal mudou as regras para os novos leilões de energia eólica. Agora para habilitar parques é necessário apresentar garantias de que a energia gerada será de fato escoada. Como isso mexe com o planejamento e as finanças das empresas?
Tudo isso gera, obviamente, mais custos. No caso da Bioenergy, já estávamos preparados para isso, pois estamos construindo uma linha de transmissão no Maranhão.
A mudança desestimula os empresários?
Quanto à exigência de produtividade a P90, com certeza. Trata-se de uma condição que praticamente só existe no Brasil. Isso eleva muito os custos.
A necessidade de apresentar essa garantia, fez a Bioenergy reduzir o número de projetos cadastrados no leilão de agosto?
A garantia de conexão não nos prejudicou.
A exigência levou a empresa a repensar onde aplicaria os seus recursos e escolher Estados com melhor logística e infraestrutura?
Como estamos construindo uma linha no Maranhão, a tendência é concentrarmos nossos investimentos onde teremos conexão assegurada.
O que, na avaliação da empresa, deveria ser feito para solucionar o problema envolvendo o escoamento de energia - sobretudo a gerada pelos parques eólicos - pelo Governo Federal de uma vez por todas?
Nada mais do que cumprir o próprio planejamento e os contratos assinados.
Que outros entraves impedem que o setor de energias renováveis avance mais rápido no país?
A ideia de incluir as geradoras no rateio da energia térmica emergencial, a exigência de um índice de produtividade a P90 e a exclusão dos projetos eólicos do Leilão A-5 são exemplos desses entraves.
A empresa tem planos de voltar a investir em eólica no Rio Grande do Norte?
A Bioenergy não descarta a possibilidade de investir em qualquer estado da federação, inclusive no Rio Grande do Norte.
As nove usinas solares cadastradas no leilão A-3 serão construídas na Bahia. E os projetos de energia solar no Rio Grande do Norte? Matéria publicada em abril de 2012 dizia que a empresa media radiação solar em dois municípios potiguares e que daria entrada nas licenças ambientais ainda no ano passado.
O foco da energia solar nunca foi o Rio Grande do Norte. Sempre foi a Bahia.
http://m.tribunadonorte.com.br/notic...s-no-rn/259375
"A burocracia criou impeditivos no RN"
A Bioenergy, uma das empresas pioneiras em energias renováveis no Brasil, não vai mais investir em energia eólica e solar no Rio Grande do Norte. Os quatro parques eólicos em construção no estado já foram transferidos para o Maranhão, onde a empresa constrói uma linha de transmissão de energia, e os projetos de energia solar foram direcionados para a Bahia. Sérgio Marques, presidente da empresa, cita a dificuldade para escoar energia elétrica no RN e diz que, no momento, não prevê nenhum investimento para o estado. Recursos, no entanto, não faltam à Bioenergy. A empresa, que havia investido R$ 120 milhões na construção de dois parques eólicos no RN, investirá dez vezes mais na construção de 13 parques no Maranhão. Os projetos disputarão o próximo leilão de energia, previsto para novembro. “No Maranhão, pelo menos a gente tem conexão assegurada”, diz ele.
O Ministério de Minas e Energia realizou um leilão exclusivo para energia eólica na última sexta-feira. Por que a Bioenergy não participou?
A gente entendeu que as regras desse leilão não eram interessantes para a empresa, no que se refere ao preço-teto, exigências de conexão e data de conclusão. Os parques contratados no leilão de sexta precisam ser concluídos até setembro de 2015 e nós já temos um volume grande para entregar neste período. Por isso, decidimos nos concentrar no leilão A-3, que será realizado em novembro. O ambiente de contratação e as cláusulas contratuais são melhores. O leilão A-3, por exemplo, permite que possamos comercializar energia por um preço maior no mercado livre se conseguirmos antecipar a conclusão dos parques.
Como você avalia o leilão de reserva realizado na última sexta?
A tarifa-média ficou dentro do esperado. Com as novas exigências do governo federal (em termos de garantia de conexão), a receita das empresas que contrataram parques ficou mais ou menos 15% inferior a do leilão do ano passado.
A Bioenergy foi uma das primeiras empresas do país a apostar no segmento das energias renováveis. Quais as vantagens e desvantagens de se investir nesse segmento no Brasil?
A principal vantagem é estar em um negócio bom para o país e para o planeta, já que a energia limpa é o caminho para o desenvolvimento sustentável. A desvantagem é verificar que muitas autoridades ainda não entendem esse papel e, além de não criar incentivos, acabam criando impeditivos para o desenvolvimento dessas novas matrizes do sistema energético.
Quanto a Bioenergy espera investir em energias renováveis no país nos próximos anos?
A Bioenergy vai investir R$ 1,3 bilhão em 13 parques eólicos já contratados no estado do Maranhão. Esperamos investir também R$ 20 milhões em projetos de energia solar na Bahia.
Quais os Estados mais promissores e que despertam maior interesse da empresa no Brasil?
A Bioenergy conta com dois parques eólicos em operação no Rio Grande do Norte: Miassaba 2 e Aratuá 1. Agora, a empresa concentra investimentos em uma nova fronteira de ventos no Brasil: o estado do Maranhão.
A Bioenergy conta com quantos parques eólicos construídos no país? Todos estão gerando energia ou há parques ociosos, por falta de conexão?
Os dois parques eólicos da Bioenergy no Rio Grande do Norte estão em operação há mais de um ano e contam com conexão. Não temos nenhum parque sem conexão. Aliás, estamos construindo uma linha de transmissão no Maranhão para assegurar a conexão dos 13 parques eólicos da Bioenergy em desenvolvimento no estado. Os 13 parques eólicos em construção da Bioenergy no Maranhão têm conexão assegurada. Devem ficar prontos daqui a um ano.
Quanto a empresa investiu no Rio Grande do Norte? Há novos investimentos a caminho?
A empresa investiu R$ 120 milhões no Rio Grande do Norte. Não há novos investimentos a caminho.
A empresa cadastrou na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 20 projetos de energia eólica e solar para o próximo Leilão A-3. Os parques eólicos serão todos construídos no Maranhão. Por que a empresa escolheu este Estado?
Há mais de cinco anos a Bioenergy faz medições de vento no estado do Maranhão e conseguiu viabilizar empreendimentos com grande potencial de produtividade no local.
A falta de condições de escoamento levou a empresa a repensar sua política de investimentos? A Bioenergy desistiu de investir em eólica no RN?
A Bioenergy realmente teve alguns problemas com a Cosern, os quais estão sendo tratados com a empresa. Esses problemas realmente desestimularam a Bioenergy a desenvolver os parques planejados no Rio Grande do Norte.
Em entrevista concedida há um ano à Tribuna do Norte, a Bioenergy anunciou que transferiria quatro parques do RN para o Maranhão. Os parques foram todos transferidos? O canteiro de obras foi desmobilizado?
Os parques foram todos transferidos, conforme aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Ministério de Minas e Energia. Chegamos a instalar o canteiro de obras e fazer bem-feitorias na área, mas paralisamos em função da falta de conexão elétrica. Fizemos sim investimentos, mas eles não foram tão substanciais como início da obra ou fundação. Acredito que tenhamos perdido R$ 5 milhões.
E as terras onde os parques seriam instalados? Elas serão devolvidas aos proprietários ou continuarão arrendadas pela Bioenergy?
Estamos em fase de negociação com os empresários. Ainda vamos decidir se devolveremos ou se continuaremos com as terras.
A empresa poderá instalar novos parques eólicos nessas terras, visto que o vento no local já foi medido?
Eu não descarto essa possibilidade. Preciso ressaltar, no entanto, que o nosso foco é o Maranhão.
Por que a empresa resolveu transferir os parques que já estavam sendo construídos no RN?
Além dos problemas verificados com a Cosern, a empresa considerou que as condições nos parques maranhenses eram mais favoráveis.
Construir parques eólicos no Rio Grande do Norte deixou de ser rentável, como chegou a afirmar a Força Eólica do Brasil – outra empresa do ramo?
Não diria que deixou de ser rentável, mas as complicações burocráticas e dos serviços da Cosern realmente criaram impeditivos.
O que o Estado deveria fazer para se tornar mais competitivo nessa área?
A questão principal é a falta de linhas de transmissão suficientes e a capacidade de escoamento, que é bastante deficitária no estado, por falta de investimentos do governo federal.
Para tentar evitar que parques eólicos fiquem ociosos por falta de linhas de transmissão, o Governo Federal mudou as regras para os novos leilões de energia eólica. Agora para habilitar parques é necessário apresentar garantias de que a energia gerada será de fato escoada. Como isso mexe com o planejamento e as finanças das empresas?
Tudo isso gera, obviamente, mais custos. No caso da Bioenergy, já estávamos preparados para isso, pois estamos construindo uma linha de transmissão no Maranhão.
A mudança desestimula os empresários?
Quanto à exigência de produtividade a P90, com certeza. Trata-se de uma condição que praticamente só existe no Brasil. Isso eleva muito os custos.
A necessidade de apresentar essa garantia, fez a Bioenergy reduzir o número de projetos cadastrados no leilão de agosto?
A garantia de conexão não nos prejudicou.
A exigência levou a empresa a repensar onde aplicaria os seus recursos e escolher Estados com melhor logística e infraestrutura?
Como estamos construindo uma linha no Maranhão, a tendência é concentrarmos nossos investimentos onde teremos conexão assegurada.
O que, na avaliação da empresa, deveria ser feito para solucionar o problema envolvendo o escoamento de energia - sobretudo a gerada pelos parques eólicos - pelo Governo Federal de uma vez por todas?
Nada mais do que cumprir o próprio planejamento e os contratos assinados.
Que outros entraves impedem que o setor de energias renováveis avance mais rápido no país?
A ideia de incluir as geradoras no rateio da energia térmica emergencial, a exigência de um índice de produtividade a P90 e a exclusão dos projetos eólicos do Leilão A-5 são exemplos desses entraves.
A empresa tem planos de voltar a investir em eólica no Rio Grande do Norte?
A Bioenergy não descarta a possibilidade de investir em qualquer estado da federação, inclusive no Rio Grande do Norte.
As nove usinas solares cadastradas no leilão A-3 serão construídas na Bahia. E os projetos de energia solar no Rio Grande do Norte? Matéria publicada em abril de 2012 dizia que a empresa media radiação solar em dois municípios potiguares e que daria entrada nas licenças ambientais ainda no ano passado.
O foco da energia solar nunca foi o Rio Grande do Norte. Sempre foi a Bahia.
http://m.tribunadonorte.com.br/notic...s-no-rn/259375
__________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário