Jock Dean
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
Há 22 anos, manhã de segunda-feira, uma multidão ocupou o papódromo construído no Aterro do Bacanga para receber o papa João Paulo II. Em 14 de outubro de 1991, São Luís vivia um dia histórico de fé e devoção católica. Durante duas horas e meia, o único pontífice a visitar o Maranhão celebrou uma missa marcada pela emoção e que ficou marcada na memória dos fiéis.
Em sua segunda viagem ao Brasil, João Paulo II visitou nove capitais em nove dias. Em São Luís, percorreu várias ruas até chegar ao Centro de Formação de Líderes, no Seminário Santo Antônio.
O papa desembarcou no Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado na noite do dia 13 de outubro. Após descer da aeronave, ele beijou o chão da capital maranhense, repetindo um ritual que se tornou uma das marcas pessoais do seu pontificado, durante o qual ele visitou mais de 129 países.
A primeira visita ao Brasil ocorreu em 1980. "Eu acompanhei muito a primeira visita do papa ao Brasil. Foi um momento importante. O país ainda estava vivendo a sua abertura democrática e o papa fez as pessoas voltarem com alegria às ruas", lembra dom José Belisário, arcebispo de São Luís, que na época morava em Minas Gerais.
Após o desembarque no aeroporto da capital, João Paulo II foi cumprimentado por diversas autoridades do estado, como o então governador do Maranhão, Edison Lobão, e o senador José Sarney. Em seguida, ele desfilou no papa-móvel por ruas da cidade, sendo acompanhado por uma multidão que aguardava ansiosa. Um dos principais pontos onde se concentraram os fiéis foi à ponte do São Francisco, que teve o trânsito interditado naquela noite.
Enquanto percorria avenidas da cidade, seminaristas aguardavam o sumo pontífice na Igreja de Santo Antônio, na Praça Antônio Lobo, Centro, onde ele foi acolhido pela Arquidiocese de São Luís. O papa ficou hospedado no Centro Teológico do Maranhão, prédio ligado ao Seminário Santo Antônio, onde até hoje estão preservados os aposentos e os mais de 200 objetos utilizados por ele durante os dois dias em que passou na capital.
Missa - A missa presidida por João Paulo II foi concelebrada por 200 sacerdotes e contou com a presença de 12 bispos do Maranhão, além de quatro bispos e quatro monsenhores do Vaticano. O papa chegou ao local por volta das 8h a bordo do papa-móvel e em seguida dirigiu-se à sacristia improvisada no anfiteatro, de onde, após paramentar-se, seguiu ao altar para dar início à celebração, assistida por milhares de pessoas - à época, São Luís tinha 695.199 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
João Paulo II fez na Ilha um pronunciamento crítico sobre a questão socioeconômica brasileira. "Em sua visita ao Maranhão, o papa falou sobre a questão agrária. Essa foi uma sugestão que ele recebeu dos sacerdotes do estado e com isso, em sua pregação, reformou dogmas importantes da doutrina social da Igreja, como a prática do bem comum", frisou dom José Belisário. Um dos pontos altos da celebração eucarística foi a homenagem ao Livro dos Evangelhos, que recebeu a bênção do papa. O pontífice chegou a descer a rampa do anfiteatro para dar a comunhão aos fiéis especialmente convidados para o evento.
Terminada a celebração, o papa se recolheu novamente para o Seminário Santo Antônio, onde se preparou para o embarque no aeroporto da capital. A ida ocorreu no papa-móvel e mais uma vez João Paulo II foi acompanhado de perto por uma multidão de pessoas que queriam se despedir do sumo pontífice. No aeroporto, pouco antes do embarque na aeronave, o governador do estado, Edison Lobão, entregou um presente a João Paulo II.
Lembrança - Segundo dom Belisário, a vinda de João Paulo II a São Luís foi muito importante e até hoje é lembrada pelos fiéis. "O papa João Paulo II foi um papa com o qual os fiéis se identificaram muito. Ele foi um grande comunicador, acolhia as pessoas e levou a Igreja ao mundo. Por isso ele ainda hoje é um papa muito popular", comentou o arcebispo da capital.
Um dos exemplos da influência da vinda do papa a São Luís é a Unidade Integrada João Paulo II, escola da rede pública estadual, localizada na Avenida Cinco, no Habitacional Turu. Fundada em 1º de agosto de 1979 com o nome de Unidade Escolar Nova do Turu, teve o nome modificado por ocasião da visita do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1991, sobretudo por causa da vida à capital do estado.
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