quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ator maranhense em série nacional

O ator Antonio Saboia é um dos protagonistas da série Beleza S/A, que será exibida a partir de hoje, no GNT
 
Napoleão Saboia
Especial para o Alternativo


O ator franco-maranhense Antonio Saboia, 28 anos, é o sedutor e ambicioso dr. Jairo, personagem da série cômica Beleza S/A, que estreia hoje, às 23h, no canal GNT, tendo como tema o dia a dia de uma sofisticada clínica de cirurgia plástica.
Tão logo conclua a participação no programa de lançamento da produção, o artista virá passar alguns dias em São Luís, a cidade de suas “fantasias infantis e amores adolescentes”. Retomará, então, o contato com os familiares e amigos aqui residentes e ligados às artes cênicas com os quais discutirá projetos relativos ao Maranhão.
Na série Beleza S/A, de 13 episódios, produzida pela O2 Filmes, com direção geral de Fabrizia Pinto, Jairo (Antonio Saboia) é sócio de seu colega, também cirurgião plástico, Alex Uberwald (Antonio Petrin), que chefia a clínica, e da endocrinologista Cleo (Gabriela Carneiro da Cunha). São tumultuosas as relações entre os três, já que divergem muito na abordagem dos casos a serem tratados.
Enquanto Alex, mais velho e mal-humorado, procura conter e mesmo recusar pacientes caricatos e obcecados em melhorar a aparência a qualquer preço, ainda que isso comporte o risco de deformações, Jairo, mais jovem e ganancioso, topa tudo por dinheiro. Entre os dois, Cleo, que mantém um romance secreto com Jairo, faz mais ou menos às vezes de bombeiro, quando não toma o partido de Alex. No trabalho propriamente dito, cabe-lhe a função de ajudar os pacientes a conhecerem os segredos do corpo humano, a bem avaliar as consequências do procedimento cirúrgico desejado.
“Para Cleo, as pessoas que vêm à clínica são pacientes, mas para Jairo elas são apenas clientes, cuja vontade ele não discute. Executa-a no ato, sem pestanejar, como uma mudança de sexo, por exemplo. O que lhe importa é alcançar o objetivo de ser rico e famoso”, Saboia observa, para ressalvar em seguida: “Cleo é a única inspiração que lhe faz se sentir mais humano, é a fonte de seu problemático equilíbrio”.
Sobre o patrão Alex, o pensamento de Jairo é franco, pragmático, sem concessões: “Jairo aprendeu tudo com Alex. Mas cansou-se de ser pupilo e quer agora ser independente, o rei da cirurgia plástica e ter o reconhecimento de seu mestre”.
Mestre Alex, encarnado por Petrin, ator da velha guarda, 75 anos, compreende a gana do pupilo impetuoso. Porém, deu-se limites éticos, moderou a prática do cinismo e passou a rechaçar as demandas que julga aberrantes, tendo sempre em mente o fato de haver perdido a filha numa lipoaspiração malfeita.
Como na série, “igualzinho”, Petrin lembra as companheiras de trabalho que, na busca da eterna juventude em aparências, recorreram à cirurgia plástica – e o resultado revelou-se catastrófico. “Fico abismado quando vejo no que se transformou a cara dessa ou daquela colega. Elas perdem a credibilidade”, o ator ajuíza. E revela que “os produtores de elenco têm, hoje, dificuldade em encontrar uma atriz com rosto envelhecido naturalmente”.
Foi constatando casos dramáticos como esse que Andrea Barata Ribeiro, sócia da produtora O2, teve a ideia de tratar da plástica e da estética “com uma visão ácida”. Criadora da trama com o roteirista Marcio Alemão Delgado, ela sublinha que o lado amargo do drama é contrabalançado pela pegada de humor e de benevolente perfídia assim como pelo tom sarcástico com que são focalizados os casos cirúrgicos com seus exageros e patéticas sequelas. Não é menos ressaltada, ao longo dos 13 episódios, a questão da ética na medicina, dos limites que esta impõe às cirurgias em nome da beleza. Há toda uma reflexão sobre os sacrifícios admitidos na busca do prazer e da perfeição, o que pode levar, aqui e ali, a desfechos trágicos,
“É muito triste ver como as pessoas querem ficar jovens de qualquer maneira numa tentativa de enganar a morte”, pondera a diretora geral Fabrizia Pinto, acrescentando: “Vamos mostrar essa loucura fomentada pelo mito da falsa beleza e da eterna mocidade. Os exageros é que são ruins, como os que acontecem com a moda ou mania nacional da lipoaspiração, por exemplo”.
Para a atriz Gabriela Carneiro da Cunha (Cleo), Beleza S/A retrata um problema da sociedade de consumo centrado na busca exacerbada que as pessoas realizam de uma imagem ideal de si próprias. “Nisso procuram modelos e acabam frequentemente ficando insatisfeitas ou satisfeitas parcialmente e tornam a bater na porta da clínica”.
Ela concorda com a opinião da diretora Fabrizia Pinto de que “uma série de televisão não será capaz de mudar um comportamento ou uma tendência, de levar alguém a cancelar uma plástica, mas a gente está colocando nosso grãozinho no debate”. E enfatiza:
“A gente está parando para pensar nos ‘porquês’ dessa mescla de motivações psicológicas, emocionais e estéticas que propiciam a expansão vertiginosa da industria da beleza no país”.

Harmonia - Filosofia e estética à parte, foi de descontração, alto-astral, hino à vida, o espírito predominante na preparação da série. Mesmo quando Jairo, naquela cena de intensa altercação com Cleo, levou imperiosa saraivada de tapas. A equipe da filmagem não reteve os risos.
“Como a cara já estava naquela efervescência toda, eu não senti nada na hora. Só depois”, Antonio confessa. “No fim, eu já estava pensando – ai, tadinho, mas se a coisa é para valer, para ser real, então haja realismo na palma da mão”, Gabriela se esbalda.
Antes de começar a série, ela tentou fazer um tratamento em uma clínica de verdade. “Fui lá, mas saí depressa. Achei tudo muito esquisito”, comenta a atriz, que se apressa em dizer que não se submeteu a nenhuma cirurgia plástica - e declara a idade com firme e gaiata inflexão: “Tenho 31, com peças originais”.
Por sua vez, Antonio Saboia recebeu do reputado cirurgião plástico Alberto Gattaz Sobrinho as dicas de gestos técnicos indispensáveis à sua atuação na clínica fictícia, localizada na história numa área chique de São Paulo. “Alberto foi legal, rápido e preciso na transmissão dos macetes que dariam maior verossimilhança à minha representação como cirurgião”, ele reconhece e agradece.
Durante sua próxima estada em São Luís, o ator franco-maranhense discutirá com seus amigos e colegas de batente um de suas aspirações mais caras e recorrentes: a adaptação para o cinema de obras de autores da terra. “Temos uma cultura popular riquíssima, tradições artísticas que se singularizam no plano nacional pela significação e grandeza, sem falar dos soberbos cenários que São Luís e os Lençois Maranhenses oferecem para as mais exigentes produções, inclusive de outras procedências”, afirmou.

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