sábado, 1 de junho de 2013

Cabotagem requer investimentos para alcançar excelência, diz CNT


Conclusão integra pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte, que revelou as vantagens do modal marítimo.
 
BRASÍLIA - A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nesta semana a Pesquisa CNT do Transporte Aquaviário - Cabotagem 2013. Esse tipo de transporte é referente à movimentação de cargas entre portos de um mesmo país, utilizando a via marítima, podendo conectar portos marítimos e fluviais. De acordo com a entidade, o modal marítimo é viável e tem boa relação custo/benefício, mas precisa de investimento.
O estudo faz uma avaliação detalhada do setor, com a identificação das principais características e números desse tipo de navegação. Além disso, apresenta uma análise qualitativa realizada a partir de entrevistas com mais de 100 clientes que utilizam ou utilizaram regularmente a cabotagem no Brasil.
A cabotagem oferece uma série de vantagens para o transporte de mercadorias no país. Entre os benefícios econômicos estão a grande capacidade de carregamento, o menor consumo de combustível por tonelada transportada, o reduzido registro de acidentes, o menor custo por tonelada-quilômetro, o menor custo de seguro e a menor emissão de poluentes. Apenas em relação à capacidade de carregamento, uma embarcação dá conta de transportar 5 mil toneladas. Para transportar a mesma quantidade por outros modais, são necessários 72 vagões (com 70 toneladas cada) ou 143 carretas (com 35 toneladas cada).
Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, é importante destacar que a cabotagem pode contribuir para garantir o equilíbrio da matriz nacional, mas ainda é preciso investir para que a logística brasileira alcance a excelência nos serviços. "A CNT tem reivindicado sistematicamente infraestrutura para a realização do transporte marítimo pela extensa costa brasileira, com vistas à multimodalidade", argumenta.
A pesquisa também apresenta os principais entraves existentes para o desenvolvimento da atividade e propõe soluções. "O relatório da Confederação apresenta o que é preciso fazer para aproveitar as vantagens oferecidas pela navegação de cabotagem e, assim, reduzir o 'custo Brasil'", afirma Clésio Andrade. Ele acrescenta que a navegação pela costa nacional tem uma extraordinária capacidade de agregar valor à logística de transporte.

Entraves - Mesmo com uma costa marítima de 7,4 mil quilômetros e um elevado potencial de utilização, a navegação de cabotagem no Brasil ainda sofre com diversos fatores que restringem o seu crescimento. A infraestrutura portuária deficiente é considerada um problema muito grave, que tem impedido o desenvolvimento da atividade, para 79,3% dos entrevistados. Na sequência, estão a deficiência dos acessos terrestres aos portos (63%) e a ausência de manutenção dos canais de acesso e dos berços (63%).
As tarifas elevadas também foram consideradas um problema muito grave por 56,5% dos clientes, assim como a baixa oferta de navios (55,4%), o excesso de burocracia (53,3%) e a carência de linhas regulares (52,2%). Os usuários citaram ainda como problemas a demora no trânsito das cargas, a política de combustíveis, o tratamento equivalente ao da navegação de longo curso.
Apesar das dificuldades, a navegação de cabotagem apresentou crescimento nos últimos anos. Entre 2006 e 2012, a alta foi de 23%. No ano passado, foram movimentadas 201 milhões de toneladas por toda a costa brasileira, volume 3,9% superior a 2011. Entre os principais produtos transportados, destacam-se os combustíveis e os óleos minerais, com 77,2% de participação, a bauxita, com 10,1%, e os contêineres, 5,1%.
"A melhoria dos serviços prestados pelos portos e pelos demais entes da cadeia logística é imprescindível para aumentar a atratividade do uso da cabotagem", ressalta o senador Clésio Andrade. Para tanto, segundo ele, é preciso desburocratizar as atividades e aumentar a eficiência dos serviços desenvolvidos, como as operações para movimentação e acondicionamento de cargas.
A pesquisa da CNT conclui que é necessário estimular a construção naval no Brasil e investir em obras de infraestrutura logística, como acessos aos terminais portuários, obras de derrocamento e de dragagem, revitalização dos equipamentos e da infraestrutura dos portos, aumento das áreas portuárias e construção de novos portos para possibilitar novas rotas.

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Principais locais de movimentação de cargas de cabotagem:

- Plataformas marítimas
- Porto de Santos (SP)
- Porto de Vila do Conde (PA)
- Porto de Suape (PE)
- Porto de Itaqui (MA)
- Porto de Paranaguá (PR)
- Terminal de Uso Privativo (TUP) Almirante Barroso (SP)
- TUP Madre de Deus (BA)
- TUP Almirante Maximiano Fonseca e TUP Almirante Tamandaré (RJ)


- Outros:
Trombetas (PA),
Alumar (MA),
São Francisco do Sul (SC),
Almirante Soares Dutra (RS)


Principais produtos transportados na navegação de cabotagem:

- Combustíveis, óleos minerais e outros produtos: 77,2%
- Bauxita: 10,1%
- Contêineres: 5,1%

Fonte: Agência CNT

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