Ribamar Cunha
Subeditor de Economia
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acompanhou, semana
passada, a 11ª Rodada de Licitação, realizada pela Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio. Dispensou atenção especial às áreas
de interesse do Maranhão, como as bacias do Parnaíba, Pará-Maranhão e
Barreirinhas. Em entrevista exclusiva a O Estado, o ministro fez um balanço
positivo do leilão e destacou o potencial maranhense para exploração de petróleo
e gás, que atraiu, nesta rodada, o interesse de grandes empresas nacionais e
estrangeiras. Ele também anunciou para outubro uma nova rodada, na qual serão
incluídos novos blocos do Maranhão e diversos estados, voltada para a produção
de gás convencional e não convencional.
O Estado – Como o senhor avalia o resultado da 11ª Rodada de
Licitação, com resultados acima do esperado, tendo em vista que há cinco anos
não se realizava um leilão de petróleo e gás?
Edison Lobão - Isso demonstra o interesse das empresas na
prospecção e produção de petróleo no Brasil. Além de empresas nacionais,
participaram companhias de outros 11 países, tais como dos Estados Unidos,
Portugal, França, Reino Unido e Noruega. Foram empresas que enxergaram no Brasil
grandes oportunidades de investimentos na área de petróleo e gás. Tivemos nessa
rodada um número recorde de empresas participantes, sendo a maioria de
operadoras A, ou seja, com capacidade para atuar em águas profundas. Além disso,
tivemos um resultado extraordinário no leilão, com uma arrecadação recorde de
bônus de assinatura, que chegou a
R$ 2,8 bilhões, o que representou um ágio de quase 800%.
O Estado – Das três bacias em que havia oferta de áreas
maranhenses, a de Barreirinhas se notabilizou pelo valor arrematado. Por que o
interesse das empresas por blocos nessa bacia?
Edison Lobão - Em Barreirinhas, os blocos foram arrematados em
valores expressivos, o que é mais uma demonstração de confiança de que o
Maranhão tem petróleo sim. Nesta região, conforme estudos da Agência Nacional de
Petróleo, há indicativos de presença de óleo leve da maior qualidade, que serão
explorados pelas empresas que arremataram blocos. Em Barreirinhas, tivemos cinco
empresas vencedoras – as estrangeiras BG Energy, BP e Chariot e as nacionais OGX
e Ouro Preto. Os investimentos delas em atividades de exploração serão
superiores a R$ 1,4 bilhão. A mesma expectativa de sucesso exploratório temos em
relação à Bacia Pará-Maranhão, que também tem potencial para o petróleo, e que
teve blocos arrematados pelo consórcio Queiroz Galvão/Pacific Brasil. Estamos
fazendo novos levantamentos sísmicos na costa do Maranhão para que se tenha uma
segurança maior quanto aos futuros blocos que vamos ofertar.
O Estado – O resultado da Bacia do Parnaíba o surpreendeu ou o
senhor esperava que todos os blocos fossem arrematados?
Edison Lobão – Não nos surpreendeu. Já esperávamos que todos os
20 blocos ofertados fossem arrematados, tanto em áreas do Maranhão como do
Piauí. O leilão dessa bacia foi um sucesso muito grande, com valores
extraordinários. As empresas vencedoras dos blocos foram, de modo geral, a OGX e
a Petra Energia, que já atuam na região e que fizeram seus lances com a
segurança de que conhecem muito bem o terreno onde pisam. Outras empresas, como
a Petrobras, que em parceria com a companhia Portuguesa Petrogal também adquiriu
blocos na bacia, e a Ouro Preto e Sabre também explorarão o potencial de
Parnaíba, em busca não só de gás, como de petróleo.
O Estado – Qual o impacto para o Maranhão da descoberta de gás
pela OGX na Bacia do Parnaíba?
Edison Lobão - A descoberta, além de consolidar o Maranhão no
mapa exploratório de petróleo e gás, está criando emprego e renda na região e
abrindo portas para inúmeras oportunidades de negócios. É uma bacia que está se
mostrando uma área promissora para a produção de gás e até mesmo de petróleo.
Hoje, o gás produzido em Capinzal do Norte está produzindo energia elétrica. São
4,5 milhões de metros cúbicos de gás que estão sendo produzidos por dia e há uma
perspectiva de muito mais em toda essa região. Além da energia, este gás deverá
ser utilizado para outras atividades, como a indústria.
O Estado – Por falar em energia elétrica, o Maranhão tornou-se
um grande produtor deste insumo. Há mais investimentos previstos nessa área?
Edison Lobão - O Maranhão produz energia em matriz hidrelétrica,
em Estreito, e a partir de termelétricas instaladas em São Luís, Miranda do
Norte e Santo Antônio dos Lopes. Temos, também, projetos de energia eólica que
serão implantados na região de Paulino Neves e Tutoia. Todo esse potencial
elétrico será ampliado com a construção de três a cinco pequenas hidrelétricas
no rio Parnaíba, entre o Maranhão e o Piauí. Além disso, o estado tem hoje uma
grande estação redistribuidora de energia, em Imperatriz, que é hoje uma das
maiores do país.
O Estado – Voltando à questão do petróleo e gás, mais duas
rodadas de licitação serão realizadas este ano. O Maranhão terá áreas em
ofertas?
Edison Lobão - Em outubro, faremos uma nova rodada - na qual
serão incluídos novos blocos do Maranhão e diversos estados - voltada para a
produção de gás convencional e não convencional. Nossa expectativa também é de
grande procura por essas áreas, assim como foi na 11ª Rodada. Já em novembro,
teremos mais uma rodada, mas que abrangerá áreas do pré-sal, região que
concentra hoje mais de um terço da produção de petróleo do Brasil.
O Estado – Ministro, quando se fala em petróleo, logo se associa
a refino. Como anda o projeto da Refinaria Premium I?
Edison Lobão - O projeto da refinaria é uma realidade. Está em
fase final de reavaliação e recomposição pela Petrobras para ser construída. A
refinaria terá capacidade para processar 600 mil barris de petróleo/dia e sua
primeira etapa entrará em operação em 2016 ou 2107, no máximo. Os próximos
passos serão a construção de prédios civis, subestação de energia elétrica,
bases para instalação de equipamentos, entre outros serviços.
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