Timbalada leva 50 mil pessoas para a folia na Praça Deodoro

Público recorde do Carnaval lotou todos os cantos do Ponto da Mistura. Veja mais fotos da noite de folia.

 

André Lisboa
Da equipe de O Estado

 

O batuque do timbal, o tilintar do agogô e o rufar dos tambores marcaram a noite do Domingo de Carnaval na festa realizada pelo Governo do Estado na Praça Deodoro (Centro). Com recorde de público até agora nas apresentações realizadas na folia deste ano, o show da Timbalada tirou 50 mil pessoas de suas casas para dançar e cantar as músicas do grupo baiano, conduzido pelo vocalista e percussionista Denny.

Por volta das 18h40, a folia começou com um dos grupos que é referência do Carnaval no Maranhão, a Mákina du Tempo, que tocou marchinhas, baladas e outros ritmos. Fernando Rodrigues, líder da banda maranhense, iniciou seu show interpretando versões de sucessos das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000.

Do alto do palco, o vocalista encarnou a folia carnavalesca, vestido de vaqueiro, com a banda fantasiada de super-heróis. Uma das canções que agitaram o público foi Vou deixar, do grupo mineiro Skank. Ao ouvir os versos Vou deixar a vida me levar/ Pra onde ela quiser/ Estou no meu lugar, os foliões pularam e cantaram acompanhando Fernando Rodrigues e sua trupe.

Durante a apresentação, a parte frontal da estrutura metálica - com palco de 120 metros e dois telões de LED - já estava tomada pelos fãs que aguardavam a Timbalada.

Público - A Praça Deodoro, a Praça do Patheon e a Rua do Passeio - no sentido Cajazeiras - ficaram tomadas por uma multidão vestida com fantasias, usando perucas e máscaras dos mais variados estilos. Do choro e riso do Arlequim, às máscaras sedutoras de olhos pontiagudos, a moda do Carnaval mostrou a sua diversidade e popularidade. Eram jovens, adolescentes, crianças e adultos em um único bloco. As perucas coloridas também chamaram a atenção. Podiam ser vistas no estilo Black Power ou Nega Maluca e modelos com corte Chanel e cores berrantes.

Houve quem arrastasse a família inteira para a gandaia em praça pública. Foi o caso da vendedora Ana Rosa Frazão Ramos, de 40 anos, que levou consigo para a festa na Deodoro quatro filhos e mais uma amiga. "Vim para me divertir e tenho achado a festa muito divertida. Os meus filhos quiseram vir à festa e, como a segurança está muito boa, não vi problema nenhum", disse.

Pessoas de diversos bairros de São Luís conferiram uma democrática festa, marcada pela atuação da Polícia Militar, articulada em cavalaria, escoltas a pé e torres de segurança. Uma central de vigilância comandava o trabalho das equipes, que, em resposta a qualquer início de tumulto, entravam em ação para reprimir aqueles que buscavam estragar a festa da maioria, que buscava apenas a diversão.

Timbaleiros - E vendo a multidão que aguarda com muita vontade de pular, o vocalista da Timbalada, Denny, iniciou um dos shows mais vibrantes de sua carreira. Vestido de branco, o cantor entrou no palco depois de fugir por um dia da folia baiana, onde comanda um dos carnavais mais importantes do país. No palco, ele pode ver o gigantesco número de fãs que estavam na Praça Deodoro para ouvir sua voz e o gingado de sua banda.

Ao cantar a música Beija-Flor, Denny controlou um coral de milhares de vozes, entoando alguns dos versos que fizeram da Timbalada um grande sucesso em todo o Brasil. Eu fui embora, meu amor chorou foi repetido pelo público maranhense, que ainda ouviu sucessos de toda a história do grupo, principalmente as canções criadas por Carlinhos Brown, um dos fundadores do grupo de Salvador.

Em entrevista coletiva antes do show, o vocalista do grupo adiantou em tom de gratidão que essa seria uma das apresentações mais marcantes de sua vida, porque, segundo ele, o respeito e o carinho que todos sentem pela cidade são inestimáveis. "Nós estávamos em Salvador e viemos a São Luís para trazer um pouco da alegria do nosso Carnaval. Nós nos preparamos durante muito tempo para esta maratona de folia, que vai nos levar a tocar em diversos cantos do país", disse Denny.

Uma das canções que marcaram a gravação do primeiro DVD do grupo na Ilha foi Bumba Meu Boi de Timbalada, que Denny citou na entrevista, como homenagem à capital maranhense. E com essa postura de respeito, o vocalista tocou timbal, dançou, oferecendo água mineral aos maranhenses, que assistiram a um show de duas horas.

Fã-clube - No meio do público que viu o show, Denny leu cartazes com palavras carinhosas preparado pelo fã-clube "Nada Pode Parar". Composto por 20 pessoas apaixonadas pelas músicas e pela filosofia de vida dos timbaleiros - diversão, paz e amor -, o grupo arregimenta desde 2009 interessados em conversar sobre as músicas e ir a todos os shows da banda baiana. "Vamos ao máximo de shows que podemos. Este ano, muitas pessoas saíram daqui e foram para a Bahia ver o grupo. Aqueles que ficaram puderam assistir à apresentação local", disse Rita Coelho, integrante do FC Nada Pode Parar.

A noite de shows foi encerrada com o músico Pepê Junior, que tocou sucessos de sua carreira e ainda adicionou versões de canções famosas em seu repertório. O cantor abriu a apresentação com GangnamStyle, do rapper sul-coreano Psy. A canção é um dos hits do Carnaval brasileiro e se tornou a música mais ouvida no site de compartilhamento de vídeos Youtube.com. Pepê Junior contou com a ajuda do parceiro musical Betto Pereira, com quem já se apresentou diversas vezes ao longo de sua carreira. Os dois cantaram sucessos compartilhados nos palcos, principalmente composições autorais.

Comércio ambulante lucra com as festas de Momo

Nos arredores do palco, vendedores ambulantes satisfaziam a fome e a sede da multidão que lotou o logradouro mais conhecido de São Luís. Espetinhos, pastéis e outros salgados, cerveja, refrigerante, sorvete e água mineral foram os produtos mais vendidos na noite, segundo os vendedores. "É com certeza o que mais sai, porque é rápido e saboroso", disse a vendedora Ivone Oliveira Santos.

Para ela, a folia carnavalesca é um momento de aumento da renda doméstica. Ela trabalha como diarista, mas aproveita as festas para vender salgados, refrigerantes e cerveja. O preço mais baixo facilita a saída dos produtos. "Estou aqui há pouco tempo e já vendi alguns produtos. Espero que no intervalo do show melhore a saída. A vontade é sair com uma boa grana para ajudar nas contas", frisou.

Além dos produtos alimentícios, muitos eram aqueles que vendiam sprays com espuma utilizados por foliões para chamar atenção e aumentar o clima de alegria e descontração no meio da roda de amigos. O vendedor Carlos Souza circulou durante toda a noite em meio ao público, oferecendo o acessório. "Chego a vender 20 desses sprays por noite. Não dá para sustentar a casa, mas já ajuda em alguma conta", disse ele, que levou a mulher para ajudar nas vendas.

Para o estudante Ricardo Pereira, apesar de a comida ser preparada na hora, não havia temor quanto ao risco de contrair alguma doença. "Eu tenho o organismo forte. Acho que não vai acontecer nada, sou acostumado com esse tipo de comida", brincou o estudante, que comia churrasquinho na Praça Deodoro.