quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cultura paga um preço alto ao eleger um evangélico em cargos majoritários

Para o Carnaval de 2014

Agremiações esperam o Carnaval do próximo ano para colocar na passarela enredos que seriam apresentados este ano.
Sem ter como desfilar na Passarela do Samba (Anel Viário) este ano, as escolas de samba e blocos tradicionais de São Luís planejam o que fazer com parte do trabalho que já havia sido executado visando ao concurso. Na maioria das agremiações, o consenso é guardar para 2014 as alegorias, fantasias e carros que estavam prontos para a disputa.
No entanto, como em todos os anos, as escolas não deixarão de participar do Carnaval. As baterias das agremiações, bem como alguns de seus integrantes, desfilarão pelo circuito de rua montado na programação do Governo do Estado e vão levar uma amostra do desfile que deveria ser apresentado na Passarela do Samba. Essa também será a participação dos blocos tradicionais. Isto será o mais próximo que as manifestações chegarão da folia de Momo. Para algumas delas, que estavam com a preparação de seus desfiles bastante adiantada, o prejuízo vai para além do material, por causa do sentimento de frustração de seus integrantes.
Para o assessor de imprensa da Favela do Samba e ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Euclides Moreira Neto, a agremiação da qual faz parte foi prejudicada com a decisão. “O sentimento que fica não é apenas de perdas materiais, mas principalmente o sentimento de frustração entre os integrantes que se dedicam ao Carnaval durante o ano todo”, lamenta.
A agremiação, que este ano levaria para a passarela um enredo inspirado nos títulos conquistados pela escola nos últimos anos, deverá empacotar alegorias, fantasias e carros alegóricos que estavam praticamente prontos para o concurso de passarela. “Nós preparamos 85% do desfile, estávamos com quase tudo pronto para disputar o título”, diz Euclides Moreira Neto. A preocupação da diretoria da Favela é de que, por serem confeccionadas com materiais perecíveis, as alegorias percam seu brilho e beleza durante os meses que ficarem guardadas.

Dívidas - A mesma preocupação é compartilhada pelo diretor da Turma do Quinto, Marcos Túlio. Segundo ele, o desfile – que este ano levaria para a passarela a história do pai de santo Bita do Barão – estava com 75% dos preparativos concluídos. “Agora o que nos inquieta são as dívidas acumuladas pela escola, estamos cheios de conta para pagar e só vamos contar com os cachês pagos pelo Governo do Estado”, assinala Túlio.
Por causa disso, a escola da Madre Deus pretende acionar judicialmente a Fundação Municipal de Cultura, órgão ligado à Prefeitura de São Luís e responsável por promover o Carnaval de passarela. “Vamos alegar perdas e danos porque com a não realização do Carnaval de passarela, os parceiros que investiriam na escola acabaram desistindo, o que nos trouxe prejuízos”, adianta.
De acordo com o presidente da Turma do Quinto, a exemplo da Favela, todo o material confeccionado será acondicionado em caixas para ser usado ano que vem. “Mas, para isso, temos de alugar um barracão para poder guardar também os carros alegóricos, o que nos trará mais despesas”, sentencia.
A maioria das escolas de samba de São Luís foi contratada pelo Governo do Estado para integrar a programação dos circuitos carnavalescos de rua. “Vamos passar nos circuitos sim, levando o que a Secretaria de Estado da Cultura pede que é a bateria, um casal de mestre-sala e porta-bandeira, rainha e princesas e também as passistas. Também levaremos mais um casal de mestre-sala e porta-bandeira e muitos integrantes”, adianta Euclides Moreira Neto, falando pela Favela. A Turma do Quinto fará o mesmo. Marambaia, Flor do Samba e demais agremiações também estão confirmadas no circuitos dos dias oficiais de folia.
Documentário - O cineasta Murilo Santos, com a intenção de registrar este momento pelo qual passa o Carnaval de passarela de São Luís, está gravando entrevistas e depoimentos de pessoas envolvidas com a produção não só das escolas de samba, mas também dos blocos tradicionais e demais grupos carnavalescos que dependem da passarela do samba para seus concursos de Carnaval.
De acordo com o cineasta, a intenção é registrar a situação. "Queremos fazer um levantamento neste momento para depois trabalhar o tema de forma científica, em um documentário que resgate a luta dos carnavalescos e pessoas que gostam de cultura popular", disse.
Estão sendo ouvidos por Murilo Santos carnavalescos, costureiras, ferreiros, aderecistas, coreógrafos, dançarinos, produtores de festas carnavalescas e donos de estabelecimentos que comercializam produtos do Carnaval.

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