sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cemar investiu R$ 2,8 bilhões em modernização na rede

Foto: Arquivo/Biné Morais/O Estado

Executivo explica o que está sendo feito para evitar interrupções no início do período chuvoso.

Maurício Araya/Imirante
 
SÃO LUÍS – Nessa quinta-feira (29), após a chuva que atingiu São Luís durante a madrugada, vários bairros da capital maranhense tiveram o fornecimento de energia elétrica interrompido. O problema afetou os bairros do Areinha, Madre Deus, Lira, Belira, Centro, Camboa, Coreia, Parque Amazonas, Bairro de Fátima, Liberdade, Retiro Natal, Vila Passos, Vila Bacanga e Macaúba, em virtude do bloqueio do transformador de força da subestação do Centro da cidade. Bairros atendidos pela subestação localizada no bairro Renascença, também, tiveram o fornecimento de energia elétrica interrompido ao longo da quinta-feira.

Por meio de nota enviada ao Imirante, a Companhia Energética do Maranhão (Cemar) informou que as várias ocorrências de interrupção da energia elétrica aconteceram "em virtude de problemas na rede de distribuição, relacionados com as chuvas e fortes ventos em algumas regiões na Ilha de São Luís". "A partir das primeiras chuvas, iniciamos a operação do nosso ‘Plano de Contingência para o Início do Período Chuvoso’, como acontece todos os anos, e assim atender às ocorrências que acontecem em virtude dos transtornos causados pelas chuvas, ventos e fortes descargas atmosféricas", diz o gerente de Operação do Sistema da Cemar, Rubens Briseno. A companhia informou, ainda, que diversas ações de manutenção preventiva já vinham sendo executadas nas redes de distribuição como: a lavagem da rede elétrica, poda de galhos de árvores próximos da rede de energia, colocação de espaçadores (peças de PVC) na rede de baixa tensão para evitar que os ventos fortes causem curto-circuito, além da substituição de componentes da rede elétrica. Segundo a empresa, essas ações minimizaram os efeitos e transtornos ao sistema elétrico com as primeiras chuvas, após um longo período de estiagem.

De acordo com o executivo de Comunicação da Cemar, Luiz Carlos Cardoso, R$ 2,8 bilhões foram investidos, nos últimos oito anos, na modernização da rede de fornecimento de energia elétrica. "A condição e a característica do sistema elétrico acaba favorecendo, anualmente, situações como essa. Se a gente for olhar na linha histórica, no passado, há oito anos, nós tínhamos um impacto muito maior no início de cada período chuvoso. Diferentemente daquele período, hoje, esses impactos são menores. Nós perdíamos subestações inteiras. Isso causava um transtorno maior. Após esses oito anos de investimentos, os impactos, ainda, acontecem, mas em uma escala bem menor. Tecnicamente, os engenheiros têm colocado isso, existem, sim, alternativas, só que são alternativas que têm custos elevados. Como o mercado é regulado, e existe nesse ambiente regulatório o que se chama de modicidade tarifária, os investimentos feitos no sistema elétrico pelas distribuidoras são absorvidos, por conta das regras da agência reguladora, na tarifa. Isso iria elevar a tarifa e, logicamente, comprometer os consumidores", disse em entrevista, na manhã desta sexta-feira (30), ao Imirante.

O executivo explica, ainda, que a empresa tem ampliado as ações de prevenção na rede, como a substituição das linhas de distribuição de energia. As linhas de média e alta, segundo o representante da companhia, já são mais robustas. A Cemar, agora, investe na substituição das linhas de baixa tensão (que levam a energia elétrica para os consumidores residenciais, por exemplo), com a aplicação de cabos multiplexados, que protegem as linhas de distribuição, e conexões mais resistentes aos fatores biológicos. "O trabalho é gradual, porque ele está ligado ao investimento. Mas, a cada ano, nós vamos avançando", completa Cardoso.

Soluções

Para especialistas, a melhor opção seria a rede subterrânea de distribuição de energia elétrica, mas a medida esbarra nos altos custos da mudança. Outro fator que inviabiliza isso é a grande regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que não permite grandes investimentos para que os custos não sejam repassados para as tarifas e, consequentemente, protegendo o consumidor.

"O que poderia resolver, definitivamente, isso seriam as linhas subterrâneas, mas os custos são elevados. Eu diria que é uma ‘externalidade’ que o consumidor, infelizmente, precisa conviver. Não sei se, no futuro, o marco regulatório poderia avançar para algo como um seguro, mas soluções por adesão, não por obrigação. Pela natureza intrínseca do sistema de distribuição de energia, pelas condições climatológicas e geográficas da Ilha, velocidade e quadrante dos ventos, pela questão do marco regulatório, essas fragilidades são inerentes ao sistema. Não há como evitar", explica o presidente do Clube de Engenharia do Maranhão (CEM), o engenheiro Francisco Soares.

Prejuízos

Seguindo a determinação da Aneel, o valor referente ao período de interrupção do fornecimento de energia elétrica além da meta mensal do indicador será repassado ao consumidor na forma de desconto na conta.

Os consumidores que tenham alguma suspeita de queima de eletrodomésticos ou eletroeletrônicos em função da queda de energia elétrica podem acionar a Central de Atendimento ao Cliente da Cemar, por meio do telefone 116, onde serão orientados sobre os procedimentos e documentações necessárias para requerer o ressarcimento dos prejuízos, seguindo os prazos estabelecidos pela Aneel. É importante ressaltar que o equipamento não pode ser consertado durante a tramitação do processo administrativo.

Meteorologia

Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a nebulosidade, que causou as chuvas que atingiram as regiões norte e noroeste do Maranhão nessa quinta-feira, se intensificou "pelo posicionamento dos ventos em altitude, que aumentaram a divergência em altitude". O calor e a convergência de umidade em baixos níveis favoreceram essa instabilidade. A presença de um vórtice ciclônico, também, contribuiu para a nebulosidade profunda na região.

Nesta sexta-feira, a previsão é de variação de nuvens com fortes pancadas de chuva para grande parte do Maranhão. No norte do Estado, a temperatura pode chegar aos 34°C. Em São Luís, o dia terá chuva de curta duração, que pode ser acompanhada de trovoadas a qualquer hora do dia.

Para os próximos dias, a tendência observada é de variação de nuvens e possibilidade de pancadas de chuva no noroeste do Maranhão. No centro-oeste do Estado, há previsão de tempo nublado com fortes pancadas de chuva.

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