segunda-feira, 21 de maio de 2012

Atriz de Hollywood se junta a bloqueio do Greenpeace em São Luís

Foto: Divulgação
 

Q’orianka Kilcher, intérprete de Pocahontas, também escala a corrente de âncora de cargueiro.

SÃO LUÍS – No dia em que o bloqueio do navio Clipper Hope, fundeado na baía de São Marcos, a 20 quilômetros da costa de São Luís, completou uma semana, uma nova ativista se juntou ao protesto do Greenpeace. A atriz norte-americana Q’orianka Kilcher também escalou a âncora do cargueiro para evitar o carregamento de 31,5 mil toneladas de ferro gusa proveniente da Amazônia.
Filha de índio peruano quéchua e mãe suíca, a atriz de 22 anos ganhou fama após encarnar a personagem Pocahontas nofilme “O Novo Mundo” (2005). Mas sua atuação vai além dos estúdios de Hollywood. Q’orianka também é conhecida por seu ativismo ambiental e pelos Direitos Humanos, especialmente pelos direitos das populações indígenas.
“Eu acabei de vir de uma viagem à Amazônia, na região onde o ferro gusa é produzido. Vi de perto como essa produção está colocando em risco alguns povos indígenas, inclusive grupos isolados”, afirmou Q’orianka. “Precisamos defender esses povos. Eles são peça-chave na proteção das últimas reservas florestais no mundo. Preservá-los é garantir um futuro para nós mesmos”.
Segundo Q’orianka, ela decidiu agir comovida pela participação, no bloqueio de duas jovens ativistas brasileiras. Q’oriankaescalou a corrente da âncora do cargueiro Clipper Hopper por volta das 9h30 desta segunda-feira. Ela fez revezamento com voluntários do Greenpeace no navio Rainbow Warrior que, desde o dia 14, se mantêm pendurados noite e dia na corrente de âncora do cargueiro para evitar que ele atraque no porto de Itaqui. O carregamento pertence à Viena Siderúrgica, uma das empresas apontadas pelo Greenpeace como envolvidas em irregularidades na cadeia de produção do ferro gusa.
“Q’orianka está dando um exemplo de que a defesa da Amazônia ultrapassa nossas fronteiras”, disse Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia, a bordo do Rainbow Warrior. “Ela está ajudando o Greenpeace a demonstrar que, apesar da imagem positiva que nosso país vem construindo nos últimos anos, ao reduzir o desmatamento da Amazônia, muita coisa ainda precisa serfeita”, acrescentou. “Isso inclui o veto total, pela presidente Dilma, do novo código florestal ruralista aprovado pelo Congresso”.
A partir de uma pesquisa de dois anos, o Greenpeace identificou uma série de desrespeitos à legislação brasileira na produção de carvão vegetal usado pela indústria de ferro gusa na Amazônia. Entre os sérios problemas apontados pela organização ambientalista estão o uso, por carvoarias, de trabalhadores em situação análoga à escravidão e extração de madeira ilegal, inclusive dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Estas denúncias foram compiladas no relatório “Carvoaria Amazônia”, publicado semana passada pela organização.
Principal matéria-prima do aço, o minério de ferro se transforma em ferro gusa dentro de fornos alimentados por carvão vegetal. Parte deste carvão é proveniente de extração ilegal de madeira. O ferro gusa brasileiro é exportado, principalmente, para os Estados Unidos. Lá, ele é usado na produção de aço para, entre outros fins, a fabricação de veículos por grandes montadoras.
As informações são do Greenpeace.

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