sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ucrânia garante US$ 250 milhões para base de lançamento em Alcântara


Em visita ao Ministério da Defesa brasileiro, Mykhailo Bronislavovych Yezhel propõe ampliação da cooperação tecnológico-militar

Brasília,  – Em visita ao Ministério da Defesa brasileiro, o ministro da Defesa da Ucrânia, Mykhailo Bronislavovych Yezhel, disse hoje que a Ucrânia integralizará sua parte da sociedade na Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional criada para comercializar serviços comerciais de foguetes e satélite a partir do Maranhão. “Já temos os recursos, da ordem de US$ 250 milhões, que serão investidos a partir de outubro próximo. Também estamos abertos a transferir tecnologia para um novo lançador de satélites, o Cyclone 5, que será produzido em conjunto com o Brasil”, garantiu.

O ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, afirmou que a ACS é um projeto estratégico para o Brasil. “A maior parte do programa está sob controle da Agência Espacial Brasileira, o Ministério da Defesa tem apenas uma pequena participação, mas o aporte prometido é uma excelente notícia, que abre boas perspectivas de cooperação tecnológica entre os dois países”, comemorou.

Mykhailo Bronislavovych Yezhel chegou ao prédio do Ministério da Defesa brasileiro às 11h30. O ministro Celso Amorim recebeu-o na entrada. Em seguida, no Salão Nobre, apresentou-o ao chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general-de-exército José Carlos De Nardi, e aos comandantes da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, e do Exército, general-de-exército Enzo Martins Peri.

A comitiva ucraniana incluiu representantes das maiores empresas de defesa do país, como a Antonov, fabricante de aviões de carga, e da Agência Ucraniana de Estaleiros, holding que controla a indústria naval, responsável pela construção de todos os porta-aviões e metade da esquadra de superfície da ex-União Soviética.
Durante a reunião bilateral, o ministro ucraniano propôs a fabricação de navios-patrulha de 500 toneladas e destacou o interesse de seu país em participar da concorrência para a construção, no Brasil, de cinco navios escolta de 6.200 toneladas e de cinco navios-patrulha de 1.800 toneladas. Também levantou possibilidades de cooperação no desenvolvimento de mísseis terra-terra de 300 quilômetros de alcance e de mísseis antiaéreos.
Yezhel fez amplo relato das potencialidades da indústria militar ucraniana na área de blindados e no campo aeronáutico. Ressaltou as qualidades do cargueiro Antonov An-70, capaz de carregar 38 toneladas e pousar em pistas não-preparadas e curtas, e do avião de patrulha Antonov An-168, com autonomia de 12 horas.

Depois de elogiar as oportunidades oferecidas pelo Cyclone 5, o ministro Amorim lembrou que o Brasil já investe em um avião cargueiro de projeto nacional, o KC-390, da Embraer; na produção de blindados sobre rodas, o Guarani, e de um navio-patrulha de 500 toneladas. Ao mesmo tempo, mostrou interesse no avião-patrulha e na possibilidade de cooperação com a Ucrânia para desenvolver um projeto de navio-aeródromo.

“Nosso maior interesse é obter tecnologia para desenvolver a indústria nacional e já desenvolvemos inúmeros projetos”, disse o ministro brasileiro. “Podemos verificar, com o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) e os comandos das Forças, onde existe complementaridade para que possamos desenvolver programas de cooperação.”

Acordos

Brasil e Ucrânia assinaram dois acordos-quadro, de cooperação tecnológico-militar e de segurança de informações, em outubro de 2010, ainda não ratificados pelo Congresso Nacional. Estão previstas várias áreas de atuação conjunta na área de preparação de pessoal e nos campos aeronáutico, espacial, de equipamentos terrestres e naval. Segundo Yezhel, o Ministério da Defesa do seu país já implantou os grupos de trabalho para estudar possíveis nichos de cooperação.

Celso Amorim prometeu agilizar a formação dos grupos no Ministério da Defesa brasileiro, mas disse que há total interesse na área de treinamento e intercâmbio de pessoal. “Podemos implementá-la antes mesmo da ratificação dos acordos pelo Congresso”, afirmou.

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