domingo, 19 de junho de 2011

Bumba meu boi é pesquisado por instituição dos EUA

Bumba meu boi é pesquisado por  instituição dos EUA


O início dos festejos juninos em São Luís, nos terreiros mantidos pelo Governo do Estado, marcou não somente o reencontro de brincantes com suas manifestações culturais favoritas, como também reacendeu o olhar curioso de pesquisadores e de turistas que estão em São Luís para registrar cada momento desta festa.
Desde a última quinta-feira, quatro pesquisadores da Escola de Artes da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos, estão no Maranhão realizando levantamentos para uma pesquisa inédita sobre o auto do bumba-meu-boi. A pesquisa foi iniciada há cinco anos e a intenção é que ela perdure por mais cinco.
A idaia da pesquisa é da professora de dança da Escola de Artes da Universidade de Wisconsin, a brasileira radicada nos Estados Unidos Simone Ferro. Simone é paulista e sempre se interessou pelas críticas sociais inerentes ao bumba meu boi. Segundo ela, a pesquisa surgiu justamente como uma forma de conhecer melhor como essas críticas sociais podem ser transmitidas por meio do bailado do boi. “É algo muito interessante. A história em si do pai Francisco é uma crítica social muito forte. Por isso, resolvemos estudar o boi”, disse a pesquisadora.
Além do aspecto simbólico da dança, os pesquisadores também pretendem ter informações sobre o desenvolvimento sócio econômico das comunidades vinculadas ao bumba meu boi. “A brincadeira é muito importante para as comunidades. Agora, queremos ver como isso ocorre na prática. Como existe o desenvolvimento social de Maracanã, Maioba, Pindoba, entre outras”, esclareceu Simone.
Nessa comitiva que está em São Luís, participam a própria pesquisadora, seu marido e mais duas alunas norte-americanas que vieram de Wisconsin. A idéia da professora da escola de arte norte-americana é transformar todo o registro em um livro.
Existe uma proposta em tramitação no Conselho Nacional do Instituto do Patrimônico Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para transformar o bumba meu boi em patrimônio imaterial brasileiro, o que já ocorre com o tambor de crioula. A próxima reunião do conselho deve ocorrer dia 30 de agosto, quando será dado o parecer favorável, ou não, à brincadeira.
Os turistas que visitam São Luís pela primeira vez também ficaram encantados com as brincadeiras e registraram cada momento.

Fé garante a tradição dos bois

Fé garante a tradição dos bois
Yane Botelho
Da equipe de O EstadoÉ fé que garante a continuidade do bumba meu boi no Maranhão. É a devoção a São João, São Pedro e São Marçal e o cumprimento de promessas que obrigam cazumbás, índias e caboclos a dançar todas as noites de junho em homenagem aos santos. E é também o encantamento do ritmo, das cores e da dança que atrai o público para assistir a esse belo espetáculo, que, na noite de sexta-feira (17), levou aproximadamente três mil pessoas ao primeiro dia do Arraial da Lagoa da Jansen, organizado pela Liga do Bumba meu boi.
O peso da promessa feita pelo cantador do Boi de Leonardo, Marcos Martins, a Santa Bárbara equivale a 42 quilos. No peito, são 4 quilos de miçangas formando a imagem da santa. Na cabeça, são outros 35 quilos do chapéu de caboclo de fita. Somado a isso, há ainda 3 quilos da tanga, que compõe a indumentária. Essa é a vestimenta que ele carrega desde o ano passado, nas noites de junho, por causa de uma graça conquistada. A promessa só terminará de ser cumprida no dia 23 deste mês, Dia de São João. “Caí no boi e quebrei o pé. Pedi a Santa Bárbara uma recuperação rápida e ela concedeu”, revelou.
As índias tapuias do Boi de Leonardo deram outra demonstração de fé no Arraial da Lagoa da Jansen. O grupo foi o primeiro a subir no palco na noite de sexta-feira. Usando chapéu que lembra uma coroa, de onde saem longos fios brancos de nylon simulando cabelos compridos, cerca de 20 meninas dançaram o auto do bumba meu boi para saudar os caboclos encantados.
Criado em 1972 por promessa de Mestre Apolônio, que por obrigação pretende continuar até a morte a realizar a festa em homenagem a São João, o Boi da Floresta foi outro grupo a se apresentar no arraial, já na madrugada de sábado. Com algumas máscaras reproduzindo formas de igrejas e trazendo a imagens de santos nas costas, os cazumbás representam o teor místico do bumba meu boi de sotaque da Baixada. Cândido Pinheiro, de 74 anos, é o cazumbá mais antigo do grupo, com 20 anos de atuação. “Gosto de me vestir de cazumbá porque, com a máscara, ninguém me reconhece. Além disso, é uma indumentária muito bonita. Como sou muito católico, costumo colocar a imagem de um santo no manto de trás”, contou.
Orquestra – Conhecidos pela bela fantasia e o ritmo agitado com dançarinos que se destacam pela juventude, os bois de Axixá, Nina Rodrigues e Morros mostraram um show de beleza e harmonia. As apresentações abrilhantaram ainda mais a festa, que a cada ano que passa se firma no calendário folclórico do Maranhão.
O batalhão pesado de matraqueiros do Boi da Maioba também se apresentou no Arraial da Lagoa da Jansen e prestou homenagem ao deputado federal Luciano Moreira, que morreu na quinta-feira (16), em um acidente de carro. O secretário de saúde Ricardo Murad, um dos organizadores do Arraial da Lagoa, também lembrou a trajetória do parlamentar. “O desejo de Luciano Moreira era o desenvolvimento turístico da cidade. Apesar dessa perda lamentável, o arraial maranhense é tradição. Na cidade, há milhares de pessoas que se programam para vir a São Luís e conhecer o bumba meu boi. Por isso a festa não pode ser interrompida”, destacou.

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