sábado, 28 de maio de 2011

Viva São João!

Viva São João!


Carla Melo

Do Alternativo

Em junho, São Luís se veste de festas. É que a cidade se prepara com esmero para a chegada de uma das temporadas mais animadas do ano, o São João. Com arraiais espalhados pelos quatro cantos da Ilha, é hora de ouvir os sons das matracas, pandeirões e tambores, cujas sonoridades servem para celebrar Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal.

Há menos de uma semana para o início do mês dedicado aos santos, grupos se preparam para dar início a uma festa, que, na verdade, já começou. Os inúmeros ensaios dos bumbas meu boi, quadrilhas e as mais variadas danças típicas do período têm início, tradicionalmente, depois da celebração da Semana Santa. Mas são as apresentações pelos terreiros que encantam moradores e turistas, que aproveitam esta época do ano para visitar a cidade.


Vila Junina - Um dos mais esperados arraiais desta época, o do Sistema Mirante, este ano vem com um formato diferenciado. Batizado de Vila Junina, o arraial será inaugurado dia 18 de junho, no estacionamento do São Luís Shopping (Jaracati) e prosseguirá até o dia 29. Este ano, o terreiro terá o patrocínio do Governo do Estado, São Luís Shopping, Ambev/Brahma e o Armazém Paraíba (em cota com a Vivo).

Com uma ambientação inspirada nas festas juninas do interior do Maranhão, a Vila terá um espaço de sete mil metros quadrados no qual serão instaladas 12 barracas (que serão administradas por estudantes universitários). O espaço Mirante FM, que trará o tradicional forró pé-de-serra comandado por DJs e por forrozeiros consagrados, além do Espaço Mirante; da barraca dos patrocinadores e de áreas de vivências. O destaque, no entanto, ficará por conta da ambientação do lugar. Assinado por Iguaracira Sampaio, o arraial foi pensado nos moldes de uma pequena cidade do interior. Na cidade cenográfica não ficou de fora a igreja, enfeitada com os santos da época, o larguinho que dispõe de bancos para os presentes e até mesmo uma charmosa casa de farinha (com direito à preparação do alimento no local) será montada no espaço a fim de torná-lo o mais próximo possível das antigas vilas interioranas. “Nossa intenção é resgatar esta cultura que ficou um pouco de lado, é trazer a população para reviver a infância no interior, já muita gente que mora em São Luís vem de cidades interioranas, além de oferecer ao turista algo diferente de outros arraias montados na cidade”, destaca a coordenadora de eventos da Mirante, Cristina Almeida.

Ao todo, serão 90 atrações durante os 12 dias de arraial, sendo, em média, sete apresentações por noite. As manifestações poderão ocupar um dos dois espaços destinados para esta finalidade. No palco serão realizados os shows de artistas locais enquanto que, no tablado, se apresentarão os grupos folclóricos.


Maria Aragão – Este ano, somente no Arraial da Praça Maria Aragão deverão se apresentar, de acordo com o Coordenador de Eventos da Fundação Municipal de Cultura, Fernando Oliveira, cerca de 250 atrações em 33 dias de programação. Por lá, passarão grupos de bumba meu boi dos sotaques de matraca, orquestra, zabumba e baixada, além de grupos de cacuriás, quadrilhas, danças portuguesas, do coco e shows com artistas maranhenses.

A abertura oficial do terreiro para a temporada será dia primeiro de junho e a festança será finalizada dia 3 de julho. O arraial da Maria Aragão existe há quatro anos e, embora não seja o único, concentra a maior parte da programação oficial da Prefeitura de São Luís que este ano destinou algo em torno de R$ 3 milhões para serem investidos no São João.

Ao todo, serão instaladas na praça 29 barracas destinadas à venda de comidas típicas como arroz de cuxá, Maria Izabel, canjicas, mingau de milho, além de bebidas. Fora o palco principal, que este ano ficou maior e mais alto, será instalado um barracão de forró que funcionará aos fins de semana e também nas vésperas dos feriados. O arraial funcionará de segunda a sexta-feira, das 19h às 24h e aos sábados e domingos das 18h à 1h.

Além de sua programação tradicional, a organização do evento destinou as primeiras horas de funcionamento do terreiro nos fins de semana para as crianças e adolescentes.

Arraial da Liga levará brincadeiras à Lagoa

Reunindo 17 grupos de bumba-meu-boi com representantes de todos os sotaques, o Arraial da Liga de Bumba meu boi do Maranhão montará seu terreiro na Lagoa da Jansen entre os dias 17 a 29 de junho.

Com cerca de 14 barracas que ficarão sob a responsabilidade de grandes restaurantes de São Luís, o cardápio não foge à tradição. Privilegiando as comidas típicas, os barraqueiros do arraial da Liga aposta ainda em um diferencial: o atendimento. “Por se tratar de pessoas experientes, que dispõem de equipes especializadas é possível oferecer um atendimento de grande qualidade”, destaca o presidente da Liga, o cantador Lobato.

Famoso por privilegiar em sua programação as apresentações de grupos de bois, o terreiro receberá, por noite, entre sete e oito atrações. O terreiro será aberto às 19h e a programação prosseguirá até a 1h. “Já fazemos o arraial, com o apoio do deputado Ricardo Murad, há cinco anos e sempre tivemos bons resultados. É um local no qual os turistas têm bom atendimento e a programação reúne artistas locais e muitos grupos de boi, inclusive os que não integram a liga”, destaca Lobato.

Ele ressalta que o arraial já integra o calendário festivo da cidade. “Já estamos com a programação adiantada e o que podemos dizer é que a festa será muito boa”, informa. Com tantas opções, é hora de separar as matracas, aquecer os pandeirões e balançar os maracás. Afinal, o São João vai começar!

Por dentro do bumba-meu-boi

Boi de Nina Rodrigues
Tradição de mais de duzentos anos, o auto do bumba-meu-boi conta a história do peão Pai Francisco que, para satisfazer o desejo de sua esposa Catirina, grávida e desejosa de comer a língua do boi, mata o animal mais bonito e de maior estima de seu patrão. Com esse enredo, desenvolve-se a teatralização. O historiador Carlos de Lima (1920-2011) traça o perfil dos principais personagens do auto e dos principais sotaques (estilos) dos grupos de bumba-meu-boi.

Sotaques

Matraca - é o mais popular e com maior numero de grupos no estado.

O instrumento que dá nome ao sotaque é composto por dois pequenos pedaços de madeira, o que motiva os fãs de cada boi a engrossarem a massa sonora de cada "Batalhão". Além das matracas, são usados pandeirões e tambores-onça (uma espécie de cuíca com som mais grave). Na frente do grupo fica o cordão de rajados, cablocos de fitas, índias, vaqueiros e caboclos de pena.
Zabumba - Ritmo original do Bumba-meu-boi, este sotaque marca a forte presença africana na festa. Pandeirinhos, maracás e tantãs, além das zabumbas, dão ritmo para os brincantes. No vestuário, destacam-se golas e saiotas de veludo preto bordado e chapéus com fitas coloridas.
Orquestra - Ao incorporar outras influências musicais, o Bumba-meu-boi ganha neste sotaque o acompanhamento de diversos instrumentos de sopro e cordas, como o saxofone, clarinete e banjo. Peitilhos (coletes) e saiotes de veludo com miçangas e canutilhos são alguns dos detalhes nas roupas do brincantes.
Baixada - Embalado por matracas e pandeiros pequenos, um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público.
Costa de Mão - Típico da região de Cururupu, ganhou este nome devido a uns pequenos pandeiros tocados com as costas da mão. Caixas e maracás completam o conjunto percussivo. Além de roupa em veludo bordado, os brincates usam chapéus em forma de cogumelo, com fitas coloridas e grinaldas de flores.

Os personagens


O Boi – Armação de varas ou cavernas, coberta com buriti e recoberta de veludo bordado, chamado “couro”, que se constituem em obras primas de arte e artesania. A cabeça é esculpida em madeira e os chifres recebem ponteiras de ouro ou metal amarelo.
Amo – É o comandante da festa, personificando o dono da fazenda, o latifundiário, o “coronel”. Usa o traje mais rico e espetacular. Com um apito dirige o espetáculo. Muitas vezes acumula as funções de cantador.
Cantador – É a pessoa mais importante depois do Amo, quando tais funções não se fundem em uma só pessoa.
Vaqueiros e rapazes – São os elementos que compõem o cordão, isto é, as fileiras de brincantes. Conforme o sotaque (estilo) diferenciam-se os trajes e o número de participantes, variando a suntuosidade de acordo com a categoria de cada um.
Pai Francisco, Negro Chico ou Preto Velho – É o cômico do espetáculo, um pobre agregado da fazenda, de roupas velhas, mascarado, a quem cabe a parte engraçada do auto, e que leva o público às gargalhadas.
Mãe Catirina, ou simplesmente Catirina – É a mulher do Chico, pivô da questão-tema. É sempre um homem vestido de mulher, o que torna mais hilariante o personagem.
O Doutor – É o médico, ou o curandeiro, ou o pajé. Completa a pantomima com suas tiradas histriônicas e sua exótica terapêutica.
Índias – Em número variável, são interpretadas por moças vestidas a caráter, isto é, com cocares, golas, braçadeiras, pulseiras, perneiras e tornozeleiras de penas; levam na mão pequenos arcos e flechas. Fazem figurações à frente do cortejo e exercem o papel de polícia na captura do Pai Francisco.
Caboclos de penas, ou Caboclos Reais – São personagens privativos do Boi-de-Matraca. O número varia de 5, 10, 15 homens. Cobertos de penas de ema, ostentam grandes coroas de metro e meio de diâmetro. Quando os bois se deslocam nos terreiros, vão à frente, num passo leve e cadenciado.
Mutucas ou torcedoras – Nos bois de antigamente, era vedada a participação de mulheres. Cabia-lhes unicamente o papel de acompanhantes, de contrarregras, coadjuvantes fora de cena.
A Burrinha – Armação de cipós e buriti, no feitio (mais ou menos perfeito)
de um burro, recoberta de pano e pendurada aos ombros do brincante por meio de uns suspensórios.
Os Bichos – Em alguns bois (e o de Guimarães é característico) aparecem bichos feitos de madeira, esculpidos: carneiro, bode, águia, entre outros, conduzidos no alto de uma vara, além de uma boneca gigante – a Caipora, Panducha ou Dona Maria, hoje, por influência da TV, apelidada de Xuxa, Grampoula, etc.
Fonte/ Carlos de Lima, “Universo do bumba-meu-boi” (boletim on-line nº 11 da Comissão Maranhense de Folclore, em agosto de 1998) Wikipedia

Grupos ensaiam para festança

Grupos ensaiam para festança
Leandro Santos
Da equipe de O Estado
Os preparativos para o São João 2011 já estão a todo o vapor. Por todos os cantos da ilha, os grupos de bois e quadrilhas estão trabalhando em ritmo acelerado para não fazer feio durante as apresentações e com certeza o público pode esperar um grande espetáculo.
No Boi de Maracanã, os ensaios do grupo para o São João deste ano visam aperfeiçoar cada vez mais a performance do grupo durante as apresentações, de acordo com Maria José Lima, presidente do Boi de Maracanã. “O próximo ensaio do grupo acontece no dia 28 de junho e depois no dia 4 de julho. Com isso nós encerramos a temporada de ensaios”, disse Maria José Soares. A novidade este ano fica por conta das roupas e indumentárias que serão apresentadas durante todo o período junino. “Esse é o grande diferencial do nosso grupo. Todo ano nós temos uma novidade para apresentar para o público que vem prestigiar o São João”, informou a presidente do grupo.
Ainda no período junino deste ano, provavelmente no dia 23 de junho, o grupo pretende fazer o lançamento de um CD com 26 faixas intitulados “Belas como todas”, onde serão apresentadas todas as composições e toadas que são utilizadas pelo grupo durante as apresentações. “Apesar das dificuldades, nós pretendemos fazer um São João que vai ficar na memória”, concluiu Maria José Lima.
Morros -Em grande velocidade também segue o ritmo dos preparativos do tradicional Boi de Morros, que há 31 anos encanta o público durante o período junino. De acordo com o presidente do Boi, José Carlos Muniz Lobato, o grupo está na fase final de preparação das roupas indumentárias e coreografias que serão utilizadas durante as apresentações nos arraias da cidade.
Para este ano, o grupo pretende se apresentar nos diversos arraiais da cidade com o tema: “O essencial é invisível aos olhos porque só se ver bem com o coração”. “O Boi de Morros sempre se preocupou em passar uma mensagem que fale sobre o amor das pessoas. Por isso, este tema foi escolhido para os festejos juninos”, explicou José Carlos Muniz.
A pré-temporada junina para o Boi de Morros começa logo na próxima sexta-feira, dia 27, com um festival que acontece no Ceprama e, logo após, acontece o já tradicional batizado no dia 12 de Junho, e nos dias seguintes, é aberta oficialmente a temporada junina para o grupo, com apresentações na Praça Maria Aragão e em outros arraiais da cidade.
Danças - O Cacuriá de Dona Teté, um dos mais tradicionais grupos juninos do estado, também está em um ritmo acelerado para os festejos juninos. De acordo com a cantora e uma das integrantes do grupo, Rosa Reis, o grupo está em uma intensa preparação para a temporada junina desde o fim da Semana Santa. O intenso ritmo de ensaios justifica-se pelo fato de que nas apresentações do grupo são exigidas performances corporais de alto nível.
Os grupos de quadrilha da cidade também enfrentando uma pesada rotina de ensaios para o São João 2011. A Quadrilha Formosinha do Sertão, por exemplo, vai levar para os arraiais de São Luís 24 pares de brincantes que vão dançar sob tema “Água que lava a minha alma”. De acordo com Francisco Castro, presidente do grupo, a “Formosinha do Sertão” ensaia todos os finais de semana com o intuito de apresentar a melhor performance possível nos arraiais.
Apesar da falta de incentivo, os grupos de Dança Portuguesa do estado também já trabalham em um ritmo acelerado para o São João 2011. De acordo com Clobernir Araujo, presidente da União Folclórica e Cultural Luso Brasileira do Maranhão, os 70 grupos que atualmente fazem parte da entidade tentam driblar a falta de incentivo realizando festas para arrecadar fundos de custeio das apresentações durante a temporada junina. Apesar desse empecilho, os grupos de também estão ensaiando de forma árdua para as apresentações nos arraiais.


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