sábado, 2 de abril de 2011

Região do Baixo Parnaíba surge como nova fronteira agrícola no MA

 


Região do Baixo Parnaíba surge como nova fronteira agrícola no MA

Dados da Secretaria de Agricultura do Estado apontam que as cidades do sul do Maranhão ainda lideram a produção de soja no estado, respondendo por aproximadamente 90% da colheita da commoditie. No entanto, a região do Baixo Parnaíba vem se consolidando a cada dia como uma nova fronteira agrícola. Não somente no Maranhão, como em todo o Brasil.
Há aproximadamente 10 anos, plantar soja em cidades como Chapadinha, Brejo, Buriti, Anapurus, entre outras, era uma hipótese tecnicamente e economicamente inviável. A região tem clima e condições geográficas desfavoráveis ao cultivo do grão. Mas hoje pelo menos 10% da produção do grão no Maranhão já estão comprometidas para empresas de processamento como Bunge, por exemplo.
Essas mudanças nas fronteiras agrícolas do Maranhão já modificaram a paisagem da região, que, antes circundadas por grandes matagais, hoje são exploradas por extensos campos de soja à beira de rodovias, como a BR-135.
Segundo o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Meio Norte, Vilson Ambrozi, em pelo menos 60 mil hectares na região já há algum tipo de cultivo de soja. Nessa região, não existem dados concretos sobre o número de produtores, mas, apenas na associação, existem 63 filiados entre produtores de soja e de outros cultivos primários. “Há mais de 10 anos era uma loucura se plantar aqui”, disse Ambrozi.
Ainda conforme os produtores, a colheita de soja na região do Baixo Parnaíba desbrava uma nova característica do cultivo no Brasil. Essa é a primeira vez que a soja é plantada em uma região pouco abaixo do equador. Os especialistas afirmam que quanto mais longe da linha do equador, melhor a produtividade da soja.
Na região do Baixo Parnaíba, a produção ocorre a -3º da Linha do Equador. Em condições não tão favoráveis, mas com produtividade pouco inferior à região sul do Maranhão. “O fato dos terrenos serem mais baratos e também porque estamos mais próximos do porto incentivou a vinda de muitos produtores para cá”, complementa o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Meio Norte, Paulo Cézar Librelotto.
Projeção - Conforme informações de produtores, na região pelo menos 350 mil hectares são agricultáveis e até 150 mil destes estariam aptos para a plantação de soja. Com base nessa estimativa, a região teria condições de hoje, por exemplo, responder por aproximadamente 70% da área cultivada da commoditie em todo o Maranhão. Os próprios produtores acreditam no potencial. Tanto que apenas na região existem oito silos de estocagem, com capacidade para até 150 mil toneladas do grão.
Ainda no que tange à logística, os produtores afirmam que a proximidade com o Porto do Itaqui, em São Luís, barateia o frete em até 50%, dependendo dos custos de produção da soja na região. Um exemplo: normalmente os produtores do sul pagam até R$ 100 por tonelada de soja transportada ao Itaqui. Da região do Baixo Parnaíba, esse frete cai para R$ 50, em média, por tonelada. Em Balsas, os produtores precisam escoar a produção por até 1.000 km; na região do Baixo Parnaíba, a distância no eixo rodoviário chega a, no máximo, 350 km. “Essa é uma vantagem competitiva muito importante”, declara Ambrozi.
Apesar destas vantagens, a produção na região do Baixo Parnaíba ainda enfrenta algumas dificuldades como o ciclo de colheita da soja, que é um pouco superior às das demais regiões. Enquanto um ciclo considerado ideal dura aproximadamente 100 dias, no Baixo Parnaíba dura em torno de 120 dias. Além disso, a colheita na região ocorre em meados de abril e início de maio, quando o mercado de soja está em processo de retração. No Sul, a colheita acontece em março e abril, momento de ápice do mercado de soja no Brasil e internacionalmente. (W.L)

"No Sul não poderia nem pagar a faculdade dos meus filhos", diz produtor


O gaúcho Cézar Andreghuttu se mudou há 10 anos para o Maranhão e hoje é dono de uma área de mil hectares no Baixo Parnaíba
O fazendeiro Cézar Andreghuttu, natural de Ajuricaba, cidade a 400 quilômetros de Porto Alegre (RS), mudou sua vida completamente ao se mudar para o Maranhão há aproximadamente 10 anos. Andreghuttu foi um dos pioneiros na produção de soja na região do Baixo Parnaíba e hoje colhe os lucros de uma produção bem-sucedida.
Em sua terra natal, ele tinha uma área pequena. Pouco mais de 30 hectares, fruto de uma colônia de agricultores gaúchos. Hoje, após se mudar para o Maranhão, sua área plantada estimada é de aproximadamente 700 hectares. Além disso, mais 300 foram arrendados para outras empresas que também plantarão soja na região. “Quando estava no sul, não tinha dinheiro nem para pagar a faculdade para meus dois filhos”, disse o produtor.
Hoje, segundo ele, a situação financeira da família melhorou um pouco. Após dois anos não muito bons, com produtividade de 29 sacas por hectare em 2009 e de 33 sacas por hectare ano passado, Andreghuttu acredita que este ano ele terá uma produção de até 50 sacas por hectare. “É o que nós estamos esperando. Ainda temos algumas dívidas, mas acredito que vamos equacionar isso este ano”, declarou o produtor.
Agora a perspectiva de Andreghuttu é aumentar ainda mais sua produção e trabalhar com outras culturas, como milho e eucalipto. Para ele, o que antes era uma vida sem grandes perspectivas, hoje tornou-se uma agricultura rentável e em condições de dar um futuro melhor para seus familiares. Tanto para aqueles que vivem no Maranhão, quanto aqueles que estão em outros estados brasileiros. (W.L)

Brejo quer retomar época de prosperidade a partir da soja


Município que já fez parte da elite econômica do Maranhão graças ao arroz e algodão quer retomar apogeu com produção da oleaginosa
Entre meados do século XVIII e início do XIX, a cidade de Brejo era a única cidade da região do Baixo Parnaíba a fazer parte da elite econômica do Maranhão. Distante 380 km de São Luís, era uma das cidades mais importantes do estado, ao lado de São Luís, Itapecuru-Mirim, Alcântara e Guimarães, justamente pelas suas grandes plantações de arroz e algodão.
Mas a partir de 1870, com a recuperação dos Estados Unidos após a crise algodoeira provocada pela Guerra de Secessão, Brejo passou a viver seu declínio econômico. Hoje, pouco mais de dois séculos depois, a cidade começa aos poucos a recuperar o seu potencial econômico. Não com o algodão, mas com a produção de soja.
Brejo lidera a produção de soja entre as cidades da região do Baixo Parnaíba. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2009, Brejo produzia 29,5 mil toneladas da commoditie, com uma produtividade de 2,4 toneladas por hectare. Somente o município respondia por aproximadamente 2,4% da produção de todo o estado naquele ano. Além de liderar a produção no Baixo Parnaíba, Brejo era a cidade não integrante do sul do Maranhão com o maior volume de soja produzida.
Somente para efeito comparativo, mesmo em situação geográfica não tão favorável como na Região Sul, a produção de soja em Brejo foi superior em 2009 a Carolina e Estreito, cidades com condições melhores para a produção da commoditie. Além disso, a participação na produção de soja do estado foi parecida com a de Loreto, também no Sul, já velha conhecida pela produção de soja.
Campo - Com essa nova realidade, uma cidade antes conhecida apenas pelos casarões antigos, pelos festejos, agora se tornou um grande campo de produção que pode ser visto, claramente, nas rodovias que cortam o município.
Além disso, em função do seu potencial produtivo, Brejo tem recebido vários investimentos externos na área de produção de soja. Um exemplo disso é o grupo Condor Agronegócios com atuação no Sul e no Centro-Oeste brasileiro. Há quatro anos, o grupo comprou uma área em Brejo e investiu na cidade R$ 8 milhões no plantio de um campo de soja. Na produção atual, são aproximadamente 2,6 mil hectares plantados com possibilidade de colheita de 47 sacos por hectare. Ano passado, a colheita foi de 35 sacos por hectare. Uma produtividade cerca de 30% maior em 2011 que na safra anterior.
O diretor-geral da fazenda do grupo Condor Agronegócios, Sérgio Barbiero, ressaltou que já existe um retorno certo para os investimentos do grupo após quatro anos de investimentos no Maranhão. “Se tomamos como base o nosso patrimônio, provavelmente já teríamos um valor acima do que foi investido por aqui”, declara. Somente nesta fazenda, existem 10 funcionários.
Mas, conforme Barbiero, existe um leque de empregos indiretos que são gerados em função da soja no local. “Nós empregamos desde as pessoas que vendem produtos locais até os construtores de cidades como Chapadinha, por exemplo. A nossa fazenda precisa de insumos para alimentar nossos funcionários ou gente para fazer a terraplanagem das áreas plantadas”, projeta Barbiero. (W.L)

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O período de plantio e de colheita da soja no Estado varia entre 100 e 120 dias. Dependendo da região, a plantação começa entre novembro e dezembro. Na região sul, a plantação começa um pouco mais cedo, por volta de outubro; na região do Baixo Parnaíba, em novembro. Por isso, verifica-se uma variação na fase do crescimento do grão em todo o Estado. Enquanto na região do Baixo Parnaíba, as folhas ainda estão em fase de amadurecimento; na região sul, já se está na fase de colheita. A colheita na região Sul do Maranhão começou em março; no Baixo Parnaíba, começa em abril.

Um comentário:

blog dom severino disse...

A produção de soja e eucalipto degrada o solo, destruindo os mananciais e empobrecendo o solo. Esses sulistas que explora terras maranhenses são os mesmos que destruíram o solo de onde vieram. Daqui a 10 anos os rios, lagos, lagoas e riachos dessa região do MA vão desaparecer. Nenhum desenvolvimento econômico é sustentável.