Jock Dean
Da equipe de O Estado
O Maranhão realiza atualmente apenas dois tipos de transplantes de órgãos, o de rim e o de córnea, e apenas o Hospital Universitário (HU) – Unidade Presidente Dutra –, em São Luís, está apto a fazer os procedimentos. Ontem, durante a abertura da XII Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, a direção do hospital anunciou que já está equipada também para fazer o transplante de coração.
O anúncio foi feito pelo diretor-geral do HU, o médico Vinícius Nina. “Estamos totalmente equipados para esse tipo de procedimento, que esperamos realizar ainda nesse trimestre. Esse transplante é mais complicado, pois só é feito com doador falecido; além disso, tem de se observar a compatibilidade sanguínea e de peso para que a cirurgia seja bem-sucedida”, informou. Ele disse ainda que, desde o começo do ano, o HU está preparado para essa cirurgia.
O transplante do órgão deve ser feito em no máximo 4 horas após a morte do doador, é indicado em casos de insuficiência cardíaca terminal e só recomendamos quando o tratamento clínico não surte mais efeito. A lista de espera da Central de Transplantes no estado tem três pacientes aptos a ser transplantados à espera apenas de um órgão compatível.
Desde que o serviço de transplante começou a ser realizado no estado, em 2000, quando foi transplantado um rim, foram realizados 756 procedimentos do tipo, sendo 463 de córnea e 293 renais.
Campanha – O HU, em parceria com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Maranhão (CNCDO), da Secretaria Estadual de Saúde (SES), iniciou ontem as atividades da XII Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, cujo tema é “Deixe sua marca, multiplique vidas”, e continuará até o dia 27.
O objetivo da campanha é informar a população da importância da doação de órgãos e desfazer mitos ligados a esse tipo de procedimento. “A questão cultural ainda é um entrave, já que muitas famílias são relutantes em doar os órgãos dos seus falecidos. Muitos têm medo de deformação e existe a questão religiosa. A desinformação é nosso maior obstáculo, por isso estamos focando nesse ponto”, afirmou a coordenadora da Central de Transplantes, Silvana Oliveira.
Segundo ela, de cada 10 potenciais doadores, apenas 2 têm a doação autorizada pela família após a morte. “É muito importante que as pessoas que queiram ser doadoras manifestem o desejo à família, pois somente ela pode autorizar”, frisou.
Mais
O primeiro transplante de coração no mundo foi feito pelo médico sul-africano Christian Barnard em janeiro de 1968. Cinco meses depois, em maio, o cirurgião brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini, que havia estudado com Barnard nos Estados Unidos, fez o primeiro transplante cardíaco no Brasil – e na América Latina - e o quinto do mundo.
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