Diariamente, centenas de passageiros viajam de Timon, cidade do Maranhão, a Teresina, capital do Piauí, e vice-versa; na semana passada, a passagem não foi cobrada devido ao caráter experimental do transporte; antiga estação ferroviária será reformada
Anele de Paula
Da equipe de O Estado
Timon - Para os timonenses, o sonho de encurtar cada vez mais o trajeto entre Timon, no Maranhão, e Teresina, no Piauí, está mais perto de se transformar em realidade. Desde a semana passada, o metrô de superfície está fazendo viagens na linha, que interliga as duas cidades.
Como ainda não funciona em caráter definitivo, durante mais de seis dias, os timonenses viajarão de metrô gratuitamente. Este é um dos testes para assegurar a eficácia do transporte que reaproveita antigos trilhos de ferro já existente entre Timon e Teresina.
O diretor do Departamento Municipal de Trânsito (Demtrans), Robert Gualter, anunciou à população que a estação passará por uma grande reforma, que custará R$17 milhões provenientes de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
“O objetivo é garantir qualidade e conforto aos passageiros”, enfatizou o diretor. Ele explicou que, além da construção de uma estação maior, será feito um trabalho de urbanização de toda a área localizada ao redor. Enquanto esse trabalho de ampliação da estação não é executado, Robert Gualter antecipou que não haverá problemas no transporte de passageiros.
“Outros pontos, como a antiga estação ferroviária serão aproveitados para a realização do embarque e desembarque. Como os recursos para a recuperação e construção de uma estação nova já existem, a obra não demorará a ser feita, mas nem por isso o sistema ficará parado”, garantiu o diretor.
Quem já experimentou a viagem gratuita acredita que o transporte será um sucesso, principalmente para quem deseja abandonar os ônibus lotados, que fazem linha interligando o Maranhão e o Piauí.
“Já era hora de a gente também poder contar com um transporte moderno. Se em Teresina o metrô é usado por muita gente, por que que aqui também não pode funcionar? Eu acho que desafogará o trânsito e na hora de pico não vamos mais ter que viajar nos ônibus lotados. Teremos outra alternativa bem mais barata”, afirmou a estudante timonense Cecília Augusta Bacelar, estuda em uma faculdade no Piauí.
Custo - O projeto para a recuperação da malha ferroviária está orçado em R$ 1,5 milhão. Além da modernização do aspecto urbanístico da estação - preservando o valor histórico e arquitetônico da antiga estação da Reffsa -, o local terá pista para cooper, ciclovias, praça elevada e muito verde com plantação de mudas.
A iniciativa de urbanização da estação ferroviária tem extensão de mais de um quilômetro, a partir da ponte metálica passando pela estação e se estendendo até o fim da passagem da linha férrea no Bairro São Francisco.
A Prefeitura de Timon, por meio do PAC, realiza obras de infra-estrutura na área como construção de calçamentos e galeria pluvial. Segundo o secretário municipal de Obras, Delfino Guimarães, esse novo projeto contemplará a área com a melhoria do aspecto urbanístico e infra-estrutura, principalmente para o bairro onde a estação está localizada.
“Vai melhorar não apenas o transporte público, mas a vida dos moradores do bairro. A circulação de passageiros melhora o local urbanisticamente e ainda poderá aquecer e ampliar o comércio local”, justificou o secretário.
Programa - O Trem Regional,como é intitulado o programa do Governo Federal para a recuperação de malhas ferroviárias, prevê a recuperação de trechos ferroviários que interligam cidades com mais de 100 mil habitantes em todo o Brasil.
Segundo o diretor administrativo da Companhia Metropolitana de Transportes Públicos do Piauí(CMTP), Antônio Sobral, a chegada do metrô a Caxias e Codó já é uma realidade. Ele disse que o Ministério dos Transportes já autorizou o estudo que analisará a ampliação das linhas entre os dois estados para que a obra seja concluída o mais rápido possível.
“Serão analisados que trechos precisam ser recuperados, que estações precisam ser melhoradas, quantas pessoas vão, todos os dias de Teresina a Timon e vice-versa, quais os pontos atrativos para essas pessoas”, ressaltou Antônio Sobral, acrescentando que o tempo de duração e o valor total da obra só serão conhecidos após a conclusão do estudo.
Movimentação
- Conforme cálculos do DMTRANS, o potencial médio de usuários diários do metrô será em torno de 5 a 6 mil pessoas. Segundo o departamento, esse é o número de pessoas que diariamente atravessam de bicicleta a ponte metálica para ir à Teresina.
- Dentro e fora dos vagões do metrô estão instaladas câmeras de segurança, cujas imagens são monitoradas de dentro da cabine do maquinista, através de um circuito de TV.
- É no valor do bilhete que o metrô tem a maior de todas as suas vantagens. Por apenas R$ 0,50 – ¼ da tarifa de ônibus - o usuário vai de Timon ao bairro Dirceu Arcoverde, em Teresina. Se for fazer esse trajeto por meio de ônibus, esse percurso não sairia por menos de R$ 3,80, visto que seria necessário para o timonense pegar dois ônibus.
- Outro fator vantajoso é a rapidez da viagem. Como o metrô não depende de sinalização, as únicas paradas são feitas somente nas estações, para embarque e desembarque de passageiros.
Reforma da estação não foi liberada
Para que o metrô que interliga Timon e Teresina funcione dentro do previsto, ainda é necessário que a Prefeitura de Timon obedeça alguns trâmites, um deles é conseguir uma autorização do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que a reforma na antiga estação ferroviária, que é tombada, possa ser reformada e adaptada para funcionar como ponto de embarque e desembarque de passageiros.
O Iphan está analisando solicitação encaminhada pelo Departamento Municipal de Trânsito (Dmtrans), que requer a concessão de uso da estação férrea de Timon (Estação Senador Furtado), e seu pátio de manobra para o funcionamento do metrô.
Os detalhes do processo foram acertados numa reunião realizada na semana passada, em São Luís, com a participação do diretor Robert Gualter (Dmtrans) e técnicos do Iphan.
Na reunião, Robert Gualter solicitou a liberação para o uso da plataforma de embarque de passageiros para que o metrô venha a funcionar enquanto a solicitação definitiva seja homologada pela diretoria do instituto.
Na avaliação do diretor do Demtrans, a reunião teve caráter positivo, pois os técnicos se mostraram acessíveis ao projeto e farão uma análise profissional do tema.
Sem modificações - Para o Iphan, a reforma do local não implicará interferências no espaço físico da unidade ferroviária e que nada será descaracterizado no prédio datado do século XIX.
“Não vamos de forma alguma fazer uma intervenção na história do local, mas a exemplo do que também foi feito em Teresina, queremos usar a estação como um local para que os passageiros possam esperar o metrô. Precisamos da autorização para construir ponto de espera, com cadeiras e uma coberta e ainda um guichê para a venda de bilhetes”, antecipou o diretor.
O resultado do encontro com os técnicos do Iphan só deve ser divulgado dentro de algumas semanas, assim como o inicio do funcionamento em definitivo do sistema de transporte leve sobre trilhos, como é denominado o metrô.
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