A representatividade de cientistas e de jovens pesquisadores maranhenses na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), encerrada sexta-feira (30), em Natal/RN, dá sinais de que o estado entrou na rota da ciência. Esta constatação dar-se não só porque o Maranhão conquistou a incumbência de sediar a SBPC 2012, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mas pelo avanço na geração de pesquisas científicas e inovações tecnológicas, que tem sido fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
A vasta programação da reunião teve espaços generosos para a ciência, tecnologia e inovação (CT&I) produzida no Maranhão. A Programação Científica, que, segundo o próprio material da SBPC, teve “participação de pesquisadores renomados do Brasil e do exterior”, contou com seis maranhenses entre os palestrantes e conferencistas. A contribuição dos pesquisadores do Maranhão esteve sempre relacionada a novos saberes e aplicações da tecnologia na preservação e exploração sustentável do ambiente.
Quem transitou pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre os dias 25 e 30, pode encontrar maranhenses nos mais diversos espaços do terceiro maior evento científico do mundo. Na área de 6.000 m² destinados a EXPOT&C, que reuniu iniciativas de instituições de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) juntou suas ações às das instituições correlatas de outros estados, na exposição do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).
“A articulação entre as FAPs tem resultado em projetos em conjunto, em torno de interesses em comum, como a Rede Malária”, afirmou o secretário-executivo do Conselho, Luiz Carlos Nunes. Ao todo, são 23 agências de fomento estaduais congregadas pelo Confap.
Pesquisa - Na SBPC, foram expostos os programas de incentivo à pesquisa e à inovação desenvolvidos pela Fapema, além das estratégias para divulgação e popularização de CT&I no Maranhão, com destaque ao Programa de Apoio à Pesquisa na Empresa (PAPPE – Subvenção Econômica); à Revista Inovação, que difunde, em forma de jornalismo científico, os resultados dos principais estudos realizados no estado; e às demais publicações financiadas por meio do Auxílio à Publicação (Apub).
A maior parte das discussões foi em torno das “Ciências do Mar”, tema do evento, que ganhou mais notoriedade com a descoberta de reservatórios de petróleo na camada do pré-sal. “Para que o Brasil continue a ter soberania sobre este e outros tesouros, é necessário que mais conhecimentos sejam produzidos, a fim de tornar essa exploração mais sustentável”, pontuou o presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp.
Preocupada com os impactos nos manguezais, que estão sendo destruídos quatro vezes mais rápido do que as demais florestas do mundo, a pesquisadora Flávia Mochel, do Departamento de Oceanografia e Limnologia, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mostrou seu método de recuperação de mangue, durante simpósio da Programação Científica.
Depois de quase 20 anos dedicados à ciência básica, que lhe renderam conhecimentos sobre a dinâmica dos manguezais, a pesquisadora, que é doutora em Geociência, conseguiu desenvolver um processo mais rápido de recuperação dos mangues. Há três anos, ela aplica esse método em uma empresa do Maranhão, estado que possui 50% da extensão de manguezais do Brasil.
Os propágulos do mangue, que são sementes já germinadas, são coletados em áreas lamosas e alagadas. Em seguida, são cultivados em viveiros, onde recebem acompanhamento constante. Em alguns meses, as plantas são devolvidas aos bosques de mangue. “São ecossistemas complexos e variados e dependem, também, da preservação de estuários, apicuns, planícies de marés, recifes de coral e praias”, destacou a pesquisadora.
O sistema da biodiversidade maranhense foi colocado em debate pelos pesquisadores Antônio José Silva Oliveira e Maria da Cruz Moura. Já o pesquisador Márcio Valério Jansen Cutrim coordenou as discussões sobre água de lastro de navios, que servem como porta para uma invasão biológica. “Quando um pesquisador participa desses espaços, ele traz os problemas do nosso estado, apresenta soluções e os coloca na pauta nacional. Juntando com outros pesquisadores, podemos observar o efeito macro das ações humanas no planeta”, enfatizou Antônio Oliveira, que também é vice-reitor da UFMA e membro da Comissão Científica da SBPC.
SBPC em São Luís
A UFMA sediará a Reunião Anual da SBPC, em 2012, ano em que São Luís completará 400 anos. De acordo com o vice-reitor da universidade, está sendo preparada toda a infraestrutura para receber o evento. Mas muito ainda precisa ser feito até lá, o que demandará esforços também do Governo do Estado e da Prefeitura da capital maranhense. No que se refere à produção científica, os pesquisadores e a principal agência de fomento do estado, a Fapema, já dão passos largos para alcançar mais espaços e resultados. “É um avanço para que possamos estar preparados para sediar a reunião em 2012”, concluiu Oliveira.
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