Cinema local mostra a cara no Guarnicê
O 33º Festival Guarnicê de Cinema distribuiu 45 premiações, concedidas a vídeos e filmes nacionais e maranhenses exibidos durante o evento, que ocorreu de 22 a 26 deste mês no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana (Cohafuma). Participaram das mostras competitivas 16 filmes de todo o país e 24 vídeos. A presença e a boa qualidade das produções locais revelam a vontade de fazer de produtores independentes que buscam por patrocínio para alavancar o cinema maranhense.
Os quatro dias do festival, que proporcionaram 120 horas de exibição, foram marcados pela realização de oficinas de cinema e vídeo e visitas de estudantes e do público-geral. A exibição do longa-metragem “As Melhores Coisas do Mundo”, com direção de Laís Bodanski, na noite de premiações, encerrou o festival.
Entre os principais destaques dos filmes, ficou o único maranhense a competir no Festival Guarnicê “Vela ao Crucificado”, de Frederico Machado, que recebeu os prêmios Kodak, Erasmo Dias, Júri Popular, de Melhor Ator, concedido a Auro Juriciê, e de Melhor Atriz, concedido a Elza Gonçalves. A produção da Lume Filmes foi inspirada em conto homônimo do escritor Ubiratan Teixeira.
Independentes - Para a especialista em jornalismo cultural e crítica de cinema Poliana Ribeiro, a mostra de vídeos maranhenses foi um dos pontos altos do Festival Guarnicê, por surpreender principalmente pela riqueza técnica das produções e por serem produções sem financiamento. “Todos os vídeos que vi eram filmes independentes. Eles foram frutos apenas da vontade de seus realizadores, agregada à qualidade dos vídeos, que tratavam sobre temas como cultura e existenciais. O público, formado principalmente por estudantes, adorou e ficou surpreso com os bons filmes locais”, disse ela.
Em “Os Ruídos do Tempo”, de André Garros, que recebeu Menção Honrosa pela experimentação de imagens e que retrata o ser humano ocupando lugares vazios, a crítica viu um dos grandes destaques da mostra. “O vídeo mostra imagens deslizantes para falar de problemas existenciais e narra a idéia de que ‘todo lugar vazio é preenchido pela memória do ser humano’, com uma qualidade impressionante. Falta apoio da iniciativa governamental e privada para a produção maranhense, que, com mais financiamento, com certeza, estaria tendo muito mais destaque no cenário nacional”, cobra a especialista.
O coordenador do evento, o diretor do DAC, Alberto Dantas afirma que nas próximas edições serão principalmente trabalhados métodos de aproximação entre produtores e patrocinadores. “Tentaremos preencher o Centro de Convenções por completo, colocando estandes de divulgação para os patrocinadores e possíveis apoiadores de ações culturais. Um grande festival tem que aproximar o produtor do financiador e criar um espaço de divulgação no qual os dois saiam ganhando, que seja uma mão dupla”, afirmou Dantas.
Avaliação - Apresentado pela Petrobras, o Festival Guarnicê de Cinema é uma realização da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio do Departamento de Assuntos Culturais (DAC), de Artes e de Comunicação Social. Alberto Dantas, avaliou que a 33ª edição do Guarnicê como um momento de transição. “Aceito todas as críticas de que talvez tenha faltado um pouco de glamour, um pouco mais de relação com a temporada junina. Mas tivemos uma média diária de 450 pessoas durante as exibições – o que não era possível no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, onde era realizado o festival, e que só oferecia 200 cadeiras por sessão. Não registramos nenhuma falha operacional, em todos os dias. Do cerimonial à exibição. Todos os idealizadores ficaram satisfeitos”, disse Dantas, referindo-se às cobranças relativas à mudança de lugar, que reduziriam o público.
Segundo ele, o Festival Guarnicê de Cinema, o quarto mais antigo do país, precisa se expandir e este ano pode ser considerado como um plano-piloto, que ajudará a construir outras edições de forma mais embasada. “Com parceria firmada com o Governo do Estado, trouxemos um festival muito comentado para um grande espaço, que é o Centro de Convenções. É claro que haveria um impacto de público. Mas isso ocorreu da mesma forma com o CinePE, que saiu de um pequeno cinema para um espaço maior e no primeiro ano sofreu um esvaziamento. Contudo, com empenho e com esforço para captação de recursos e divulgação, o festival pernambucano é o segundo maior do Brasil”, explica Dantas.
No próximo mês, com auxílio do diretor e idealizador do CineFoot, Festival de Cinema de Futebol, Antonio Leal, o Departamento de Assuntos Culturais da UFMA, já começará o plano de trabalho para o Guarnicê do próximo ano. “Estamos sempre voltados para o futuro. Queremos rever todas as falhas, colher todas as sugestões para alcançarmos grande destaque no cenário nacional. Para isso, faremos curadorias nacional e regional pela primeira vez. Temos consciência de que é preciso melhorar sempre e estamos abertos a participação de cineastas, de artistas e de representantes da sociedade para que façamos um evento melhor a cada ano”, afirma o diretor do DAC.
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