sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Setor logístico brasileiro aposta no Maranhão para evitar colapso




São Paulo - O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Willen Mantelli, declarou acreditar no potencial portuário brasileiro, mas ressaltou que é preciso mais investimento e menos burocracia para que não haja grandes problemas no setor. “Se não houver investimentos nessas áreas, aí sim o Brasil viverá um colapso”, disse Mantelli ao sítio eletrônico Webtranspo, especializado em logística.


“Não faz sentido os produtores enviarem suas mercadorias para Santos (SP) e Paranaguá (SC), sendo que o porto de Itaqui (MA), por exemplo, pode atender a essa demanda. Mas é claro que, para isso, o porto terá que receber investimentos”, explicou o presidente da ABTP. Mantelli também enfatizou que os portos brasileiros, atualmente, têm capacidade para escoar a produção agrícola, mesmo que seja recorde.
Neste sentido, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) anunciou, em dezembro de 2009, a meta de exportações para este ano. De acordo com os dados divulgados, o objetivo é enviar ao mercado internacional uma cifra aproximada de US$ 168 milhões em produtos, volume 10% maior que o registrado em 2009, de R$ 152 bilhões. Essas projeções trazem à tona um assunto pertinente ao período pré-crise: um possível “apagão” (colapso) portuário.

No entanto, de acordo com Mantelli, as atenções não devem ser destinadas apenas aos complexos portuários. Segundo a presidente da entidade, um fator predominante é a redução da burocracia. “Quando o Tribunal de Contas da União (TCU) investiga alguma obra, esse empreendimento acaba sendo paralisado. Acho muito importante a atuação do Tribunal. Porém, essas ações poderiam ser realizadas em conjunto com o andamento da obra para que não haja prejuízo em termos de infra-estrutura”, ponderou Mantelli.

Soluções – No caso do Maranhão, destacam-se o Porto do Itaqui e a mineradora Vale na vanguarda da expansão logística. No Itaqui há, em andamento, a construção de mais um atracadouro (berço 100/sul), bem como o projeto de um novo píer (berço 108/norte), dragagem do canal e reforma de todo o cais sul.

Há, também, recursos da ordem de R$ 300 milhões do Governo Federal para a construção do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram). No conjunto, as obras totalizam R$ 540 milhões, investimento que vai triplicar a capacidade de movimentação de cargas do Itaqui, alcançando um patamar de 15 milhões de toneladas por ano.

A Vale divulgou, na primeira quinzena de dezembro de 2009, detalhes da expansão do seu sistema logístico da região Norte, com o incremento da movimentação de cargas da ordem de 100 milhões de toneladas/ano no Terminal Marítimo Ponta da Madeira (TMPM). Para este ano, estão programados a duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e o início da construção do novo atracadouro (Píer IV), em São Luís. O restante da expansão será concluído no biênio 2013/2014.

A duplicação da EFC está orçada em R$ 3,9 bilhões. Com 892 km de extensão e 56 pátios de cruzamento, a previsão é construir 604 km de linha, o suficiente para interligar os pátios e criar uma segunda estrada de ferro. Além disso, a mineradora pretende construir 720 km de linha férrea ligando Açailândia (MA) a Palmas (TO), como parte da Ferrovia Norte Sul (FNS).

Em São Luís, a Vale planeja investir R$ 2,2 bilhões em várias ações, como a construção de 94 km de linhas férreas na região portuária. Isso inclui a aquisição de quatro viradores de vagão, elevando para oito o total de viradores.

No TMPM, há duas empilhadeiras, duas recuperadoras e quatro equipamentos mistos, isto é, empilhadeiras-recuperadoras. A mineradora prevê adquirir de mais quatro empilhadeiras-recuperadoras e construir 70 km de correias transportadoras no complexo industrial-portuário.

O projeto inclui ainda a aquisição de, pelo menos, 20 navios para uma linha de transporte para a Ásia, a um custo de US$ 1,7 bilhão. Deste lote, 12 são cargueiros da classe Chinamax, com capacidade para 400 mil toneladas de carga, superiores ao graneleiro Berge Stahl (356 mil toneladas de carga), até então tido como o maior do mundo na sua categoria. Estas embarcações vão operar no Píer IV do TMPM.

Número

6,64 Bilhões de reais devem ser investidos no Maranhão, incluindo a expansão do Porto do Itaqui e do terminal da Vale, que pretende quadruplicar o seu parque logístico em São Luís, adquirindo novos equipamentos do pátio de minérios, ampliação das conexões férreas do porto até os atracadouros.

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