segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Para administrador do Hotel Luzeiros em São Luís mão de obra local não é problema


       

Dagoberto Silva
Dagoberto Silva para o Jornal Imparcial

Homem de negócios, empreendedor, ousado. O administrador Dagoberto Silva responde pela gerência do Hotel Luzeiros, espaço referência do setor hoteleiro no estado. Para ele, determinação, disciplina e atitude são ferramentas imprescindíveis no alcance do êxito em qualquer negócio.

Dagoberto aponta que há uma classe empresarial “muito imediatista”, mas que há também uma mudança se aproximando e com um setor público cuja visão vai além dos próprios interesses. Em entrevista a O Imparcial ele fala, entre outros assuntos, das potencialidades da capital, da nova geração de empresários locais, dos pilares para o sucesso e desmistifica a ideia de que a mão de obra é o problema. “Sem investimento no fator humano nenhum negócio prospera”, enfatiza, com a certeza da experiência iniciada em 1979, com passagens em estabelecimentos e grandes redes de hotéis pelo Brasil e exterior.

Qual sua percepção da São Luís de quando você chegou para hoje?
Sou um homem de negócios que sempre vejo o lado positivo das coisas. São Luís é uma cidade que me impressionou desde o primeiro momento por ser limpa, de boa qualidade de vida e ser uma capital promissora. Estou aqui há quase dois anos e observo uma cidade que caminha para o desenvolvimento. Mudou de lá para cá o ambiente de negócios. Alguns negócios que acreditávamos que iriam vingar não prosperaram e outros, deram certo. A capital hoje tem shows de grandes nomes semanalmente, empresas novas chegando, existe uma mudança e naturalmente, o próprio Hotel Luzeiros faz parte desta mudança, pois, quando chega uma empresa bem sucedida vêm outras no caminho. Estou feliz em ver que há um grupo de empresários que não dependem de governos. São comprometidos, ousados e sérios. O ambiente de negócios melhorou bastante. Muitos não pensam como eu, talvez eu seja um estranho no ninho, mas vejo São Luís como uma cidade de oportunidades.

O setor de imóveis teve uma desaquecida. A que você atribuiu e qual o impacto na economia local?
A construção civil e o setor de telecomunicações são dois geradores de negócios e são cíclicos: têm o momento mais tranquilo e o declínio. Na Europa e nos Estados Unidos foi assim e aqui não seria diferente, devido à ‘bolha imobiliária’ que se formou. Mas, isso é normal. O setor de telecomunicações ainda não explodiu aqui, mas vai explodir. A cidade ainda é muito carente nessa área. Mas, vai crescer e aí estão as verdadeiras oportunidades. Não houve redução de negócios por um motivo específico, mas pelo fato do mercado ter o poder de compra e neste momento parou. É cíclico.

Que outros setores você considera como apostas seguras?
Acredito no turismo. Sou um homem de negócios do setor de turismo e gosto. No Maranhão temos um dos três pontos mais lindos do planeta, que são os  Lençóis Maranhenses. No momento que houver o investimento adequado, estes pontos serão rotas naturais do turismo. Mas, há um fator que precisa ser desenvolvido: a mobilidade. As companhias aéreas não facilitam a vida de São Luís . É preciso que se crie o destino. Os Lençóis ainda não é um destino que está na rota. Mas, tudo isso vai acontecer, eu acredito muito no crescimento dessa região do Brasil. O empresário brasileiro é imediatista. Ele não desenvolve um plano de ação, ele quer ganhar logo. Na Europa se montam negócios com previsão de crescimento para 15, 20 anos. A cidade de São Luís  tem uma orla interessante, temos o Centro Histórico, é muito fácil de ser vendido lá fora. Mas, para isso acontecer deve haver um planejamento, investimento e um trabalho de parceria público-privada.

O que falta para esse ‘acontecer’, se a cidade tem as condições?
Já estamos em um bom caminho. A cidade já recebeu um bom shopping e atrás destes virão outro; o próprio Hotel Luzeiros criou um novo modelo de hotelaria na cidade, que os demais são impelidos a acompanhar, ou ficarão para trás. A parceria público-privado também começou e tem conversado. O setor privado vai empurrar o público a tomar decisões. O setor público tem toda dependência do privado, pois quem gera dinheiro, quem gera impostos somos nós do setor privado. Integro um grupo de empresários onde vejo que eles têm visão de sustentabilidade, têm em mente que não há um negócio exitoso em uma cidade fracassada. E eles vêm trabalhando pensando no crescimento como um todo, em investir. É uma questão de pequenos ajustes, que s conheça mais a cultura, pois somos diferentes, nosso ‘rápido’ aqui é diferente do ‘rápido’ de São Paulo. Com isso, o empresariado tem que se adaptar, tanto o daqui, quanto o de fora.

A qualidade da mão de obra no Maranhão ainda é entrave para os negócios? Como você avalia?
De jeito nenhum. Essa é uma falsa afirmação que ouço desde quando cheguei aqui. Esse é um problema mundial, não do Maranhão. O que ocorre é que as empresas não investem no fator humano e acreditam que vão encontrar essa mão de obra qualificada pronta, e não há, não existe. Não temos escolas preparatórias, escolas técnicas, temos algumas faculdades, mas que não preparam para o mercado. Os empresários têm que entender que parte de seu faturamento deve ser destinado à capacitação da mão de obra. Que sem mão de obra qualificada o negócio não vai para frente. O Hotel Luzeiros é a referência que é porque investe no fator humano. Eu gosto do se humano, acredito no ser humano. Um ser humano motivado é capaz de fazer coisas incríveis. O maranhense que produz em São Paulo produz muito bem, por quê? Pela capacitação. Eu tive um cozinheiro aqui que trabalhava em São Paulo e perguntei a diferença. Ele respondeu capacitação, valorização, remuneração justa. Já trabalhei no Haiti que era um espaço hostil comparado ao Brasil e ao Maranhão e tínhamos um bom faturamento. Tudo isso é o investimento no fator humano.

O que é a sustentabilidade, na visão empresarial, tema hoje essencial para um negócio?
Uma empresa auto-sustentável é a que gera resultados, que gera lucros. Quando um empresário decide montar um negócio, ele pensa em rentabilidade. Para isso, ele investe em maquinários, em equipamentos, em edifícios e precisa de gente. Mas, normalmente, não investe em mão de obra. É preciso aliar o fator financeiro, de serviços e o fator humano que vai gerar resultados e vislumbrar crescimento. A empresa, como o ser humano: um organismo. Nasce, cresce, desenvolve, mas tem o grande poder de não entrar na fase de declínio, basta se renovar. As empresas auto-sustentáveis têm planos para longos prazos e por isso, são grandes empresas vitalícias. As empresas nascem pequenas, pelas mãos de um empreendedor, que, geralmente não são bons gestores, mas se ele desenvolver uma visão de futuro não irá acabar em cinco anos. Outro ponto é honrar os impostos, a boa remuneração dos funcionários, respeitar o meio ambiente.



Falando do Luzeiros, o que influi na taxa de ocupação e como se mantém?
Desde o ano passado, nossa ocupação vem crescendo e estamos com ocupação acima de 80%, mantida nos últimos quatro meses, bastante acima da média. Crescer quando todos crescem, é menos difícil. No momento que há estagnação, aqueles que realmente atuam com mais consistência farão a diferença. O investimento em construir um hotel deste porte e com estas características fez a diferença e mexeu com o mercado. O serviço que prestamos ao cliente é consistente e não está sujeito a picos de altos e baixos. As empresas percebem que aqui são tratados com respeito e que o preço não varia com a ocasião, temos um planejamento. Sabemos que tem alguns momentos que vamos ganhar mais e ganhar menos. Mas, o primordial é fidelizar o cliente e criar uma parceria duradoura nos momentos bons e também difíceis.

Quem são os parceiros do Luzeiros?
Temos um segmento corporativo pequeno de quatro ou cinco grandes empresas que mantêm a ocupação dos hotéis. Buscamos novos mercados e criamos parcerias fora de São Luís e estas empresas nos geram mais de 50% dos lucros. Durante um ano, duas semanas ao mês, viajava em busca de novos mercados. Gosto de dizer que eu não choro, eu vendo lenços. Quando cheguei aqui, o próprio Luzeiros estava em crescimento e fomos à busca de mercados, investimento e formas de crescimento.

Diferente do que se entende dos hotéis, o Luzeiros é uma referência de espaço promissor para eventos, convivência, festas. Como isso foi estabelecido?
O hotel foi concebido para ser um hotel completo, e é um hotel completo. São 243 quartos, uma linda suíte presidencial de 180 metros quadrados, mais duas suítes executivas de 80 metros quadrados; apartamentos duplos, triplos; dois restaurantes, sendo um mais íntimo e outro com vista para o mar com gastronomia diferente; uma bela piscina; e um centro de convenções com dois salões com capacidade para até 180 pessoas, que é um ambiente para eventos tanto social como empresarial. O evento social é mais difícil de ser feito e mais disputado, pois exige mais logística, preparação e organização. Passamos a tratar esse tipo de evento com mais carinho e atenção, fazendo um trabalho personalizado, nos aproximando dos organizadores das festas, do decorador, da família, para ver como acontece. As pessoas se surpreenderam com nossa festa de Ano Novo, com eventos em todos os ambientes do hotel. Já realizamos festas jovens para mil pessoas e o sucesso foi bem acima do esperado. Essa ousadia de criar algo novo é que fez com que desse certo e mostrou que o Hotel Luzeiros está pronto para receber qualquer tipo de evento. Esse não será diferente, vamos proporcionar ao cliente algo novo.

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