domingo, 10 de março de 2013

Teatro maranhense em projeto inovador no Rio

Peças Cárcere de Maria Aragão, da Companhia Xama Teatro, e Onde está Lulu?, da Cena Aberta, serão apresentadas de 20 a 27 deste mês.
 
Carla Melo
Do Alternativo
 
Já imaginou transformar sua casa em um palco de teatro por onde poderiam passar as mais diferentes histórias, reais ou fictícias, que compõem um grande festival de artes cênicas? Pois muitos moradores da cidade do Rio de Janeiro colocaram suas moradias à disposição do Home Theatre – Festival Internacional de Cenas em Casa, que acontecerá de 20 a 27 deste mês na cidade. E o Maranhão estará representado no evento por meio das companhias Xama Teatro e Cena Aberta. Em terras cariocas, os maranhenses encenarão, respectivamente, Cárcere de Maria Aragão (fragmentos da peça A Besta Fera) e Onde está Lulu? (com textos de Bernard Shaw e Frank Wedekind). Os espetáculos foram selecionados por meio de um processo que analisou vídeos de montagens enviados por atores e companhias de todo o país.
O evento tem como uma de suas principais características abrir espaço para que moradores da cidade do Rio de Janeiro inscrevessem suas casas como local de apresentação das peças. 50 residências, localizadas em favelas e conjuntos habitacionais, serão os palcos que comporão o mapa da programação.
Além da apresentação dos espetáculos selecionados, o evento terá ainda três momentos específicos. O primeiro reúne entrevistas com mulheres de diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro que contam suas histórias de vida. Três narrativas, de três mulheres, foram escolhidas para serem encenadas na casa de cada uma delas. No segundo momento, a atriz Georgiana Goés e o diretor Marcus Faustini criarão, a partir de memórias pessoais de relações amorosas, textos e cenas que serão apresentadas durante o festival. Para encerrar, a organização do festival escolheu uma rua onde os moradores contarão suas histórias e atores da região encenarão nas casas desta rua cenas criadas a partir das histórias.
O evento tem também um caráter competitivo. Após as apresentações nas casas, os selecionados encenarão para uma comissão julgadora que escolherá o vencedor pela Melhor Interpretação e Melhor Cena, os dois com prêmios de R$ 5 mil cada.

Montagens – Para participar do festival, as peças deveriam ser solo e ter 20 minutos de duração. Este foi um dos motivos pelo qual a diretora Gisele Vasconcelos e a atriz Maria Ethel, que assinam juntas o texto da peça, resolveram condensá-la. “A Besta Fera narra a história de vida e de luta da médica comunista Maria Aragão. Tem 45 minutos de duração, mas para o festival resolvemos focar nos momentos em que ela foi presa pelo regime militar e a batizamos de Cárcere de Maria Aragão, o que acaba sendo uma montagem nova, com uma proposta muito densa, emocionante”, observa Gisele Vasconcelos. A atriz Maria Ethel dá vida a Maria Aragão.
Encenada pela primeira vez em 2007, a peça A Besta Fera traz a vida de Maria José Camargo Aragão (1910-1991). “Já a apresentamos em 17 municípios do Maranhão, somando mais de 60 apresentações”, destaca Vasconcelos. Para a diretora, a montagem amadureceu nestes seis anos. “Antes, tínhamos um cenário grande e hoje conseguimos enxugar a ponto de podermos apresentar a peça usando apenas uma cadeira, bons recursos de luz e projeções”, conta Vasconcelos.

Outra peça - Uma colagem dramatúrgica de obras referentes ao mito de Galatéia dá vida ao espetáculo Onde está Lulu?, do grupo de pesquisa teatral Cena Aberta. A peça estreou este ano e tem à frente a atriz Ligia D’Cruz. O roteirista e diretor Luiz Pazzini explica que os diálogos são transformados em monólogos que correspondem à memória da trajetória percorrida pela personagem Lulu desde a infância, passando pela puberdade, até chegar à maturidade, tornando-se uma grande artista.
Fiel à proposta de investigação performática e utilizando recurso de intertextualidade, a peça tem textos de Bernard Shaw e Frank Wedekind. “Os textos servem de elemento compositivo de workshops que, para além da construção da personagem e elaboração técnica da encenação, traz a discussões sobre gênero, sexualidade e a tensão entre masculino e feminino”, diz Pazzini.
Os monólogos foram apresentados no I Festival de Arte Contemporânea da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em forma de diálogos com outros três atores. As duas montagens – Cárcere de Maria Aragão e Onde está Lulu? - serão apresentadas em São Luís em abril, no Casarão Ângelus Novus (Beco Catarina Mina, Praia Grande).

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Ficha Técnica
Monólogo: Onde está Lulu?
Direção: Luiz Pazzini
Atriz: Lígia D’Cruz
Texto: Adaptado de Bernad Shaw e Frederic Wedekind
Duração: 20 minutos
Ficha Técnica
Monólogo: Cárcere de Maria Aragão
Direção: Gisele Vasconcelos
Atriz: Maria Ethel
Texto: Gisele Vasconcelos e Maria Ethel
Duração: 20 minutos

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