sábado, 15 de dezembro de 2012

“O Maranhão se apresenta como uma economia forte e competitiva”

Edílson Baldez das Neves, presidente da Fiema
 
Presidente da Federação das Indústrias do Maranhão vê com otimismo a nova fase econômica do estado.
(Veja quadro  explanativo de investimentos no final da matéria)
 
Ribamar Cunha
Subeditor de Economia
 
O presidente da Federação das Indústrias do Maranhão, Edílson Baldez das Neves, está bastante otimista em relação ao novo momento econômico do estado, que contabiliza investimentos públicos e privados de R$ 120 bilhões e a certeza de mais oportunidades de empregos para a população e de negócios para as empresas locais. Em entrevista exclusiva a O Estado, ele faz uma análise da interiorização do setor industrial maranhense, do crescimento do PIB e ainda dos investimentos que o Sistema Indústria realizará para ampliar e modernizar a rede profissionalizante do Senai.

O Estado - O Maranhão vive hoje uma nova fase em sua economia, com investimentos que somam R$ 120 bilhões. Como o senhor avalia essa nova perspectiva de crescimento do estado?
Edílson Baldez - Vejo com bastante otimismo, principalmente porque a maior parcela deles será realizada no setor industrial e na infraestrutura de transporte e logística, que tem sido apontada como um dos gargalos existentes, mas que começa a ser superado. Com isso, o Maranhão se apresentará com uma economia forte e competitiva. Anima-nos não apenas o tamanho da cifra (R$ 120 bilhões), mas a perspectiva de que esses investimentos possam gerar efeitos multiplicadores para frente e para trás em todos os setores produtivos, não só na indústria.

O Estado - A política de atração de investimentos adotada pelo Governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada, está no caminho certo? O mapa de investimentos, que antes se concentrava em São Luís, está sendo modificado?
Edílson Baldez - Sem dúvida. Esta é uma oportunidade que o Maranhão está tentado para promover uma efetiva desconcentração econômica, relativamente à capital, São Luís, a Imperatriz ou a Balsas. É uma oportunidade para a promoção do equilíbrio econômico-espacial, principalmente se considerarmos que alguns dos novos investimentos se dão em municípios pequenos, até então sem qualquer dinâmica econômica significativa.

O Estado - O estado já teve vários ciclos industriais, como têxtil, babaçu e cana-de-açúcar. Agora, estamos na era do petróleo e gás, celulose, siderurgia, entre outras atividades. O senhor entende que será esse um ciclo sustentável e duradouro?
Edílson Baldez - Realmente, a história econômica registra a passagem de pequenos ciclos industriais, a exemplo do algodão, da cana-de-açúcar, do têxtil e de babaçu, dos quais se beneficiou enquanto conseguiu suprir demandas de crise do mercado internacional. A grande maioria desses investimentos está voltada para exportações, o que favorece a criação de divisas, a geração de renda e, por extensão, a ampliação do seu mercado interno. Mas para que este novo ciclo seja sustentável, sustentado e duradouro, não basta que sejamos somente produtores e exportadores de energia. É preciso que esses “grandes projetos” sejam consumidores de empresas maranhenses e utilizem mão de obra local, o que contribuirá sensivelmente para a redução da evasão de rendas do Maranhão e aumento do mercado interno.

O Estado – O que é preciso fazer então?
Edílson Baldez - É necessário que se incentive e estimule a implantação de pequenos parques industriais na área de influência dos grandes projetos ou em municípios que sejam “nó de transporte” (entroncamentos) ou aproveitando vantagens de um mercado com o tamanho populacional do Maranhão e, prioritariamente, que substituam nossos grandes volumes de importações. E, mais do que isso, o estado precisa aproveitar as oportunidades abertas com o Programa Brasil sem Miséria, orientando sua estrutura produtiva nessa direção, numa verdadeira inclusão produtiva da população maranhense.

O Estado - O Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão chegou a R$ 45,2 bilhões (dados de 2010), o que equivale a um crescimento de 8,7%. Para um período pós-crise de 2008, foi um percentual acima do esperado, já que em 2009 o PIB foi negativo em 1,7%?
Edílson Baldez - Talvez o inesperado fosse o tamanho do crescimento: 8,7%. Porque se observarmos a trajetória da economia do Maranhão nas últimas décadas, vamos encontrá-la crescendo a um ritmo maior do que o do Nordeste e da média brasileira. Em razão da atratividade que o Maranhão representa para o mundo econômico de hoje, as crises surgidas, como a de 2008, têm repercutido com atraso e menos impacto em nossa realidade.

O Estado - Por falar em PIB, a indústria participou em 2010 com 15,7% da formação de todas as riquezas produzidas no estado. Em 2006, essa participação chegava a quase 20%. Como o senhor avalia essa queda e qual a expectativa de crescimento para os próximos anos?
Edílson Baldez - Essa é uma posição relativa. Isto é, como o PIB equivale a 100%, a participação de cada setor não pode ser vista isoladamente, mas de forma comparada com os dois outros. A participação de 15,7% da indústria no PIB estadual foi influenciada por uma variação na participação da agropecuária 16,6% em 2006 para 17,2% em 2010, e influenciada principalmente por uma variação mais acentuada no setor de serviços, de 63,8% para 67,1% no mesmo período.
Interessa, porém, ver que o setor industrial como um todo mantém um crescimento médio anual em torno de 13%, fortemente afetado pela expansão da construção civil. Vale ainda lembrar que alguns grandes projetos do segmento de transformação ainda em processo de maturação e, mesmo assim, a indústria já superou a casa dos 100 mil empregados e poderemos superar os 250 mil até 2020. Essa avaliação pressupõe a operação da primeira fase da Refinaria Premium I, o término da fábrica de celulose da Suzano, a ampliação da produção de cervejas e da produção de frangos, a exploração de gás natural e a mineração do ouro, além da expansão da construção civil, ainda que em menor ritmo.

O Estado - As empresas locais estão preparadas do ponto de vista de gestão, competitividade e oferta de bens e serviços de qualidade para essa nova onda de crescimento do estado?
Edílson Baldez - Hoje há muitas empresas maranhenses que são fornecedoras dos grandes empreendimentos que estão instalados no estado. Mas, junto com o governo estadual e outras entidades empresariais, estamos tomando providências para aumentar o número de empresas locais que fornecem serviços e produtos para estes empreendimentos. A mais notável dessas ações é o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), que trabalhamos em conjunto com o governo estadual e seis empresas mantenedoras. Temos tido bons resultados na preparação destas empresas pela elevação do seu padrão de gestão e qualidade dos serviços e produtos que são oferecidos.

O Estado - Os empreendimentos que estão se instalando no estado também demandam mão de obra qualificada. Para que essas vagas sejam asseguradas aos maranhenses, o Governo do Estado lançou o programa Maranhão Profissional, com a meta de capacitar 400 mil pessoas. Como o senhor avalia essa ação?
Edílson Baldez - A meta é ousada e o Sistema Fiema é parceiro por meio da ação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Nós acreditamos que a qualificação dos maranhenses dá maiores condições para que o cidadão comum participe ativamente deste momento de expansão econômica e também se beneficie dos investimentos que estão sendo feitos aqui. Estamos investindo recursos nas nossas unidades para ampliar a oferta de vagas nos próximos anos e permitir que mais pessoas possam participar do bom momento econômico que vivemos.

O Estado - De que forma o Sistema Indústria também participa desse processo de qualificação de mão de obra? Que investimentos estão sendo realizados?
Edílson Baldez - Uma das principais missões do Senai é qualificar os maranhenses para que eles tenham maiores chances no mercado de trabalho, para que também possam se beneficiar dos investimentos que estão sendo feitos no estado até 2017. Mas para isso estamos implementando o Programa de Desenvolvimento e Evolução do Sistema Fiema, que prevê o investimento de R$ 67 milhões até 2014, na construção de três novas escolas do Senai, de um instituto tecnológico, na aquisição de mais unidades móveis, na reforma e ampliação das unidades do Sesi e do Senai existentes, na modernização dos maquinários das unidades, para citar algumas das ações. E a meta é atingir 65 mil matrículas anuais no Senai já em 2013, criar condições para que o Sesi tenha mais de 8 mil alunos até 2014 e o IEL possa aperfeiçoar e capacitar cerca de 3 mil executivos por ano.
 
 

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