sábado, 26 de maio de 2012

Livro Os Tambores de São Luís deve virar filme em 2014

 


O longa tem um orçamento previsto de R$ 12 milhões e está em fase de pré-produção e as filmagens serão em São Luís, Alcântara e Miranda do Norte.

Yane Botelho
Da Equipe de O Estado

O cineasta Flávio Leandro (RJ), 56 anos, pretende estrear a carreira como diretor de longas-metragens filmando uma adaptação da obra de Josué Montello: Os Tambores de São Luís. Concluído em 1974 e publicado em 1975, pela editora José Olympio, o romance completa 40 anos em 2014, data almejada para o lançamento do filme.
A pretendida superprodução tem orçamento previsto em R$ 12 milhões. Os trabalhos estão em fase de captação de recursos, segundo explica Elza Silveira, uma das integrantes da equipe de produção. É esperado que as filmagens ocorram em Miranda do Norte, Alcântara e São Luís.
Segundo Flávio Leandro, que é dono da produtora Movie Point Productions, o filme deve envolver um elenco de 250 atores e pelo menos 400 figurantes. A figuração deve ser feita exclusivamente por maranhenses, assim como 80% dos personagens da trama.
Diretor – O roteirista e diretor começou sua carreira cinematográfica em 1977 como boy de set do filme A Dama do Lotação, de Neville D’Almeida. Desde então, já participou de mais de 40 filmes, nacionais e internacionais, como assistente de produção, assistente de direção e diretor de produção. Flávio Leandro diz que, ao longo de 30 anos de carreira, trabalhou com alguns dos principais cineastas brasileiros, entre eles Nelson Pereira dos Santos, Roberto Farias, Cacá Diegues, Paulo César Saraceni e Oswaldo Caldeira. Entre as produções das quais conta ter participado, destacam-se Quilombo, Natal da Portela, Women in Fury, Delta Force Commando, Tiradentes e Navalha na carne.
Flávio Leandro já dirigiu seis filmes de curtas-metragens. Foi premiado nas duas vezes em que participou de concursos de roteiros. A primeira foi em 1994, no III Concurso Resgate do Cinema Brasileiro, do Ministério da Cultura (MinC), com Comportamento Humano; foi premiado ainda no Festival da Diáspora Africana, de Nova York, em 1995. Depois, em 2007, no Concurso de Roteiros da Riofilme, com o roteiro A Vênus da Lapa, baseado no conto Pomba Enamorada ou Uma História de Amor, de Lygia Fagundes Telles.
Em fevereiro de 2009 representou o Brasil em Burkina Faso, na África, na Mostra de Cineastas Negros da América Latina, durante o Panafrican Film and Television Festival of Ouagadougou (FESPACO). Participou das três edições do Encontro de Cinema Brasil, África, América e Caribe, realizados em novembro de 2007, 2008 e 2009, no Rio de Janeiro, com os filmes A Condição Humana e A Vênus da Lapa e com o documentário Duas Paisagens.
Abrindo o jogo - / Flávio Leandro

“Josué Montello mostra a essência do negro brasileiro”


O Estado – Por que escolheu adaptar o livro
Os Tambores de São Luís para o cinema?
Flávio Leandro – O desejo de adaptar o romance para o cinema partiu do encantamento pelo enredo da trama, apresentado a mim ainda na década de 1990, por dois maranhenses. Em Os Tambores de São Luís, Josué Montello mostra a essência do negro brasileiro, na sua religiosidade e na sua luta pela redenção. Como negro, senti-me atraído pela trama, que evidencia muito da história da minha raça.
O Estado – Como adequar uma grande obra, com centenas de personagens, ao cinema?
Flávio Leandro – Os Tambores de São Luís é uma obra com mais de 400 personagens. É uma adaptação trabalhosa. O roteiro está sendo elaborado de modo a preservar a essência do romance. Para isso, precisamos ser fiéis aos tipos característicos que ilustram o livro. Damião, Benigna, Julião, Barão,Padre Tracajá, Santinha e Genoveva Pia são alguns dos personagens que precisam ser preservados. Há ainda um contingente de figuras que formam a nuance, a atmosfera da trama, do romance histórico.
Por isso se trata de uma grande produção.
O Estado – Como o tema da obra será apropriado pelo cineasta?
Flávio Leandro – O livro dá maior enfoque à religiosidade negra. No filme, vamos dar maior atenção à luta pela liberdade, também presente na obra de Josué Montello. No entanto, vamos recuperar na dramaturgia a essência e a beleza dessa religiosidade. É isso que dá o tom do livro e é isso que falta às obras cinematográficas feitas até agora sobre a escravidão em nosso país.
O Estado – Quais os desafios físicos impostos à produção do filme?
Flávio Leandro – A matiz do romance é a cidade de São Luís e também as florestas, as matas. Na produção audiovisual, os cenários representados pelos casarões, ruas e ruelas serão filmados em São Luís e também em Alcântara. É um projeto dispendioso. Por isso, resolvi colocá-lo em prática nesse momento de minha vida, aos 56 anos, com família e carreira formadas.
O Estado – O senhor critica a falta de participação dos negros no cinema brasileiro. Na sua opinião, como os negros são representados nas produções de audiovisual?
Flávio Leandro – São poucos os diretores negros atuantes e retratando a história do negro brasileiro. O negro sempre foi belo. O que busco com o filme não é retratar a beleza do negro. Quero mostrar a luta e a coragem, que formam a essência da raça. Isso falta às dramaturgias que retratam os negros.

O romance


Os Tambores de São Luís é um romance em duas marchas. Numa delas, a acelerada, o escritor Josué Montello tenta retratar os vários ciclos da História do Maranhão. Na outra marcha, a mais lenta, é que transcorre o texto em si: uma história que conta a saga do negro e o seu martírio sob a escravidão no Brasil. É, portanto, um extraordinário romance humano, ao estilo de uma impressionante novela de mistério, que começa com um episódio imprevisto. Numa velha noite de 1915, quando São Luís ainda era iluminada a gás, o negro Damião, muito bem vestido, sai de casa para a casa da bisneta, do outro lado da cidade, para conhecer seu trineto, que acaba de nascer. Entra num botequim, e ali encontra, à luz do candeeiro, dois homens mortos: um negro com uma facada nas costas, e um branco, assassinado a pauladas. Mesmo com o coração apertado, diante daquelatragédia, resolve de manso para não servir de testemunha. Damião recomeça a sua caminhada à casa da bisneta e, durante o trajeto, os tambores que ressoam da Casa das Negras Minas, como na velocidade da luz, restituem-lhe as raízes africanas, a principio como escravo, depois como homem livre, na luta em favor dos outros pretos. (Texto: Manoel Santos Neto)

2 comentários:

Anônimo disse...

Flávio, tá tudo bem, eis aÍ os telefones do Frederico Machado 98-9122.1423 e os de Murilo Santos: 98-9134.4812 e 3236.8785. Ambos podem ser co-roteiristas, entre em contato pelo 98-8773.7874, mande as correspondência minha e do Renato Dionísio pelo Correio para Rua dos Afogados, 468 - Centro São Luís - Maranhão CEP.: 65010-020, um forte abraço do Nei Melo.

Anônimo disse...

Flávio, bom dia! Mande para mim o e-mail da Elza, não consigo encontrar. Um abraço do Nei Melo.