Pesquisadores avaliam o potencial do Itaqui como porto concentrador de cargas.
Cezar Scanssette
Editor de Portos
Editor de Portos
A ampliação do Canal do Panamá, megaprojeto orçado em US$ 5,25
bilhões e que deve ser concluído em fins de 2014, promete grande desenvolvimento
para o setor portuário brasileiro, em especial do Nordeste, com a criação de hub
ports, isto é, polos de movimentação de cargas para exportação. Nesta
perspectiva, há projetos para os portos do Pecém e Mucuripe (CE), Suape (PE),
Salvador (BA) e Itaqui (MA), que poderão utilizar o Canal do Panamá como via de
acesso ao mercado asiático e expandir as suas linhas de comércio.
O Canal do Panamá, com 81 quilômetros de extensão, liga os
oceanos Atlântico e Pacífico e, atualmente, oferece condições de navegabilidade
apenas para navios da classe Panamax, uma infraestrutura com dimensões limites
de até 305 m de comprimento, 33,5 m de largura e 26 m de profundidade. Com o
projeto de expansão, o canal poderá receber a geração Pós-Panamax, mais
utilizada atualmente pelos armadores internacionais e à qual os portos
brasileiros (assim como no resto do mundo) vêm se adaptando nos últimos
anos.
Neste sentido, o setor portuário do Maranhão encontra-se em
situação privilegiada, pois tem condições de receber a geração Pós-Panamax e até
os gigantescos mineraleiros Valemax, de 365 m de comprimento, 66 m de largura e
capacidade de carga de 390 mil toneladas.
No caso do Maranhão, entende-se o Itaqui como vetor de um
complexo portuário instalado na Baía de São Marcos, que inclui um porto público
organizado e dois terminais de uso privativo (TUP): Ponta da Madeira e Terminal
da Alumar e ainda o desativado Terminal Pesqueiro Porto Grande, que atualmente é
utilizado para operações com barcos de apoio marítimo (offshore). Além disso,
está em andamento um projeto de construção de um TUP na foz do Rio Mearim (que
desemboca na Baía de São Marcos), uma parceria da Vale com o Grupo
Aurizônia.
Pesquisa - Em artigo recentemente publicado na internet,
pesquisadores avaliaram o potencial do Itaqui para a economia do Maranhão. São
eles: Paulo Roberto Ambrosio Rodrigues (mestre em Administração e professor da
Fundação Getúlio Vargas) e Audemir Leuzinger Queiroz (coordenador do curso de
Gestão Portuária do Instituto Laboro de Pós-graduação), ambos ligados à
Universidade Estácio de Sá.
Segundo os pesquisadores, para se tornar um hub port, os
pré-requisitos básicos de um porto são: boa localização geoeconômica, dispor de
bons acessos marítimos e terrestres, calado acima de 14 metros, além de oferecer
altos índices de produtividade. E o Itaqui, concluíram os professores, reúne
todas essas características.
O canal de acesso do Porto do Itaqui possui profundidade natural
mínima de 27 metros e largura aproximada de 1,8 km. Os acessos rodoviários são
de boa qualidade, através da BR-135, que se conecta com toda a região Norte a
outras rodovias federais (BR-316, BR-322, BR-230, BR-226 e BR-010). Os acessos
ferroviários ao porto do Itaqui se dão pela Estrada de Ferro Carajás (809 km) e
Ferrovia Norte-Sul (215 km).
O Porto do Itaqui está situado nas proximidades da linha do
Equador, a partir de onde é possível alcançar rapidamente via marítima os
grandes parceiros comerciais do Brasil situados no hemisfério norte, diz o
artigo.
Além disso, há também o fator da área de influência terrestre do
porto (hinterlândia), no que se refere ao desenvolvimento econômico da região em
que está situado e dos custos do transporte terrestre que faz essas ligações.
Quanto menores são esses custos, mais aumenta a hinterlândia portuária. A título
de exemplo, os fertilizantes descarregados no Porto do Itaqui são destinados aos
estados: Maranhão, Pará, Piauí, Tocantins, Bahia e Mato Grosso.
Agronegócios - Além disso, de acordo com a pesquisa, constata-se
que há inúmeros projetos de agronegócios em diferentes fases de implantação no
sul do Piauí, sul do Maranhão, leste do Pará (em especial no eixo
Marabá/Carajás/São Geraldo do Araguaia), além de diversos pontos do Tocantins,
notadamente voltados para a fruticultura, entre Porto Nacional e Aguiarnópolis.
Há previsão que todos esses novos polos produtores estejam em franca produção
até o final de 2012, ocasião em que já estará concluída a última eclusa de
Tucuruí e outras obras no Rio Tocantins, possibilitando a navegação fluvial
desde Miracema a Porto Franco. Até lá, também já deverão estar em operação os
novos trechos da Ferrovia Norte-Sul, ou seja, Aguiarnópolis/Wanderlândia e
Colinas do Tocantins/Couto Magalhães. A disponibilidade desse conjunto de obras
de infraestrutura provocará a aceleração de outros projetos frutícolas
direcionados à exportação, requerendo o escoamento via portos marítimos.
Ceará pode concorrer como hub port do NE
FORTALEZA - Os investimentos que vêm sendo realizados no setor
portuário brasileiro, desde a criação da Secretaria Especial de Portos (SEP), já
estão sendo feitos com o olho na nova realidade que poderá ser construída com a
abertura do Canal do Panamá. É o que afirma o presidente da Companhia Docas do
Ceará (CDC), Paulo André Holanda, que administra o Porto do Mucuripe. Segundo
ele, os portos do Ceará estão se credenciando para tornarem-se grandes
concentradores de carga no Nordeste, ou hub ports, de acordo com jornais
cearenses e também site especializados no setor portuário.
"Essa grande obra da expansão do Canal do Panamá vai trazer
impactos muito positivos principalmente para os portos do Nordeste. Com a
criação da SEP, muitos investimentos foram e estão sendo feitos na área
portuária, então esses portos do Nordeste que até então estavam, vamos dizer,
com falta de investimentos, estão fazendo grandes reformas, como a dragagem,
aumentando a profundidade da sua bacia, aumentando o VTMS [Vessel Traffic
Management System], que é o gerenciamento do monitoramento de tráficos de
navios", aponta Holanda.
Mais
Em conclusão, os pesquisadores afirmam no artigo que a
perspectiva de o Porto de Itaqui vir a se caracterizar como hub port representa
um vetor de alavancagem para a economia regional, com reflexos no comércio e na
prestação de serviços, amplificando a geração de receitas tributárias, tanto
para o estado quanto para o município, criando uma grande quantidade de empregos
diretos e indiretos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário