sábado, 22 de janeiro de 2011

São Luís foi a cidade brasileira que registrou o maior acumulado de chuva em um único dia

 

Cidades de São Luís e Nova Friburgo aparecem no topo da lista. Acumulados foram registrados pelo Inmet de 1 de dezembro a 18 de janeiro.

Nathália Duarte Do G1, em São Paulo

Maiores acumulados de chuva em um dia*
 MilímetrosEstaçãoDataRecorde histórico na cidade
187,8São Luís (MA)08/01210 mm - fev/1987
182,8Nova Friburgo (RJ)12/01182,8 mm - jan/2011
164,8Porto Nacional (TO)11/01164,8 mm - jan/2011
160General Carneiro (PR)16/01160 mm - jan/2011
158,2Matupá (MT)17/01177,2 mm - mar/2006
154,9Turiaçu (MA)08/01218,2 mm - mar/2008
147,1Aragarças (GO)02/01179,2 mm - mar/1974
142,6Bambuí (MG)07/01177,6 mm - fev/1983
139,8Itapira (SP)03/01139,8 mm - jan/2011
10º138,8Piripiri (PI)18/12168,5 mm - 26/01/2005
Fonte: Inmet
* dados de 01/12/2010 a 18/01/2011
 A capital maranhense, São Luís, foi a cidade brasileira que registrou o maior acumulado de chuva em um único dia, nos últimos dois meses, com índice de 187,8 milímetros, em 8 de janeiro. O maior acumulado em um dia já registrado na cidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ocorreu em fevereiro de 1987, com 210 milímetros.
Em segundo lugar no ranking dos maiores acumulados de chuva em um dia aparece a cidade de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. O município foi o mais afetado pelos temporais e deslizamentos que atingiram a região neste início de ano, e registrou mais de 300 mortos. Em toda a região, mais de 760 pessoas morreram vítimas das chuvas. Em Nova Friburgo, no dia 12 de janeiro, o acumulado foi de 182,8 milímetros, o maior índice da história da cidade, segundo o Inmet.
As medições do Inmet consideraram o acumulado de chuva da 0h à meia-noite do dia 12 de janeiro. Já o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), totalizou, em 24 horas, 249 milímetros em Nova Friburgo.  O Inea esclarece que a medição foi feita das 20h do dia 11 até o mesmo horário do dia 12 de janeiro, já que o pico de chuva na cidade foi registrado após meia-noite do dia 11.
O recorde anterior de acumulado de chuva em Friburgo, em um dia, segundo o Inmet, era de janeiro de 1964, quando choveu um total de 113 milímetros.
Os dados levantados pelo Inmet a pedido do G1 são referentes ao período de 1º de dezembro de 2010 a 18 de janeiro deste ano. Os acumulados registrados levam em conta informações coletadas em estações meteorológicas convencionais e automáticas. (veja ranking acima)
saiba mais
De acordo com o meteorologista Luiz Cavalcanti, do Inmet, os acumulados de chuva em um único dia são significativos porque representam maior risco de alagamentos e prejuízos. “Os acumulados mensais são importantes para análise, mas a chuva pode ser distribuída em muitos dias, então não costuma causar tantos prejuízos. Os dados que devem ser observados com atenção, como alerta, são os acumulados diários”, diz ao G1.
Além de Nova Friburgo, os acumulados em um único dia nas cidades de Porto Nacional (TO) – 164,8 milímetros; General Carneiro (PR) – 160 milímetros; e Itapira (SP) – 139,8 milímetros são, segundo o Inmet, os maiores já registrados nas cidades. Vale ressaltar, no entanto, que as estações de Itapira e de General Carneiro foram inauguradas recentemente, em 2007 e 2008, respectivamente, contando com um período extremamente curto de série histórica.

Pluviômetro artesanal é usado para evitar tragédias em encostas de São Luís
 
Pluviômetro artesanal é usado para evitar tragédias
em encostas de São Luís (Foto: Divulgação/Defesa
Civil de São Luís)
 
Sistema alternativo de alerta

Primeira colocada no ranking das cidades com maior acumulado de chuva em um único dia, São Luís não sofreu os mesmos prejuízos registrados em Nova Friburgo, neste ínicio de ano. Segundo a Defesa Civil Municipal da capital maranhense, as diferenças de topografia com relação à Região Serrana do Rio de Janeiro são as principais responsáveis pela disparidade nos cenários.
Além disso, nas áreas de encosta de São Luís, um sistema alternativo de alerta tem ajudado a Defesa Civil a evitar tragédias. "Nós distribuímos pluviômetros artesanais em algumas residências de comunidades em áreas de risco. Com o equipamento, feito com uma régua e uma garrafa PET, a população é capaz de observar o nível da água em caso de chuvas e avisar nossas equipes. Nossos homens então seguem até o local e avaliam se há a necessidade de deslocamento das famílias da região", diz Luiz Carlos Magalhães, coordenador da Defesa Civil Municipal.
Estações chuvosas
Apesar de significativos, os índices de chuva registrados no ranking e do Inmet estão dentro do esperado pela climatologia. No extremo norte da Região Norte e parte do norte do Nordeste, por exemplo, o início do ano é um período bastante chuvoso, com picos de chuvas entre janeiro, fevereiro e março.
O primeiro trimestre do ano também é considerado o mais chuvoso em estados do Sudeste e Centro-Oeste, segundo a meteorologista Ariane Frassoni, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe).
"No Sudeste, a estação chuvosa começa, em geral, no fim de outubro e segue até fevereiro. Os picos são observados em dezembro, janeiro e fevereiro. No Centro-Oeste, os maiores acumulados também são previstos entre dezembro e janeiro", afirma Ariane.
A Região Sul, de acordo com a meteorologista, não possui estações de chuva e seca definidas. "É uma área em que chove regularmente ao longo de todo o ano, e é uma região afetada por fenômenos de grande escala, como o La Niña, por isso neste ano há o registro de estiagem. No Paraná, no entanto, o clima pode sofrer influência do Sudeste", diz.
Na Região Nordeste, a estação chuvosa começa, em geral, em fevereiro, com picos em março, abril e maio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Qualquer atitude visando a prevenção de trajédias é lovável assim parabéns à Defesa Civil de São Luiz; Mas apesar da garrafa PET ter se difundido como uma alternativa de controle em comunidades carentes, só gostaria de informar que há pluviometros em cristal resistente a UV, com valores (no varejo) variando de 11,00 a 16,0 reais a unidade, que se adquiridos em volumes maiores certamente teriam um preço ainda menor.
Agora o que vejo nessa área preventiva, é um esforço brutal local (tentando o que dá e o que não dá com os poucos centavos, raro treinamento e escasso equipamento (humano e material) que recebe) mas, sem que ocorra repasse de verbas e equipamentos "dignos" que poderiam dar ao caso um ar de mais profissional, mais sério, mas ... pelo menos nos resta usar uma simples e despadronizada PET.